26 fábulas pequenas com moral e interpretação


Carolina Marcello
Carolina Marcello
Mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes

As fábulas são narrativas breves que tiveram origem na tradição popular e foram transmitidas, através das gerações, até à atualidade.

Antigas e repletas de metáforas, estas histórias carregam uma mensagem ou sabedoria universal, sob a forma de um ensinamento ou moralidade.

Entre os autores que se destacaram neste gênero literário, precisamos referir o grego Esopo e o francês Jean de La Fontaine.

1. A Cigarra e a Formiga

Enquanto a formiga trabalhava, recolhendo alimentos durante o verão inteiro, sua companheira cigarra estava mais preocupada em cantar.

Quando chegou o frio e a chuva do inverno, a primeira tinha garantido o seu sustento. Já a segunda não tinha o que comer.

Foi aí que a cigarra procurou a formiga, pedindo que dividisse com ela aquilo que recolheu. A formiga respondeu:

— Você não passou o verão todo cantando, enquanto eu trabalhava? Então agora se vire sozinha.

Moral: Precisamos ser independentes e garantir o nosso futuro, sem depender do trabalho dos outros.

Esta é uma das fábulas mais famosas de todos os tempos e fala sobre a necessidade de nos esforçarmos e trabalharmos arduamente mesmo quando não temos vontade. De outra forma, não podemos nos precaver e construir um futuro próspero.

Enquanto a cigarra se divertia, a formiguinha recolhia comida todos os dias. Com a chegada do inverno, a primeira começou a passar necessidades e ficou dependente da outra, que tinha sido responsável e garantido o seu próprio alimento.

Leia também a nossa análise completa da fábula A Cigarra e a Formiga.

2. A Raposa e as Uvas

Uma raposa estava com fome e viu um delicioso cacho de uvas pendurado numa parreira. Decidida, fez vários esforços para alcançá-la, mas não conseguiu cumprir a missão. Foi aí que, com ar de desdém, resolveu ir embora, afirmando: Estão verdes”.

Moral: Muitas vezes, quando não conseguimos cumprir um objetivo, temos tendência a culpar os outros.

Outra narrativa tradicional muito conhecida é aquela que fala de uma raposa que não soube admitir a própria derrota.

Em vez de ter a humildade de assumir que não conseguia chegar às uvas, o animal preferiu começar a desdenhá-las. Assim, passou a dizer que as frutas não estavam boas o suficiente para ele.

Leia também a nossa análise completa da fábula A Raposa e as Uvas.

3. O Estômago e os Pés

O corpo estava em guerra, já que o estômago e os pés discutiam para saber qual deles era o mais importante. Os pés tinham certeza da sua superioridade, já que eram eles que faziam com que o corpo todo se movesse.

Então, o estômago respondeu: se não fosse o meu trabalho, garantindo os alimentos que nos sustentam, vocês não conseguiriam ir a lugar nenhum.

Moral: Aqueles que cumprem as ordens são muito importantes, mas os que sabem liderar são essenciais.

Este enredo fala sobre uma discussão que acontece entre as partes do corpo. Os pés declaram a sua importância, já que são eles que transportam o ser humano. No entanto, o estômago afirma a sua liderança, porque é ele que "alimenta" os outros órgãos.

A história fala da importância do trabalho em equipe e, principalmente, da necessidade de um líder eficaz que assuma o comando das ações.

4. A Raposa e a Máscara

Uma raposa conseguiu invadir a casa de um ator e começou a remexer nos seus pertences. Foi aí que encontrou uma máscara linda, repleta de ornamentos e decorações. Segurou o objeto e exclamou: "Que cabeça bonita! Pena que não tem um cérebro lá dentro”.

Moral: A aparência exterior nem sempre reflete aquilo que existe no nosso espírito.

Esta é uma narrativa que alerta para o perigo de julgar alguém pelas aparências. Só porque alguém é muito belo fisicamente, isso não significa que as suas ideias e a sua alma carreguem a mesma beleza.

Quando a Raposa percebe que não existe nada dentro daquela cabeça, perde o interesse pelo objeto, por valorizar mais o cérebro do que o rosto de alguém. Ou seja, antes de nos encantarmos por uma pessoa, é bom sabermos aquilo que ela pensa.

5. Zeus e a Serpente

No dia em que Zeus resolveu se casar, todos os animais apareceram para entregar presentes. Foi então que surgiu a serpente, que subiu pelo seu corpo, carregando uma rosa com a boca.

Zeus, repleto de sabedoria e esperteza, declarou: "Da tua boca, não vou aceitar nada!".

Moral: Cuidado ao aceitar favores daqueles em quem não confia.

