A Origem, de Christopher Nolan: explicação e resumo do filme


Carolina Marcello
Revisão por Carolina Marcello
Mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes

A Origem (ou Inception) é um filme de ficção científica que conta a história de um grupo de golpistas que utiliza uma "máquina de invadir sonhos" para conquistar os seus objetivos mais audaciosos.

O complexo longa-metragem com cenário futurista apresenta cinco narrativas, uma dentro da outra, convidando o espectador a habitar um espaço de hesitação e dúvida entre realidade e sonho.

Dirigido por Christopher Nolan e lançado mundialmente em 2010, a obra foi indicado a oito categorias do Oscar, vencendo quatro: Melhor Mixagem de Som, Melhores Efeitos Visuais, Melhor Fotografia e Melhor Edição de Som.

Final do filme A Origem

Existem diversas teorias sobre o real significado do final do filme A Origem. Estaria Dom Cobb no mundo dos sonhos ou no mundo real?

A versão mais disseminada julga que a cena final - quando o protagonista finalmente abraça os filhos -, trata-se da realidade. Outra teoria aponta que no final do filme Cobb ainda estaria sonhando.

A Origem é marcado, portanto, por possuir um enredo complexo e muito bem desenvolvido, que prolifera dúvidas no espectador.

Nolan, ao longo da história, oferece pequenas dicas presentes nos diálogos dos personagens que, para as pessoas mais atentas, servem como pistas para elaborar teorias sobre o final do filme.

Michael Caine, que atuou no longa, confessou que quando leu o roteiro ficou confuso com a fronteira entre sonho e realidade e questionou o criador. O diálogo correu da seguinte maneira:

"Eu disse: 'Quando é o sonho e quando é a realidade?' Ele [Nolan] disse: 'Bem, quando você está na cena, é realidade'. Então fiquem com essa: Se eu estiver na cena, é a realidade. Se não estou, é um sonho".

Essa entrevista, onde confessa a distinção, foi dada em 2018, mas a verdade é que o longa-metragem continua com a sua incrível capacidade de multiplicar dúvidas na audiência.

A questão principal é se Cobb estaria sonhando ou não. Para saber, ele roda o seu “totem” (um peão) que, de acordo com as regras, nunca pararia de girar caso o seu dono estivesse no mundo dos sonhos.

A Origem é considerado um dos clássicos do cinema do século XXI e brinca justamente com a psique do espectador, fazendo-o hesitar diante dos jogos ilusórios propostos pelo cineasta que faz da realidade e do sonho universos contamináveis, não estanques.

Análise do filme A Origem

Apesar de em inglês se chamar Inception, o filme acabou por ser traduzido para o português como A Origem. Se fossemos fazer uma tradução literal, o termopoderia ser lido a partir de três interpretações.

A primeira delas estaria relacionada à ideia de "começo, início", a segunda estaria ligada ao verbo conceiving (que quer dizer conceber, criar) e a terceira versão está em sintonia com a noção de infiltrar, dominar.

O título parece ter sido escolhido a dedo, já que o imaginário presente em uma única palavra traduz aquilo que é efetivamente a essência do longa-metragem.

Vale lembrar que a tramase passa em um contexto futurista e o cenário apresentado carrega no cinza e em imagens repressivas, que sublinham o suspense e a sensação de perseguição.

Para aumentar a tensão o cineasta acrescentou cenas com slow motion e câmaras tremidas. A trilha sonora do filme - assinada por Hans Zimmer - também sublinha esses momentos de euforia e nervosismo.

O complexo roteiro escrito pelo próprio diretor, Christopher Nolan, demorou cerca de dez anos para ficar pronto. A complexidade se deve não apenas pela mistura entre realidade e imaginação, mas também de tempos - passado, presente e futuro - que se tornam, nas mãos de Nolan, muitas vezes indissociáveis.

O roteiro termina em aberto, multiplicando possibilidades que se realizam ao gosto do espectador. Trata-se, portanto, de um final altamente subjetivo. É o próprio Nolan que afirma:

"Num certo sentido, sinto que, com o tempo, começamos a ver a realidade como o primo pobre dos nossos sonhos. Quero apresentar-vos o caso de que os nossos sonhos, as nossas realidades virtuais, essas abstrações que apreciamos e de que nos rodeamos, são subconjuntos da realidade."

Embora apresente muitas situações que parecem distantes da realidade, a verdade é que algumas das questões levantadas já são possíveis no mundo contemporâneo.

A ciência, por exemplo, consegue induzir o sono (embora ainda não seja capaz de induzir o sonho propriamente ou tenha algum mecanismo para entrar na mente humana). Já está comprovado cientificamente que o sonho pode ter camadas, mas não se sabe exatamente quantas, como é afirmado categoricamente em A Origem.

Outra incompatibilidade com o filme se refere ao fato de ser possível invadir um sonho. A verdade é que para invadi-lo seria preciso decodificá-lo para inserir um novo conteúdo, e até hoje nenhuma dessas duas partes foi realizada.

