Fábula A Cigarra e a Formiga (com moral)


Carolina Marcello
Carolina Marcello
Mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes

A Cigarra e a Formiga é uma das fábulas infantis mais famosas de sempre, continuando bem presente nas nossas memórias. Ela fala sobre uma cigarra preguiçosa e uma formiga esforçada, comparando as suas posturas sobre o trabalho e o futuro.

A narrativa costuma ser atribuída a Esopo, autor da Grécia Antiga, mas também foi contada em versos pelo francês La Fontaine e teve inúmeras adaptações, incluindo a do escritor brasileiro Monteiro Lobato.

Resumo da fábula

Como é comum nas fábulas, esta história é protagonizada por dois animais que se comportam de forma bastante semelhante à dos humanos. Durante o verão, a Cigarra quer aproveitar o tempo bom e passa os dias cantando.

Enquanto isso, a Formiga trabalha de forma diligente, reunindo alimentos para sobreviver no inverno. Quando chegam os dias de frio e chuva, a Cigarra não tem o que comer e pede à outra para partilhar a comida dela. A Formiga recusa, falando que a Cigarra passou o verão cantando e agora precisa "se virar".

Conheça, abaixo, a versão resumida de Esopo, traduzida pela brasileira Ruth Rocha em 2010:

A cigarra passou o verão cantando, enquanto a formiga juntava seus grãos.

Quando chegou o inverno, a cigarra veio à casa da formiga para pedir que lhe desse o que comer.

A formiga então perguntou a ela:
— E o que é que você fez durante todo o verão?
— Durante o verão eu cantei — disse a cigarra.
E a formiga respondeu:— Muito bem, pois agora dance!

MORAL DA HISTÓRIA: Trabalhemos para nos livrarmos do suplício da cigarra, e não aturarmos a zombaria das formigas.

Ilustração A Cigarra e a Formiga.

A versão completa de Esopo

Esopo (620 a.C. – 564 a.C.) foi um escritor da Grécia Antiga que ficou eternizado pela sua coletânea de fábulas que passaram a integrar a tradição popular oral. Inicialmente, na versão original, a história foi intitulada de O Gafanhoto e a Formiga.

Num belo dia inverno as formigas estavam tendo o maior trabalho para secar suas reservas de comidas. Depois de uma chuvarada, os grãos tinham ficado molhados. De repente aparece uma cigarra:

– Por favor, formiguinhas, me deem um pouco de comida!

As formigas pararam de trabalhar, coisas que era contra seus princípios, e perguntaram:

– Mas por quê? O que você fez durante o verão? Por acaso não se lembrou de guardar comida para o inverno?

Falou a cigarra:

– Para falar a verdade, não tive tempo. Passei o verão todo cantando!

Falaram as formigas:

– Bom... Se você passou o verão todo cantando, que tal passar o inverno dançando?

E voltaram para o trabalho dando risadas.

MORAL DA HISTÓRIA: Os preguiçosos colhem o que merecem.

A versão de La Fontaine

Jean de La Fontaine (1621 – 1695) foi um autor francês que ficou conhecido pela obra Fábulas (1668), na qual se inspira em Esopo e recria várias narrativas curtas com moralidade.

As histórias são contadas em verso e passaram de geração em geração, se tornando extremamente famosas ao longo dos séculos. Confira, abaixo, a tradução feita pelo poeta português Bocage (1765 – 1805):

Tendo a cigarra em cantigas
Passado todo o verão
Achou-se em penúria extrema
Na tormentosa estação.

Não lhe restando migalha
Que trincasse, a tagarela
Foi valer-se da formiga,
Que morava perto dela.

Rogou-lhe que lhe emprestasse,
Pois tinha riqueza e brilho,
Algum grão com que manter-se
Té voltar o aceso estio.

- "Amiga", diz a cigarra,
- "Prometo, à fé d'animal,
Pagar-vos antes d'agosto
Os juros e o principal."

A formiga nunca empresta,
Nunca dá, por isso junta.
- "No verão em que lidavas?"
À pedinte ela pergunta.

Responde a outra: - "Eu cantava
Noite e dia, a toda a hora."
- "Oh! bravo!", torna a formiga.
- "Cantavas? Pois dança agora!"

Qual é a moral da história?

A Cigarra e a Formiga é uma lição simples e direta sobre a importância e o valor do trabalho. Carregadas de simbologias, as personagens representam duas posturas opostas perante a vida: a dos esforçados e a dos preguiçosos.

A fábula nos ensina a ser independentes e responsáveis por nós mesmos. Até nos momentos em que temos vontade de simplesmente descansar e aproveitar a vida, é necessário pensar no futuro e batalhar por ele.

Esta história, cheia de sabedoria popular, também pode ser uma boa oportunidade para conversarmos com as crianças sobre outros valores fundamentais: a generosidade, a solidariedade, a partilha.

Afinal, no fim da história não é dito que a Formiga não chegou a ajudar a Cigarra, após chamá-la a razão. Então, ficaria uma interpretação em aberto: talvez a Formiga tenha sido generosa, depois de alertar a Cigarra para sua irresponsabilidade.

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Carolina Marcello
Carolina Marcello
Mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes e licenciada em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Apaixonada por leitura e escrita, produz conteúdos on-line desde 2017, sobre literatura, cultura e outros campos do saber.