Embora Zeus, o pai dos deuses gregos, tenha recebido presentes de todos os animais, recusou o da cobra. Sabendo que o bicho era conhecido por ser traiçoeiro, ele preferiu se precaver e não aceitar nem uma rosa vinda dela.

A fábula nos lembra que não devemos nos aproximar, e muito menos aceitar favores, de pessoas que não merecem a nossa confiança.

6. O Mosquito e o Touro

Um mosquito passou muito tempo pousado no chifre de um touro. Na hora de levantar voo, perguntou ao outro animal se desejava que ele partisse, para não o incomodar mais.

O touro, forte e imponente, respondeu: "Não senti a sua presença e também não vou sentir a sua ausência".

Moral: Existem pessoas às quais reagimos com total indiferença, mesmo quando elas acham que nos atrapalham.

Esta fábula engraçada fala sobre pessoas que não fazem a sua presença ser notada nem oferecem ajuda para nada. Assim, elas acabam ganhando a nossa indiferença e, quando partem, nem deixam saudade.

7. A Lâmpada

Havia uma lâmpada que sempre iluminava tudo em redor. Por isso, ela achava que era mais poderosa do que o próprio sol. No entanto, um dia veio uma rajada de vento e a sua chama se apagou de imediato.

Quando alguém veio reacendê-la, disse: "Não te gabes, oh lâmpada, que ninguém é capaz de apagar a luz que vem dos astros".

Moral: Não devemos ficar dominados pelo orgulho excessivo e esquecer que também temos fraquezas.

A história vem sublinhar o valor da humildade. Por vezes, as conquistas podem "subir à nossa cabeça" e nos levam a perder a consciência de nossas fragilidades e limitações.

Mesmo que a chama da lamparina tenha um brilho sem igual, a sua força não se pode comparar à do sol. Da mesma forma, os seres humanos não se devem considerar superiores uns aos outros, já que todos são vulneráveis e efêmeros.

8. A Serpente e o Cabrito

Quando uma cabra estava pastando com o seu filho, pisou uma serpente por distração. A serpente, com raiva, mordeu uma de suas tetas para se vingar.

O filhote da cabra, na hora em que foi mamar, sugou o veneno. Assim, a cabra sobreviveu, mas o cabrito sofreu uma morte súbita.

Moral: Em certas ocasiões, são os inocentes que acabam sendo castigados.

Neste caso, o erro foi da cabra que pisou a serpente. No entanto, quem se prejudicou foi o cabrito que bebeu do seu leite e morreu envenenado. A fábula vem nos lembrar que a vida pode ser injusta e que, por vezes, são os inocentes que sofrem as consequências.

9. A Víbora e a Lima

Uma víbora entrou numa loja de ferragens e, contando com a caridade das ferramentas, pediu que todas lhe dessem algo.

Cada uma contribuiu com alguma coisa, até que chegou a vez da lima. Depois de várias súplicas sem sucesso, a lima respondeu:

— Você acha mesmo que te darei alguma coisa? Logo eu, que estou acostumada a tirar algo de todos?

Moral: Não devemos esperar generosidade daqueles que nunca dão, apenas tomam aquilo que é dos outros.

O enredo transmite um ensinamento difícil, mas também fundamental: nem todas as pessoas são iguais. Se algumas estão sempre dispostas a ajudar os demais, outras são incapazes disso mesmo.

Assim como a lima, aqueles que vivem se aproveitando da caridade dos outros nem sempre estão dispostos a retribuir a solidariedade.

10. O Sapo e o Poço

O pântano onde viviam dois sapos secou durante um verão de muito calor. Aí, eles precisaram partir em busca de um novo lugar onde pudessem viver. Após algum tempo, se depararam com um poço fundo que parecia um local convidativo. Um deles disse:

— Está decidido, vamos pular para aqui e fazer a nossa nova casa.

O segundo, pensou um pouco e respondeu:

— Calma, amigo! Se o poço também secar um dia, não vamos ter como sair.

Moral: Analise todos os ângulos antes de tomar uma decisão importante.

Esta versão da fábula, repleta de sabedoria, vem nos lembrar que não podemos ser precipitados quando estamos perante uma escolha.

Pelo contrário, antes de entrarmos numa nova situação, é necessário estarmos atentos às várias possibilidades e mantermos um pensamento racional.

11. O Cão e a Carne

O cão estava feliz porque tinha encontrado um bom naco de carne para comer. Quando atravessava um rio, viu o seu reflexo e a carne que estava projetada na água parecia bem maior e tentadora.

Entusiasmado, ele largou o alimentado que segurava entre os dentes, para tentar capturar o outro. Assim, a corrente levou a carne embora e o pobre cachorro ficou sem nada.

Moral: Não se deixe levar pela ganância e valorize aquilo que tem.

