Filme The Matrix: resumo, análise e explicação


Carolina Marcello
Carolina Marcello
Mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes

The Matrix é um filme de ficção científica e ação dirigido pelas irmãs Lilly e Lana Wachowski e lançado em 1999. A obra se tornou um ícone dentro do mundo cyberpunk, subgênero de ficção científica que se caracteriza pelo avanço da tecnologia e a precariedade da vida.

O longa-metragem originou uma franquia de grande sucesso; inicialmente, tratava-se de uma trilogia composta por The Matrix (1999), Matrix Reloaded (2003) e Matrix Revolutions (2003).

Já o lançamento de Matrix Resurrections, em dezembro de 2021, conquistou novas gerações de fãs para a saga cinematográfica.

Resumo do filme

The Matrix acompanha a aventura de Neo, um jovem hacker que é chamado para o movimento de resistência liderado por Morpheus, na luta contra a dominação dos humanos pelas máquinas. Morpheus lhe oferece dois comprimidos de cores diferentes: com um continuará na ilusão, com outro descobrirá a verdade.

O protagonista escolhe o comprimido vermelho e acorda em uma cápsula, descobrindo que a raça humana está dominada pelas inteligências artificiais, presa num programa de computador, servindo apenas como fonte de energia. Neo descobre que a resistência acredita que ele é o Escolhido, um Messias que virá libertar a humanidade da escravidão da Matrix.

Embora duvide do seu destino ao longo de todo o percurso, aprende a contornar as regras da simulação. Acaba conseguindo salvar Morpheus que tinha sido sequestrado e derrotar o Agente Smith depois de um duelo onde prova o seu valor como guerreiro e confirma que é o Escolhido.

Personagens e elenco

Neo (Keanu Reeves)

Neo

Informático durante o dia, Thomas A. Anderson esconde um segredo: de noite trabalha como hacker usando o nome Neo. É contactado por Morpheus e Trinity, descobrindo a verdade da Matrix. A partir daí, ele descobre que é o Escolhido, alguém que virá a salvar a Humanidade da simulação. Embora demore para tomar consciência do seu papel, acaba dominando os seus poderes e liderando o grupo.

Morpheus (Laurence Fishburne)

Morpheus

Morpheus é o líder da resistência humana contra a dominação das máquinas. Por ter "despertado" há muitos anos, conhece os truques da simulação e tem a certeza de que encontrará o Escolhido. Como um verdadeiro mestre, procura guiar Neo ao longo de toda a narrativa.

Trinity (Carrie-Anne Moss)

Trinity

Trinity é uma hacker famosa da resistência que parte em busca de Neo através da Matrix. Embora os agentes a subestimem por acharem que aparenta ser frágil, Trinity consegue escapar deles e derrotá-los diversas vezes. Acompanha Neo na missão de salvar Morpheus, arriscando a própria vida. Sua fé e amor inabaláveis no protagonista são aquilo que consegue reerguê-lo no final.

Agente Smith (Hugo Weaving)

Agente Smith

Agente Smith representa a autoridade na Matrix: a sua responsabilidade é manter a ordem e neutralizar a ação da resistência. Sendo parte de um programa de computador, possui capacidades que o tornam um inimigo quase impossível de derrotar. Embora não seja humano, exprime emoções como raiva e desespero.

O Oráculo (Gloria Foster)

Oraculo

O Oráculo é uma mulher que, segundo Morpheus, está com a resistência "desde o começo". Seus poderes de clarividência permitem que adivinhe o futuro de seus companheiros, profetizando que Morpheus vai encontrar o Escolhido e que Trinity vai se apaixonar por ele. Quando recebe a visita de Neo, o Oráculo fala aquilo que o protagonista precisa ouvir para cumprir o seu destino.

Cypher (Joe Pantoliano)

Cypher

Cypher faz parte do movimento da resistência, mas odeia as durezas da vida real e tem ressentimento de Morpheus, que lhe mostrou a verdade mesmo sabendo que não poderia voltar atrás. Aceita a proposta do Agente Smith e trai o líder, entregando a sua localização em troca do regresso à ignorância na Matrix.

Análise do filme

Intrigante e perturbador, o filme das irmãs Wachowski marcou a época, não só pelos efeitos especiais e cenas de luta coreografadas na perfeição mas, principalmente, pela sua temática.

The Matrix é uma distopia, ou seja, uma narrativa passada em um universo opressivo, totalitário, onde o indivíduo não tem liberdade nem controle sobre si mesmo. Na obra, a humanidade está aprisionada por uma simulação, embora não tenha consciência disso. Essa realidade virtual, chamada "A Matriz" (o modelo), foi criada pelas máquinas para manter a população humana sob seu domínio e sugar a sua energia.

O filme tem uma componente de crítica à sociedade contemporânea, exacerbando os seus defeitos como uma lente de aumento. Lançado em 1999, nas vésperas do tão temido "bug do milênio" que nunca aconteceu, The Matrix exprime as preocupações e angústias de uma sociedade em plena transformação.

Durante a década de 90, a venda de computadores aumentou de forma considerável nos países mais desenvolvidos e o acesso à internet se tornou parte do cotidiano de grande parte da população. A entrada nesse novo mundo, aliada ao progresso tecnológico galopante, veio abrir questionamentos acerca do futuro da humanidade.

