Vênus de Milo é uma estátua da Grécia Antiga, cujo autor é desconhecido. Foi descoberta em 1820, na ilha de Milo. Desde então, foi levada para a França e exposta no Museu do Louvre, onde se encontra até hoje.
A escultura está envolvida em mistério, não se sabendo a sua autoria e existindo mais do que uma versão acerca da sua descoberta, partindo de fontes pouco seguras.
Embora a verdade nunca tenha sido apurada, a imagem da "deusa sem braços" se tornou numa das mais divulgadas, reproduzidas e reconhecidas obras da História da Arte.
Tornada uma “celebridade instantânea” pelo governo francês desde que foi descoberta, a Vênus de Milo continua despertando a atenção e a curiosidade do público que visita o Louvre.

Análise da obra
Composição
Com 2,02 metros de altura, a estátua é composta por dois grandes pedaços de mármore de Paros, separando a imagem feminina pela cintura. Unidas por grampos de ferro, a estátua teria partes menores esculpidas em separado, como os braços e os pés. Esta era uma técnica artística comum no período neoclássico, ajudando a situar a obra cronologicamente.

Também pela sua altura, muito incomum para uma mulher da época, logo se pensou que representaria uma figura divina, maior em poder e estatura que uma humana comum.
Postura corporal
De pé, a figura feminina se encontra com a perna esquerda dobrada e ligeiramente levantada, apoiando o seu peso na perna direita. O corpo torcido e a posição sinuosa acentua as suas curvas naturais, marcando sua cintura e seu quadril.
Acredita-se que o autor da obra estaria prestando homenagem à deusa do Amor, conhecida e venerada por sua feminilidade e sensualidade.
Com a parte superior do seu corpo despida, revelando seus ombros, seios e barriga, a deusa é humanizada, representada num cenário cotidiano. Por estar apenas com um pano enrolado na cintura, muitos defendem que a Vênus estaria entrando ou saindo do banho.
Vestes
Existe um contraste evidente entre a parte superior e a parte inferior da estátua. Assim, o artista desconhecido contrapôs a delicadeza do corpo feminino ao peso do manto, criando texturas opostas.
Para reproduzir a textura do manto, esculpiu várias dobras e pregas no mármore, como aconteceria num tecido, jogando com luzes e sombras. Algumas interpretações defendem que a posição da deusa, com o corpo torcido, teria o objetivo de segurar o manto que escorregava.
Rosto
Representando o ideal de beleza e a tradição clássica, a mulher tem um rosto sereno, que não transmite grandes emoções. Sua expressão enigmática e seu olhar distante permanecem impossíveis de decifrar.
Tal como aconteceu com outras obras que marcaram a História da Arte, a expressão misteriosa da Vênus e a suavidade de seus traços têm conquistado admiradores ao longo dos tempos. Os seus cabelos, longos e divididos no meio, estão presos mas revelam a textura ondulada, recriada no mármore pelo escultor.
Elementos que se perderam
Embora também não tenha o pé esquerdo, a ausência que mais se destaca na estátua, e também aquela que a imortalizou, é a ausência dos braços. Talvez por se tratar de uma característica tão marcante, são várias as lendas que procuram adivinhar o que a deusa carregava e como perdeu os membros.
Algumas fontes narram que juntamente com a Vênus, também foi encontrada uma mão que segurava uma maçã. O elemento parece fazer sentido na estátua, já que a deusa por vezes era representada com o fruto, que recebeu de Páris quando a elegeu a mais bela de divindades.
Embora a teoria do chamado “pomo da discórdia” pareça adequada, “Milo” significa “maçã”, podendo ser uma referência ao local onde a estátua foi feita.
Significado da obra
Representando uma das deusas mais importantes e veneradas da Antiguidade Clássica, a Vênus de Milo simboliza o ideal de beleza facial e corporal da época. Sendo uma das poucas obras originais da Antiguidade que chegaram aos nossos dias, sua imperfeição mutilada contrasta com o trabalho preciso do escultor.
Segundo alguns especialistas, além da propaganda feita pelo governo francês para promover a obra, a sua fama teria uma outra razão, algo que a torna singular. Pela posição do corpo e as ondulações no manto e nos cabelos, a mulher parece estar em movimento, vista de todos os ângulos.
Curiosidades sobre a Vênus de Milo
O que aconteceu com os seus braços?