O longa-metragem levanta questões pertinentes entre a fronteira do sonho com a realidade mostrando-se desafiador para o público que mergulha nessa aventura.

Em um contexto de realidades permeáveis, nos perguntamos: como seria viver em um sonho onde estaríamos vulneráveis para sermos invadidos pela interferência alheia?

Personagens principais

Saito (Ken Watanabe)

Um super empresário japonês que deseja vencer o seu concorrente, para isso vai a procura de soluções que destruam o império de Robert Fisher. Saito representa a ambição e o desejo de poder.

Saito, interpretado por Ken Watanabe.

Robert Fisher (Cillian Murphy)

Grande concorrente de Saito, Robert Fisher é o líder da maior companhia de energia do mundo. Ele acaba sendo a vítima do plano de Dom Cobb.

Robert Fisher é interpretado por Cillian Murphy.

Dom Cobb (Leonardo Di Caprio)

Líder da equipe que pretende atacar Robert Fisher, Cobb é considerado um verdadeiro gênio na arte de roubar segredos. Para conseguir o seu objetivo, ele invade a parte mais vulnerável do ser humano: os seus sonhos. Desesperado para rever os filhos, Cobb aceita a missão proposta por Saito.

Dom Cobb, interpretado por Leonardo Di Caprio.

Ariadne (Ellen Page)

Arquiteta da equipe. Ariadne é contratada porque Dom Cobb já não consegue mais criar sonhos. A talentosa moça fabrica mundos falsos, mas que fazem completo sentido lógico.

Ariadne interpretada por Ellen Page.

Arthur (Joseph Gordon-Levitt)

O pesquisador Arthur tem como função fazer um rastreio na vida do alvo para se nutrir do máximo de informações.

Arthur interpreta Joseph Gordon-Levitt.

Yusuf (Dileep Rao)

Yusuf faz parte da equipe de Ariadne e tem como tarefa elaborar o sedativo que irá encaminhar a vítima para o sono profundo. É no momento do sono - através do sonho - que Cobb consegue concretizar o seu plano.

Yussuf é interpretado por Dileep Rao.

Eames (Tom Hardy)

Eames é aquele que personifica o alvo, para tanto estuda cada pormenor da personalidade do sujeito se apropriando dos trejeitos e das suas particularidades.

Eames é interpretado por Tom Hardy.

Resumo do enredo

O enredo central do filme se foca no protagonista Dom Cobb, um ladrão que é especializado em extrair informações das pessoas através dos sonhos. Ele trabalha com espionagem industrial e consegue entrar na mente alheia, tendo acesso aos sonhos dos indivíduos.

Cobb acaba por se aposentar, mas antes é declarado como um fugitivo internacional e fica proibido de entrar nos Estados Unidos. Sua chance de virar o jogo surge quando lhe é proposta uma última missão: entrar na mente de Robert Fisher. Em troca, ganharia o direito de voltar a ver os seus filhos.

A missão final é chamada de “inserção”, pois parte do princípio que é necessário implantar a origem de uma ideia ou conceito na mente do rival do seu cliente.

Com a ajuda de uma máquina, os membros de um grupo conseguem invadir o sonho de determinada pessoa e construir uma situação, atuando de modo a influenciar inconscientemente as decisões do indivíduo na vida real.

O cliente de Dom é Saito, líder da segunda maior companhia de energia do mundo, que deseja superar os primeiros líderes deste segmento.

Ele entra em contato com Cobb para destruir o rival, Robert Fisher, com o intuito de fazer ruir o seu império e ocupar o primeiro lugar no posto.

Para levar a frente a missão, o criminoso reúne um grupo de especialistas em cada etapa necessária para conseguir penetrar no subconsciente de Fisher. A equipe é composta por Ariadne, Yusuf e Eames.

Ariadne é a chamada “arquiteta”, responsável por criar o cenário do sonho manipulado usando muita criatividade e astúcia para isso. Arthur é especialista em pesquisar sobre a vida do alvo. Yusuf é o químico que cria os sedativos para induzir a vítima ao sono. Eames é o responsável por pesquisar e personificar o alvo, como o modo de falar, os “tiques” e as particularidades do sujeito.

Ficha técnica e cartaz

Título original Inception
Ano 2010
Diretor Christopher Nolan
Roteirista Christopher Nolan
Produtor Christopher Nolan
Gênero Ação, Mistério e Ficção Científica
Duração 148 minutos
Idioma Inglês / Japonês / Francês
Atores principais

Leonardo DiCaprio / Ellen Page / Joseph Gordon-Levitt

Cartaz do filme A origem.

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Carolina Marcello
Revisão por Carolina Marcello
Mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes e licenciada em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Apaixonada por leitura e escrita, produz conteúdos on-line desde 2017, sobre literatura, cultura e outros campos do saber.