No filme, os humanos se tornaram tão dependentes das máquinas que acabaram sendo subjugados por elas, virando meras "pilhas" que geram energia para alimentá-las. Pior ainda: a sua alienação é tanta que não reparam que vivem presos.

Siga o Coelho Branco

Desde o começo do filme, são várias as referências a Alice no País das Maravilhas (1865), obra infantil de Lewis Carroll. Tal como a protagonista da história, Neo está entediado com a sua vida e o mundo que o rodeia. Talvez por isso trabalhe durante a noite como hacker, cometendo pequenos crimes informáticos a troco de dinheiro.

O hacker está exausto, dormindo em cima do teclado, quando é acordado por duas mensagens que aparecem na sua tela. A primeira ordena que acorde e a segunda recomenda que "siga o coelho branco". No mesmo momento, batem na porta de sua casa: são Choi e Dujour, um casal de conhecidos, acompanhados por alguns amigos, que vieram pedir um serviço.

Tatuagem do coelho branco

Na despedida, Neo repara que a mulher tem um coelho branco tatuado no ombro e, por isso, aceita o convite deles para uma festa. Lá, conhece Trinity e conversam pela primeira vez sobre Morpheus e a Matrix. Embora não imagine o que está do lado de lá, ele está procurando e sendo procurado.

É pela sua curiosidade que é comparado a Alice: ambos são motivados pela existência de um mistério e a possibilidade de uma realidade nova e totalmente diferente. Assim como a protagonista da história, o hacker decide seguir o coelho branco para ver o que existe mais.

Os nomes Choi e Dujour podem ser traduzidos por "Escolha do Dia", algo que parece sublinhar que, por muito que o caminho possa ser apontado, ele é determinado pelas nossas opções, o nosso poder de escolha.

Quando finalmente Neo conhece Morpheus, o mestre o compara à heroína de Carroll, confirmando que está prestes a conhecer um novo mundo que vai desconstruir todas as suas crenças:

Você deve estar se sentindo como Alice no País das Maravilhas, descendo a toca do coelho.

Azul ou Vermelho?

Logo que se encontram, Morpheus começa por dizer que tem procurado por ele e sabe que Neo também vivia numa busca constante: "Você está aqui porque sabe algo, sente algo errado no mundo, como uma farpa no seu cérebro, te enlouquecendo". Com suas suspeitas confirmadas, não hesita em colocar a questão que o tem atormentado: "O que é a Matrix?".

A resposta chega em jeito de enigma: é "um mundo colocado diante de seus olhos para te esconder a verdade". Aquilo que Morpheus lhe oferece é o acesso à realidade, ao verdadeiro conhecimento, mas avisa que o percurso depende inteiramente da vontade de Neo. O protagonista insiste em saber qual é a verdade que tem sido escondida dele.

Que você é um escravo, nasceu preso numa prisão que não sente, feita para a sua mente. É algo que eu não posso te contar, você tem que ver.

Morpheus sabe que não pode, e nem valeria a pena, narrar tudo o que está acontecendo "do outro lado". Pelo contrário, cada indivíduo precisa ver com seus próprios olhos para chegar às suas conclusões. Consciente da dificuldade da vida na resistência, e do processo doloroso de "despertar", não impõe a informação a ninguém.

Em vez disso, tem à sua disposição dois comprimidos que conduzirão Neo a destinos diferentes, dependendo da escolha que fizer. Sublinha ainda que se trata de um ponto de viragem, que aquele é um caminho sem volta.

Mãos de Morpheus segurando os comprimidos.

Se tomar o azul, a história termina e você acorda na sua cama, achando que foi um sonho. Se tomar o vermelho você fica no País das Maravilhas e eu te mostro até onde vai a toca do coelho.

É interessante reparar na simbologia das cores escolhidas para os comprimidos. O comprimido que levará as pessoas de volta para a simulação é azul, cor associada à calma, à paz e à tranquilidade. Já o comprimido que faz acordar é vermelho, tonalidade que sugere paixão e energia.

Neo olhando o comprimido vermelho

Vermelho também é a cor dos sapatos de Dorothy, protagonista do célebre filme O Mágico de Oz (1939), inspirado na obra de L. Frank Baum. Assim como Alice, Dorothy também foi projetada para um mundo desconhecido quando um tornado a levou do Kansas para a terra fantástica de Oz. Lá, descobre que o Grande Feiticeiro é, na realidade, um homem comum que usava as tecnologias para enganar os habitantes.

Depois de tomar o comprimido vermelho, Neo é levado para o laboratório da resistência, onde começam a prendê-lo a várias máquinas. Um dos membros da equipe diz, brincando:

Aperte o cinto, Dorothy, e se despeça do Texas!

O comprimido permite encontrar a verdadeira localização do corpo de Neo e despertá-lo, fazendo com que saia da simulação e possa ver, pela primeira vez, a realidade. Enquanto espera os efeitos, assiste o mundo em seu redor se transformando.

Quando se olha ao espelho, a superfície parecer rachar de repente. O material se torna maleável, quase líquido e começa a subir pelo seu braço, até tomar conta do seu corpo totalmente.

Neo entra em pânico, sentindo o corpo gelado e perdendo os sentidos. No filme, assim como em Alice do Outro Lado do Espelho (1871) e outras narrativas fantásticas, o espelho parece ter algum tipo de poder mágico, servindo de portal que une dois mundos diferentes.