A questão desperta tanta curiosidade que deu origem a vários estudos. Em tempos, corria a lenda que os braços da estátua teriam sido arrancados numa batalha entre os marinheiros e os nativos, para decidir quem ficaria com ela. A história, no entanto, é falsa.
A hipótese que gera mais consenso é a de que já tenha sido encontrada sem os membros, que teriam se quebrado e perdido com o tempo.
Ornamentação
Embora tenham desaparecido sabemos que a Vênus usava ornamentos de metal (brincos, pulseira, tiara), o que podemos verificar pela existência de orifícios onde as peças encaixavam. Acredita-se também que a estátua possuísse mais adereços e que tivesse sido pintada em tempos. não sobrevivendo vestígios que o comprovem.
Acabamento
O acabamento da estátua não é todo igual. sendo mais aperfeiçoado na parte frontal e menos na traseira. Esta prática era bastante usada para estátuas concebidas para serem colocadas em nichos.
Não é uma Vênus
Apesar do nome pelo qual ficou eternizada, a estátua não é uma Vênus. Tendo em conta que pertencia ao mundo helenístico e prestaria homenagem à deusa grega, seria uma Afrodite, nome que davam à deusa do amor.
Ainda assim, existem dúvidas acerca da sua identidade. Algumas teorias sugerem que representaria Anfitrite, esposa de Poseidon, a quem prestavam culto na ilha de Milo.
Concurso para encontrar a sósia da Vênus
Tida como protótipo da beleza clássica, a Vênus de Milo continuou sendo sinônimo do encanto feminino. Nos Estados Unidos, em 1916, as universidades de Wellesley e Swarthmore promoveram um concurso para encontrar a sósia da Vênus de Milo entre as suas alunas.
Grécia quer a Vênus de volta
Tendo sido adquirida pela França logo depois de ser descoberta, uma das obras mais emblemáticas da cultura grega nunca mais voltou ao seu país de origem. A Grécia reclama o seu direito à obra da qual foi privada por tanto tempo, pedindo a devolução da estátua até 2020.
História da obra
Descoberta
Segundo a versão mais popular, a descoberta teve lugar em abril de 1820, na ilha de Milo. Algumas fontes narram que foi o camponês Yorgos Kentrotas que achou a estátua, enquanto procurava pedras para a construção de um muro.
Um homem da marinha francesa que estava no local teria visto a peça e reconhecido seu valor histórico e artístico, comprando a Vênus aos nativos. A estátua foi levada para França e oferecida ao rei Luís XVIII, sendo posteriormente exposta no Museu do Louvre e muito promovida perante o público.
Contexto histórico na França
Nesse período, o país tinha sido forçado a restituir algumas obras de arte saqueadas durante o domínio de Napoleão (entre as quais uma Vênus de Medici, italiana). Assim, a Vênus de Milo surgiu como fonte de orgulho nacional, aumentando o espólio artístico francês e o seu status.
A necessidade de mostrar Vênus de Milo enquanto obra de arte do mais alto valor, a fim de prestigiar o próprio povo francês, complicou em muito o processo de identificação da obra.
Processo de identificação
A autoria da estátua e a data da sua criação continuam sendo desconhecidas, embora o tempo tenha nos permitido chegar a algumas conclusões. Inicialmente, quando foi levada para o Louvre, a obra foi identificada como pertencente ao período clássico, o mais prestigiado na época (480 a.C. - 400 a.C.). Sua autoria era atribuída ao ilustre círculo de Praxíteles.
,Segundo algumas fontes, existiam indícios de que a estátua seria de um artista bem menos antigo e conceituado: Alexandros de Antióquia, filho de Menides. A possibilidade foi abafada pelo governo francês, para quem não interessava que a obra fosse neoclássica, período que era considerado decadente na arte grega.
Eventualmente, o Museu teve que reconhecer o erro de identificação, já que diversos peritos atestavam que a obra era posterior. De fato, alguns estudos apontam que deve ter sido concebida entre 190 a.C. e 100 a.C. Segundo os especialistas, isso pode ser depreendido pelas próprias técnicas aplicadas, assim como a postura da mulher e as suas vestes.
Representações da Vênus de Milo
Apesar de todo o debate e polêmica, a obra continuou sendo apreciada e valorizada tanto pelo público como pela crítica. A figura da Vênus de Milo se tornou icônica na cultura ocidental, sendo copiada, reproduzida e reinventada sob várias formas, até aos dias que correm.
Alguns exemplos:


