A Baleia: história, críticas e curiosidades sobre o elenco do filme


Laura Aidar
Laura Aidar
Arte-educadora, fotógrafa e artista visual
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A Baleia (The Whale) estreou nos cinemas brasileiros em 2023 e causou grande repercussão entre o público e a crítica.

Polêmico, o longa é a adaptação de uma peça teatral de mesmo nome de Samuel D. Hunter, que também assina o roteiro, e tem direção do reconhecido Darren Aronofsky. Venceu o Oscar em três categorias: melhor ator, melhor atriz coadjuvante e melhor maquiagem.

O filme traz Brendan Fraser no papel de Charlie, um homem aprisionado ao próprio corpo que sofre com obesidade grave e, sabendo que em breve vai morrer, busca alguma redenção.

Charlie conta com a ajuda da enfermeira Liz e de um jovem missionário que bate à sua porta. Mas seu grande desafio e sentimento de culpa está relacionado à filha Ellie, uma adolescente rebelde e implacável que não o perdoa por tê-la abandonado aos 8 anos para viver um amor com outro homem.

A Baleia está disponível na Claro TV+, Google Play e Paramount+.

(A partir daqui o conteúdo contém spoilers!)

Cena do filme A baleia
Brendan Fraser no papel de Charlie em A Baleia

Mensagem e final explicado

A história traz para o centro da narrativa o drama de um homem que, enclausurado em seu corpo por conta da obesidade, sofre com a reclusão, a vergonha, a culpa e a aproximação da morte.

Charlie busca a todo custo se reconectar com a filha Ellie, uma garota de 17 anos que cresceu revoltada porque não tem contato com o pai desde os 8 anos.

Ele é um professor de literatura que dá aulas online para jovens sem ligar a câmera e é aficionado pelo livro Moby Dick, de Herman Melville. A obra literária conta sobre um homem que passa a vida tentando caçar uma baleia, daí o nome do filme ser uma referência ao enorme animal.

Logo no começo do enredo vemos Charlie em crise, com muita dor e recebendo a visita de um jovem missionário, que a pedido dele lê uma redação sobre Moby Dick a fim de acalmá-lo.

Ao longo da trama percebemos a importância que essa obra tem para o protagonista, sendo um tipo de alegoria de sua própria vida.

Na última cena vemos uma conversa difícil entre pai e filha, onde Ellie culpa Charlie por ter ido mal em uma redação na escola. A menina não havia lido o texto e quando o pai lhe pede para ler, ela percebe que é a redação que ela mesma escreveu na 8ª série sobre Moby Dick.

O texto faz um paralelo entre a vida dos personagens do filme e a saga do homem que no livro busca capturar a baleia que tanto lhe causou dor e sofrimento, sem se dar conta de que o animal não tem culpa de sua natureza. Isso traça um paralelo principalmente com a homossexualidade de Charlie e o fato dele ter abandonado a garota e a esposa para viver um grande amor com um homem.

Charlie está morrendo e sabe disso. Quando a filha é cruel e diz coisas horríveis ao pai, ele começa a passar mal e ele praticamente implora para que ela leia a redação em voz alta. A contragosto, mas deixando finalmente alguma compaixão tocar seu coração, a menina lê o texto. Dessa forma, Charlie consegue enfim se levantar do sofá e caminha até ela, o que ele já havia tentado anteriormente e falhado.

O filme termina com a aproximação entre eles e o perdão. Charlie é envolvido por uma luz e começa a flutuar, o que dá a entender que deixou o plano terreno e que está em paz.

O contraste na iluminação é evidente, pois o homem passou toda a história dentro de sua casa em um ambiente sombrio e pouco iluminado e agora é agraciado com uma luz “divina”.

Aliás, o tema da espiritualidade e salvação está presente de maneira intensa no longa. Está implícita também a mensagem de que nós somos mais do que apenas o corpo material, que todos têm uma trajetória e de que o amor e o perdão importam.

Elenco e premiações no Oscar

Os atores e atrizes escolhidos são um ponto alto na produção, principalmente Brendan Fraser, que levou para casa seu primeiro Oscar como melhor ator, e Hong Chau, que interpreta a enfermeira Liz e venceu o Oscar de melhor atriz coadjuvante.

Outros personagens são feitos por Sadie Sink, que dá vida à adolescente Ellie, Ty Simpkins no papel do jovem religioso Thomas. Além deles, há uma cena com Samantha Morton, que interpreta Mary, a ex-esposa de Charlie.

Outro elemento que se destaca é a maquiagem e preparação de Fraser para viver o personagem. O ator precisou usar uma prótese de 130 quilos de silicone para a caracterização, e demorava 6 horas para ficar pronto para entrar em cena. O resultado ficou muito realista, o que rendeu o Oscar de melhor maquiagem.

Cabe destacar que Brendan Fraser estava afastado do cinema há alguns anos e retornou nesse filme de maneira triunfal. Sua escolha foi bem vista pela crítica, já que o ator passou por momentos difíceis que de certa forma criam uma identificação dele com o personagem.

Fraser foi um galã nos anos 90 e 2000, atuando em filmes como George, o Rei da Floresta (1997) e a franquia de A Múmia (1999). Mas durante as gravações de um dos filmes de A múmia, ele sofreu um acidente e precisou se recuperar.

Além disso, foi vítima de assédio por um produtor de Hollywood e denunciou o ocorrido. Esses acontecimentos fizeram com que o ator se afastasse do cinema e entrasse em um processo de depressão e ganho de peso. Assim, sua carreira foi dada como terminada. Por isso, A Baleia se tornou um marco importante em seu retorno ao cinema.

O que a crítica achou

Parte da crítica gostou muito da produção, destacando principalmente a atuação de Brendan Fraser, que conseguiu transmitir doçura, culpa e solidão apenas com o olhar. Mas, como é comum em vários filmes dirigidos por Darren Aronofsky, A Baleia também causou polêmica e recebeu muitas críticas negativas. O diretor assina também Réquiem para um sonho (2001), Cisne Negro (2010) e Mãe! (2017)

O longa foi acusado de cometer “fat suit”, termo que descreve a prótese e maquiagem usadas para transformar uma pessoa magra em gorda no cinema. Isso é visto por alguns como um desrespeito. O filme também foi acusado de estereotipar as pessoas obesas e retratá-las de maneira sensacionalista, abusando de cenas degradantes.

Por isso, talvez o longa acione gatilhos em algumas pessoas e repulsa em outras.

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Laura Aidar
Laura Aidar
Arte-educadora, artista visual e fotógrafa. Licenciada em Educação Artística pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e formada em Fotografia pela Escola Panamericana de Arte e Design.