Cena do espelho se desfazendo.

Durante a experiência, Morpheus continua procurando guiá-lo com o seu discurso. Como se o preparasse imediatamente antes da "viagem", pergunta se alguma vez teve um sonho que poderia jurar que era real. Em seguida, questiona:

Se não conseguisse acordar desse sonho nunca, saberia a diferença entre o sonho e a realidade?

Neo acorda desesperado, preso em uma cápsula com tubos atravessando o seu corpo. Está magro, fraco, como se seus músculos estivessem atrofiados. Percebe que, em volta, existem incontáveis cápsulas iguais com seres humanos lá dentro. Finalmente, saiu da simulação e chegou ao outro lado.

Neo acordando em uma capsula.

Os dois mundos são mostrados, no filme, com filtros de cores diferentes que ajudam o espectador a perceber onde as cenas decorrem. Enquanto o mundo real surge com uma tonalidade azulada, aquilo que acontece na Matrix tem sempre um tom verde.

Essa é a cor dos códigos informáticos que apareciam nos computadores, dos carácteres que compõe a simulação. O azul e o verde, sendo cores frias, parecem remeter para a falta de luz solar, de claridade e calor.

Bem-vindo ao deserto do real

A adaptação de Neo ao mundo fora da Matrix é lenta. Os músculos do seu corpo não estão desenvolvidos e a consciência não está conseguindo processar todas as informações que recebeu depois de ser resgatado.

Quando pensa que ele está pronto, o líder leva Neo para um laboratório onde a equipe se reúne. Lá, o manda sentar numa cadeira, lhe entregando um visor para os seus olhos. Antes que o jovem volte a experimentar uma realidade virtual, avisa: "Isso vai ser um pouco estranho".

Neo sente uma dor de cabeça forte e desmaia. Acorda com Morpheus numa sala totalmente branca e vazia. O "mestre" começa a fazer aparecer objetos no espaço, como uma televisão e duas poltronas. Pode, então, lhe mostrar imagens do que aconteceu e contar a verdadeira história.

Neo e Morpheus na sala branca da Matrix.

Explica que estão no ano de 2199, embora na simulação corra o ano de 1999. A humanidade vivia em harmonia até criar inteligências artificiais, formando uma raça de máquinas que declarou guerra aos seus criadores. Como as máquinas dependiam da energia solar, os humanos atacaram o céu com químicos, causando o tempo cinzento e a tempestade constante.

O calor humano virou a fonte de energia desses robôs e as pessoas começaram a ser "plantadas" em grandes campos. Enquanto estão presas e são alimentada por tubos, sua mente está distraída com um mundo gerado por computadores, feito para enganá-las e controlá-las.

Neo percebe que estão participando de um programa da resistência que pretende imitar a Matrix. A sua aparência voltou ao "normal" aqui: não tem mais um buraco na cabeça, está usando as roupas de antigamente. Trata-se da sua auto-imagem residual, a forma como cada um pensa, projeta ou lembra de si mesmo, ainda que não corresponda à realidade.

Morpheus avança com o seu discurso, fazendo perguntas extremamente profundas e difíceis de responder, como "O que é o real?". Sublinha que aquilo que podemos apreender através dos sentidos está dependente de "sinais elétricos interpretados pelo cérebro". Assim, levanta uma questão que assombra os espectadores do filme: não temos como saber verdadeiramente se aquilo que vivemos é ou não real.

Você esteve vivendo num mundo de sonhos, Neo. Este é o mundo como ele é hoje: ruínas, tempestades, escuridão. Bem-vindo ao deserto do real!

É então que o protagonista parece ter consciência das dificuldades da vida lá fora. Por um momento se recusa a acreditar e entra em pânico, tentando se soltar da máquina, e desmaiando. A sua reação parece espelhar a angústia da humanidade perante a falência das certezas. Os anos oitenta do século XX integraram um período sociocultural conhecido como pós-modernidade, ou seja, aquilo que surgiu depois da era moderna.

Marcada pelo final da Guerra Fria, a queda da União Soviética e a crise ideológica que se instaurou, a época se traduz num abandono da razão incontestável e da busca do conhecimento absoluto.

Ao mesmo tempo, questionando "verdades universais", abre espaço para novos valores e novas formas de encarar o mundo. O mesmo período também ficou marcado pelo forte desenvolvimento tecnológico e digital e a comunicação em rede através da internet, o que veio trazer novos paradigmas e questionamentos.

Em 1981, Jean Baudrillard publicou a obra Simulacros e Simulação, um tratado filosófico onde defende que vivemos em uma sociedade onde os símbolos, representações abstratas de alguma coisa, se tornaram mais importantes do que a realidade concreta.

Livro Simulacro e Simulação

Assim, estaríamos vivendo sob o domínio do simulacro, uma cópia da realidade que se tornaria mais atraente do que a própria verdade. A obra parece ter sido uma grande inspiração para o filme, surgindo no quarto de Neo no começo da narrativa e servindo de indício para a sua aventura.

Se colocar estas possibilidades pode ser desconcertante, viver no movimento da resistência parece exaustivo. Por um lado, podemos ver que a verdade liberta estes indivíduos. A partir do momento que ganham consciência de estar numa simulação, podem tentar controlá-la, mudar as suas regras, subverter aquele mundo e usar a sua plasticidade contra ele.

É isso que Morpheus parece transmitir ao seu protegido, quando o desafia para lutar pela primeira vez:

As regras na Matrix são como regras de um sistema de computador: algumas podem ser contornadas, outras podem ser quebradas. Entende?

Se torna visível, deste modo, o poder revolucionário que existe nesse "despertar", capaz de destruir mas também de construir. Por outro lado, é inegável o sacrifício que esse caminho obriga. Além da pobreza e da escassez de recursos, implica perseguição e perigo constantes, por representar uma ameaça ao sistema vigente. É por isso que Cypher, membro da equipe, resolve denunciar o seu líder ao Agente Smith em troca de voltar para a simulação.

Cypher comendo um bife

Declarando que está cansado da guerra, da fome e da miséria, conversa com Smith enquanto come um bife suculento e assume o seu desejo de regressar à Matrix. Mesmo sabendo que nada daquilo é real, escolhe a mentira confortável e a inconsciência, porque acredita que "a ignorância é uma benção".

Deste modo, Cypher representa a alienação, a desistência, o final do livre arbítrio e a total aceitação do simulacro:

Eu acho que a Matrix pode ser mais real do que o mundo.

Os seres humanos são uma doença

É através do Agente Smith que podemos conhecer a impressão que as máquinas têm da raça humana, sua inimiga. Mais do que ódio, sente desprezo pela humanidade, por acreditar que ela depende "da miséria e do sofrimento". Quando interroga Morpheus, depois de o sequestrar, conta que a primeira simulação falhou pela ausência de dor:

A primeira Matrix foi criada para ser um mundo humano perfeito onde ninguém sofresse e todos pudessem ser felizes. Foi um desastre. Ninguém aceitava o programa.

Refletindo sobre a evolução, compara o ser humano a um "dinossauro" porque está prestes a ser extinto, anunciando que "o futuro é o nosso mundo". Aposta ainda que os humanos causaram a própria ruína da sua espécie e, pior ainda, a devastação do planeta.

Morpheus e Smith

Todos os mamíferos neste planeta desenvolvem instintivamente um equilíbrio com a natureza em redor. Mas vocês, humanos, não. Vocês se mudam para uma área e se multiplicam até que todos os recursos naturais sejam consumidos. O único modo que vocês sobrevivem é se espalhando para uma outra área. Existe outro organismo neste planeta que segue o mesmo padrão. Sabe o que é? Um vírus. Os seres humanos são uma doença. O câncer deste planeta. Vocês são uma praga. E nós somos a cura.

Um dos aspectos interessantes do filme é o fato de nos levar a refletir sobre a nossa conduta enquanto espécie. Embora a resistência surja simbolizando o bem, a libertação da espécie humana, o discurso de Smith aponta os efeitos devastadores que a nossa espécie deixou na Terra. Assim, a narrativa ajuda a relativizar essa divisão positivista entre o bem e o mal.

Isso também se torna notório em alguns momentos do interrogatório, quando Smith exprime emoções semelhantes às humanas, transmitindo sentimentos como raiva, frustração e cansaço. Nessa passagem, parece tênue a linha que separa a humanidade das inteligências artificiais que ela criou, à sua imagem. Ao mesmo tempo, o comportamento dos indivíduos presos na simulação é comparável ao de robôs que cumprem a sua função sem sequer perceber que estão sendo explorados.

Quando está mostrando a simulação pela primeira vez ao jovem, Morpheus sublinha que as pessoas que estão alienadas são uma ameaça tão grande quanto os próprios agentes.

A Matrix é um sistema, Neo. Esse sistema é nosso inimigo. Mas quando você está dentro dele, o que você vê? Homens de negócios, professores, advogados, carpinteiros. As próprias mentes das pessoas que estamos tentando salvar; mas até o fazermos, essas pessoas são parte desse sistema e isso as torna nossas inimigas. Você tem que entender que a maior parte das pessoas não estão preparadas para ser desligadas. E muitas estão tão inertes, tão desesperadamente dependentes do sistema que vão lutar por protegê-lo.

Ou seja, para a resistência os outros humanos continuam representando perigo, já que se alguém "não é um de nós, é um deles". Nesse sentido, conhecer a verdade os torna ainda mais solitários, afastados da própria espécie. Enquanto atravessam a rua, no sentido contrário da multidão, Morpheus o avisa para ter cuidado com os outros, como se adivinhasse a traição que iria sofrer pouco tempo depois.

Uma questão de fé

Embora espelhe aquilo que a nossa sociedade tem de pior, The Matrix também mostra valores redentores como a esperança, o sacrifício em nome do bem comum e a luta pela liberdade. Ao longo de todo o filme, podemos reparar na presença de simbologias religiosas bastante evidentes e conhecidas do público.

A resistência espera um Messias, alguém que chegará para salvar a espécie humana. Neo, "o Escolhido", seria Jesus (Filho) e junto com Morpheus (Pai) e com Trinity (Espírito Santo) parece formar uma espécie de Santíssima Trindade, como na religião católica. Embora o jovem seja o protagonista, suas ações funcionam em conjunto com o resto do trio, com lealdade incontestável e total fé uns nos outros.

Trinity, Morpheus e Neo

Os nomes dos personagens também apontam nesse sentido de predestinação divina. Trinity significa "trindade", Morfeu era o deus da mitologia grega que governava os sonhos. Já Neo, em grego significa "novo", podendo também ser um anagrama com a palavra "one" ("escolhido").

Essa carga simbólica é ainda confirmada pelo nome do local onde a raça humana conseguiu se esconder e resistir, Zion, ou Sião, modo como era conhecida a cidade de Jerusalém.

Cypher, que seria Judas, atraiçoou os seus companheiros e, desafiando os céus, ameaçou matar o corpo de Neo enquanto a sua mente estava na Matrix:

Se ele for o Escolhido, vai ter que haver algum tipo de milagre que me pare agora...

Logo em seguida, um dos membros da equipe que parecia já estar morto, consegue levantar e disparar contra Cypher. Mais à frente, assim como Jesus, Neo morre, ressuscita e ascende aos céus. Embora só aí surja a confirmação, o filme dá várias pistas do caráter messiânico do protagonista. É curioso notar que, quando ainda trabalhava como hacker, Choi lhe agradece o serviço, dizendo: "Você é meu salvador, cara. Meu Jesus Cristo".

Para resgatar o amigo, Neo decide tomar as rédeas da sua vida, revelando a Trinity que está sendo conduzido pela fé. É graças a isso que consegue superar o medo e não se importa de se sacrificar:

Morpheus acredita numa coisa e está disposto a morrer por ela. Agora eu entendo, porque eu também acredito.

Conhece-te a ti mesmo

No passado, existia um homem que mesmo tendo nascido dentro da simulação, conseguia controlá-la. Foi o responsável por "despertar" os outros companheiros e começar o movimento da resistência. Quando ele morreu, o Oráculo, mulher de aparência comum que consegue ver o futuro, profetizou que alguém viria para libertar a raça humana.

Morpheus conta a história para o hacker, depois de o resgatar, avisando: "Acredito que a procura terminou". Mesmo quando outros membros da equipe duvidam, o líder mantém a crença inabalável de que encontrou "o Escolhido". Quando o leva para conhecer o Oráculo, explica que ela o ajudará a "encontrar um caminho".

Na sala da casa estão várias pessoas, de todas as idades, esperando para saber se alguma delas é o tal Messias. Todos parecem conseguir fazer alguma espécie de "truque" que desafia as leis da Matrix, mostrando o seu potencial de transformação. Entre eles está um menino, com vestes que lembram um monge budista, dobrando uma colher de metal com a força do pensamento. O menino tenta explicar a façanha e acaba ensinando uma lição muito importante para o protagonista.

Menino dobrando a colher

Não tente dobrar a colher, isso é impossível. Tente perceber a verdade: não existe colher nenhuma. Aí você verá que não é a colher que dobra. É você.

Ou seja, depois de ganharem consciência de que estão vivendo em um mundo simulado, os indivíduos podem conseguir transformar a realidade à sua volta.

Quando finalmente é chamado para a cozinha, onde o Oráculo está fazendo biscoitos, Neo confessa que não sabe se é ou não "o Escolhido". Ela lhe responde apontando para uma placa que está sobre a porta, com a inscrição "temet nosce", um aforismo grego que significa "conhece-te a ti mesmo".

Plana na casa do Oraculo

Vou te contar um segredinho: ser o Escolhido é como estar apaixonado. Ninguém pode te dizer que você está apaixonado, você simplesmente sabe.

O Oráculo examina seus olhos, ouvidos, boca e palmas das mãos. Rapidamente, Neo conclui que a resposta é negativa: "Eu não sou o Escolhido". A mulher lhe diz que lamenta e que, embora ele tenha o dom, "parece que está esperando por outra pessoa". Remata afirmando que na "próxima vida, talvez", e o avisa que Morpheus acredita tão cegamente em Neo que vai morrer para salvá-lo.

Embora anuncie esse futuro trágico, o Oráculo não o dá como fato consumado, explicando que o protagonista pode dar a sua vida para salvar a do líder.

Neo e O Oráculo.

Mais uma vez, destino e livre arbítrio parecem se misturar no filme e o Oráculo se despede lembrando: "Você tem o controle da sua vida". Assim, embora Neo pareça escutar um "não", na verdade o Oráculo apenas lhe diz que tudo depende da vontade do protagonista.

Mesmo tendo o dom necessário, precisa conhecer os seus poderes e acreditar em si mesmo, para que algo possa acontecer. Neo só poderá ser "o Escolhido" se o quiser verdadeiramente e tiver fé nas suas capacidades. Para isso, primeiro tem que se convencer de que é capaz de cumprir a tarefa que lhe foi destinada.

Essa é também a mensagem que Morpheus tenta transmitir ao seu aprendiz, em vários momentos do filme. Quando estão no programa de saltos, lhe conta o truque para dominar a Matrix:

Você tem que se libertar de tudo: o medo, a dúvida, a desconfiança. Liberte a sua mente.

A equipe assiste ao salto de Neo, ansiosa para saber se ele é mesmo o salvador. Quando ele falha, parecem desiludidos, mas Morpheus continua acreditando. Logo depois, desafia "o Escolhido" para um duelo, com a intenção de o ajudar a desbloquear os seus poderes.

Luta entre Morpheus e Neo.

Você é mais rápido do que isso. Não ache que é, saiba que é.

A chave para o sucesso de Neo reside no autoconhecimento. No começo do filme, quando está no escritório e descobre que está sendo perseguido por agentes, podemos escutar o seu monólogo interior: "Por quê eu? O que é que eu fiz? Eu não sou ninguém".

É curioso perceber que antes de "seguir o coelho branco", Neo já tinha uma aptidão natural para quebrar as regras. Durante a narrativa, vai se tornando gradualmente mais confiante na sua importância para o movimento da resistência e o futuro da humanidade.

Trinity e Neo

A relação entre Trinity e Neo parece existir mesmo antes das personagens se conhecerem. Na primeira cena do filme, enquanto conversam no telefone, Cypher insinua que ela gosta de vigiar "o Escolhido". Logo em seguida, a ligação é rastreada e vários policiais invadem o local, rodeando Trinity.

Ela protagoniza a primeira luta que assistimos, derrotando todos os adversários em meros segundo, com golpes que desafiam as leis da gravidade. Quando o agente Smith aparece, o chefe da polícia diz que conseguem dar conta "de uma garotinha", ao que ele responde: "seus homens já estão mortos".

Trinity lutando contra policial.

Assim, Trinity quebra papéis de gênero ultrapassados, não só com os seus dotes marciais mas também porque domina o mundo da tecnologia. É o braço direito de Morpheus, a responsável por vigiar Neo e levá-lo até ao líder.

Quando se conhecem, na festa, ela revela: "Sei muito sobre você". Neo, por outro lado, reconhece o nome de Trinity, uma hacker muito famosa, mas confessa que achava que era um homem, confirmando que o mundo da programação era ainda dominado pelo gênero masculino.

Quando Neo resolve arriscar a própria vida para salvar a de Morpheus, a hacker insiste em participar do salvamento, lembrando que é uma peça fundamental na missão: "Você precisa da minha ajuda".

Trinity e Neo

Guiada pela fé em Neo e lealdade a Morpheus, invade o edifício ao lado do companheiro e lutam juntos contra incontáveis inimigos.

Trinity acaba dirigindo o helicóptero que salva o líder e ambos conseguem atender os telefones a tempo e sair da Matrix, mas Neo fica preso e tem que lutar contra Smith.

A princípio, Smith consegue espancar o protagonista e Trinity, na nave da resistência, fica cuidando do seu corpo. Quando Neo fica sem fôlego e o seu coração para de bater, ela se declara, revelando que o Oráculo previu que amaria "o Escolhido".

trinity cuidando de neo

Ordenando que se levante, confirma a sua predestinação divina: "O Oráculo só te falou aquilo que você precisava escutar". Nesse momento, seu coração volta a bater, Neo acorda e beija Trinity.

Durante toda a narrativa o protagonista vai construindo lentamente a sua autoconfiança. Contudo, é o amor da agente da resistência parece ser o estímulo necessário para fazê-lo voltar à vida e cumprir o seu destino.

Vitória da resistência

Assim que começa a treinar o seu protegido, Morpheus avisa que um dia ele terá de lutar contra os agentes da Matrix. Admite que todos que tentaram foram assassinados, mas garante que Neo vai conseguir: "onde eles falharam, você terá sucesso".

A força e velocidade deles ainda são baseadas num mundo construído por regras. Por causa disso, eles nunca serão tão fortes ou rápidos como você pode ser.

O trunfo de Neo é, então, a coragem humana, a capacidade de quebrar as normas e desafiar a lógica. Quando sabe que o mestre foi sequestrado, resolve arriscar e entrar na Matrix com malas cheias de armas. A companheira adverte que nunca ninguém fez isso antes e ele lhe responde: "por isso é que vai funcionar".

Enquanto se penduram nos cabos de um elevador para fugir de uma explosão, Neo lembra da casa do Oráculo e repete "A colher não existe!" para lembrar que tudo não passa de uma simulação. Aos poucos, enquanto luta contra os adversários que vão surgindo, vai se tornando cada vez mais rápido e eficiente. Trinity comenta: "Você se mexe rápido como eles. Nunca vi ninguém se mexer tão rápido".

Morpheus consegue se libertar.

As próprias palavras do trio parecem ter alguma espécie de poder. Durante o resgate, quando o protagonista grita "Morpheus, se levante!", o líder revira os olhos como se convocasse toda a sua força e consegue quebrar as algemas. Depois, quando Neo parece ter morrido, são também as palavras da companheira que o fazer reerguer.

Quando consegue se levantar na Matrix, os agentes começam a disparar na sua direção. Ele apenas ergue a sua mão, fazendo com que as balas fiquem suspensas no ar. É o momento de consagração de Neo enquanto "Escolhido", no qual se cumpre a profecia de Morpheus.

Neo parando as balas.

- Você está querendo dizer que eu vou me desviar das balas?

- Não, o que eu estou tentando te dizer é que quando você estiver pronto, não terá que se desviar.

Aí tem a certeza de que é o salvador da humanidade e começa a ver o código que compõe todas as coisas na simulação, quebrando o domínio que a Matrix tinha sobre ele. Quando se confronta novamente com Smith, luta com um braço atrás das costas, demonstrando segurança e calma. Finalmente, se lança sobre ele e entra no seu corpo, fazendo-o explodir.

Smith explodindo.

Na sua primeira conversa com o guia, Neo diz que não acredita no destino porque gosta "da ideia de ter controle" sobre a sua vida. Durante o filme, vai percebendo que mesmo estando predestinado, um indivíduo tem que acreditar em si mesmo e querer cumprir a sua missão.

Como Morpheus explica, no final: "existe uma diferença entre conhecer o caminho e percorrer esse caminho". Embora tenha vencido a primeira batalha, a resistência ainda tem muitas lutas pela frente, agora com a liderança do "Escolhido".

The Matrix termina com uma mensagem de Neo para as máquinas que controlam a simulação, avisando que a revolução dos humanos está chegando.

Eu vou mostrar às pessoas aquilo que vocês não querem que elas vejam. Vou mostrar a elas um mundo sem vocês. Um mundo sem regras, controles e sem fronteiras ou limites. Um mundo onde tudo é possível.

Interpretações e significado do filme

The Matrix é um filme distópico de ficção científica que reflete acerca da humanidade e das razões que podem conduzi-la à ruína. Mostra um futuro sem esperança para os humanos, que esgotaram os recursos do planeta para parar as máquinas que criaram.

Explora também a nossa relação com a tecnologia e a separação de corpo e mente, cada vez mais potenciada com o avanço da robótica e das realidades virtuais. Lançado em 1999, o filme alerta para os perigos de uma realidade simulada que se torna mais atraente do que o mundo tangível.

A narrativa demonstra que apenas através da verdade é possível chegar ao livre arbítrio e ao controle de si mesmo. Nesse sentido, vem lembrar que até nas situações mais extremas pode existir esperança se alguém resistir e desafiar a alienação.

Existe, assim, uma clara referência à alegoria da caverna de Platão. A história, parte da sua República, é uma importante lição acerca de liberdade e conhecimento.

Havia uma caverna onde vários homens estavam acorrentados às paredes, no escuro. De dia, apenas viam sombras de pessoas lá fora e pensavam que a realidade era só isso. Quando um dos prisioneiros é libertado, vê uma fogueira pela primeira vez, mas a luz fere os seus olhos, ele se assusta e decide voltar.

No regresso, seus olhos já não estão acostumados à escuridão e ele deixa de ver seus companheiros. Por isso, eles pensam que sair da caverna é perigoso e que a escuridão é sinônimo de segurança.

Esta reflexão sobre a condição humana, o conhecimento e a consciência parece ser a mensagem fundamental do filme das irmãs Wachowski.

Descubra mais acerca do Mito da Caverna.

Enredo

Início

O filme começa com uma cena de ação protagonizada por Trinity que serve de mote para a narrativa. Falando com Cypher, em busca de indicações sobre a localização de alguém, percebe que a linha foi grampeada. Logo o local é invadido por agentes que encontram a mulher, de costas, sentada em uma cadeira. Trinity luta contra todos ao mesmo tempo e consegue derrotá-los de uma maneira quase inacreditável.

Depois, corre para um orelhão e atende o telefone, sumindo sem deixar rastro. Os agentes continuam no seu trilho, indo atrás da pessoa que ela buscava. Neo, um informático que trabalha como hacker durante a noite, recebe uma estranha mensagem no seu computador, ordenando que siga o coelho branco. Dois conhecidos tocam na sua porta e o convidam para uma festa, Neo vê a tatuagem de um coelho no ombro da mulher e resolve acompanhá-los. Lá conhece Trinity, a famosa hacker que tem andando à sua procura, que lhe comunica que Morpheus quer conhecê-lo. Ele lhe pergunta o que é a Matrix e ela garante que a resposta irá encontrá-lo.

No dia seguinte, está trabalhando no escritório quando recebe uma encomenda com um celular que começa a tocar. Quando atende, descobre que é Morpheus do outro lado da linha, avisando que a polícia está chegando para buscá-lo e fornecendo coordenadas de como escapar. Neo se recusa a pular pela janela e acaba sendo preso.

Neo tenta gritar sem boca

Na esquadra, é interrogado por Agente Smith que lhe oferece imunidade em troca da localização de Morpheus, afirmando que ele se trata do maior terrorista do mundo. O hacker nega a proposta e Smith faz com que sua boca desapareça. Neo tenta gritar, em desespero, mas não existe som. É imobilizado e implantam um inseto robótico no seu corpo, através do umbigo. Na manhã seguinte, acorda na sua cama e coloca a mão no umbigo, pensando que foi apenas um sonho.

É chamado para conhecer Morpheus, Trinity passa para buscá-lo e aproveita para remover o inseto mecânico colocado no seu umbigo para espiá-lo. Antes de Neo entrar na sala, a hacker o aconselha a ser honesto. Morpheus está numa sala, com duas cadeiras colocadas frente a frente e no centro uma mesa com um copo de água.

Desenvolvimento

Morpheus compara Neo a Alice, prestes a descer a toca do Coelho e descobrir um novo mundo. Fala que a Matrix (ou a Matriz) é uma mentira, uma simulação criada para que os indivíduos não possam ver a realidade. Estendendo as mãos com dois comprimidos diferentes, um azul e um vermelho, oferece ao protagonista dois caminhos possíveis. Se tomar o azul, irá acordar na sua cama e pensar que foi tudo um sonho. Se tomar o vermelho, no entanto, irá conhecer toda a verdade, mas não vai poder voltar atrás.

O protagonista toma o comprimido vermelho e logo começa a notar os seus efeitos. Quando é levado para o laboratório, repara que a matéria de tudo que o rodeia, e até do próprio corpo, parece desafiar as leis da física.

De repente, acorda em uma cápsula, totalmente nu e com o corpo atravessado por tubos. Uma máquina em forma de aranha, repara na sua presença e joga o seu corpo pelas águas, por uma espécie de esgoto. Antes de cair, Neo repara que existem incontáveis cápsulas iguais.

É resgatado pelo grupo de Morpheus que o leva para sua nave. Quando recupera, descobre que aquele é o mundo real, onde as máquinas tomaram conta de tudo e os humanos se tornaram apenas fontes de energia, presos em um mundo virtual. Alguns humanos "despertos" formam o movimento da resistência, comandados por Morpheus e conduzidos pela esperança da chegada de um Messias, o Escolhido que virá salvar a humanidade. Morpheus e Trinity acham que o Escolhido é Neo.

Tank, um dos membros da tripulação da nave, mostra que é possível ligar a mente de Neo a programas de computador e simulações, instalando em segundos a capacidade de lutar diversas artes marciais. Morpheus desafia o jovem para um duelo e todos param para assistir, mas Neo é muito mais lento e perde. Passa para o programa dos saltos e, de repente, está no topo de um arranha céus e Morpheus ordena que pule para outro edifício que está muito longe, recomendando que "liberte a sua mente".

O hacker pula, mas cai no asfalto e acorda, na vida real, com sangue na boca. Assim, descobre que quando se machuca na Matrix, seu corpo também é ferido na vida real. Descobre também que os agentes que perseguem o grupo da resistência são programas sencientes com o único objetivo de proteger a simulação. Morpheus acredita que Neo será capaz de quebrar todas as regras e derrotá-los.

Enquanto isso, um membro da tripulação, Cypher, faz um acordo com Agente Smith e monta uma armadilha para capturar o chefe do grupo. O traidor afirma que prefere voltar para a mentira do que continuar encarando a verdade. Enquanto isso, Neo vai conhecer o Oráculo, uma mulher que está cozinhando e lhe diz, casualmente, que deve "conhecer a si mesmo" e que não é o Escolhido, porque está esperando por outra pessoa. Avisa também que o mestre vai sacrificar a vida para protegê-lo.

O grupo cai na armadilha, Morpheus acaba sendo capturado e alguns membros da tripulação são abatidos. Agente Smith tortura o líder tentando obter os códigos para base da resistência, Zion. O grupo decide desligar o líder da máquina e, terminando com a sua vida para salvá-los. Neo resolve impedir e entrar na Matrix para resgatá-lo, com a ajuda de Trinity.

Final

Neo e Trinity entram no edifício onde Morpheus está preso, carregando malas cheias de armas, e metralham todos os agentes que encontram pelo caminho. Usam um helicóptero para entrar pela janela da sala e libertar Morpheus, que fica pendurado com Trinity, mas ambos são salvos pelo hacker. Eles conseguem atender os telefones a tempo e são projetados para o mundo real, mas Neo fica preso na Matrix com os agentes e é obrigado a lutar com eles.

É espancado, projetado contra paredes e seu corpo está ficado cada vez mais ferido na vida real. Trinity cuida dos seus ferimentos enquanto naves inimigas estão se aproximado deles. Neo morre e Trinity confessa o seu amor por ele, dizendo que o Oráculo lhe revelou que ela amaria o Escolhido. Beija a sua boca e faz com que regresse à vida, se levantando na Matrix e parando todas as balas com apenas um gesto com a mão.

Luta de novo com o Agente Smith, desta vez com braço atrás das costas, para demonstrar a sua superioridade e poder. Se lança contra o seu corpo e parece mergulhar nele, fazendo Smith explodir. Os outros agentes fogem. Neo atende o telefone e acorda na nave, beijando Trinity.

No final, podemos ver uma mensagem cibernética enviada por Neo, com o objetivo de libertar novas mentes. Vemos o Escolhido caminhando na rua, colocando seus óculos escuros e depois voando.

Curiosidades sobre o filme

  • The Matrix se tornou um filme cult por misturar referências: anime, mangá, subcultura cyberpunk, artes marciais, filosofia, filmes de ação japoneses, entre outros.
  • Além dos filmes, a franquia conta também com nove curtas de animação, Animatrix, e um jogo de computador chamado Enter The Matrix.
  • Os atores Will Smith e Nicholas Cage foram convidados para o papel de protagonista, mas rejeitaram a oferta.
  • O filme se tornou uma grande influência para os filmes de ficção científica que se seguiram, tornando célebre o efeito bullet time, que coloca as imagens em câmara lenta.
  • Em 2002, o célebre filósofo e crítico de cinema Slavoj Žižek usou a frase de Morpheus para intitular o seu livro Bem-Vindo ao Deserto do Real.
  • Após o sucesso do filme, várias teorias foram surgindo: uma das mais populares é que "o Escolhido" é Smith e não Neo.
  • O código verde que vemos na Matrix é, na verdade, composto maioritariamente por receitas de sushi em caracteres japoneses.

Conheça também

Carolina Marcello
Carolina Marcello
Mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes e licenciada em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Apaixonada por leitura e escrita, produz conteúdos on-line desde 2017, sobre literatura, cultura e outros campos do saber.