Muitas vezes, a ganância fala mais alto do que a razão. O reflexo do pedaço de carne que parecia maior capturou a atenção do cachorro, que acabou perdendo aquele que segurava entre os dentes.

A história é um lembrete para darmos valor àquilo que temos, em vez de deitar tudo a perder por uma ilusão aparentemente melhor.

12. O Leão, o Urso e a Raposa

Quando encontraram um filhote de veado, um leão e um urso começaram a lutar, para decidir quem iria devorá-lo. Depois de um combate violento, os dois ficaram feridos e caídos no chão, às portas da morte.

Uma raposa que passava viu aquele cenário e se apressou a levar o veado embora, garantindo a sua refeição. Os dois animais, percebendo o que tinha acabado de acontecer, começaram a lamentar-se: "Que infelicidade a nossa! Nos prejudicamos para ajudar a raposa!".

Moral: Por vezes, podemos nos esforçar muito para realizar algo e ficamos frustrados quando outras pessoas colhem os frutos que nós semeamos.

Outra dura lição sobre a vida, a fábula se refere a algumas situações nas quais nos desgastamos por um propósito, mas outra pessoa acaba se beneficiando.

A raposa esperou o momento certo para atacar e roubar a caça do leão e do urso, que estavam exaustos. Entre os seres humanos, este tipo de malícia também é comum, por isso precisamos ser cautelosos.

13. As Árvores e o Machado

Havia um machado com uma lâmina bastante afiada, mas que não conseguia cortar porque não tinha cabo. Ele resolveu pedir ajuda às árvores da região, suplicando por um pouco de madeira que pudesse resolver o seu problema.

As árvores concordaram e forneceram a madeira para construir o cabo. Logo em seguida, o machado começou a dizimar o arvoredo da região. Duas árvores que sobreviveram, começaram a se lamentar:

— Quem nos mandou ajudar aquele que queria destruir-nos?

Moral: Se auxiliarmos os nossos inimigos, prejudicamos a nós mesmos.

A história do homem e do machado carrega um ensinamento essencial acerca das amizades que travamos e as suas consequências. Por vezes, podemos estender a mão para alguém que deseja o nosso mal e contribuir para a nossa própria ruína.

14. O Cavalo e o Asno

Um cavalo e um asno caminhavam pela estrada, com o seu dono. Toda a carga ia em cima do asno, que suplicou ajuda ao outro animal: "Por favor, leva um pouco da minha carga, para eu poder seguir o caminho". O cavalo ignorou e, logo depois, o burro acabou morrendo de cansaço.

Aí, o dono transferiu todo o peso para as costas do cavalo, incluindo o corpo do animal que morreu. O cavalo, infeliz, pensou: "Não quis carregar um peso tão leve e, por isso, agora tenho que carregar tudo sozinho".

Moral: Se não quisermos ajudar aqueles que precisam, também não seremos ajudados quando necessitarmos.

A fábula transporta uma antiga lição acerca da entre-ajuda e da união. Como o cavalo se recusa a apoiar o burro, que considera inferior, os dois acabam se dando mal.

O burro morreu de exaustão e o cavalo passou a carregar o peso todo sozinho, algo que seria evitado se ele tivesse auxiliado o seu companheiro.

15. A Lebre e a Tartaruga

A lebre, muito rápida, estava sempre se gabando da sua velocidade e diminuindo a tartaruga, que chamava de lerda. Um dia, a tartaruga ficou cansada dessas humilhações e resolveu desafiar a lebre para uma corrida.

A lebre logo aceitou, rindo da situação. A tartaruga, consciente de que levaria mais tempo, logo começou a caminhar, de forma lenta e persistente. Já a sua rival, como era mais rápida, resolveu tirar um cochilo.

Quando acordou e começou a correr, era tarde demais: a tartaruga já estava atravessando a meta, feliz e orgulhosa do seu esforço.

Moral: Devagar se vai ao longe.

Uma das histórias mais famosas de sempre, a narrativa mostra a diferença fundamental entre resiliência e excesso de confiança. A tartaruga sabe que é mais lenta e não tem grandes chances, mas nunca desiste e se esforça até à meta.

A lebre, pelo contrário, age como se já tivesse vencido e subestima totalmente a adversária. No final, a sua atitude arrogante leva à derrota.

16. O Corvo e a Raposa

Quando um corvo encontrou um pedaço de carne, resolveu pousar numa árvore para se alimentar. Uma raposa que estava passando, viu a comida e resolveu apoderar-se dela. Começou a elogiar o seu porte e sua beleza, dizendo que o corvo só precisaria ter uma voz imponente para ser o rei dos pássaros.

Vaidoso, o corvo abriu a boca para mostrar o seu canto e deixou a carne cair no chão. Logo em seguida, a raposa devorou o alimento e disse: "Corvo, você tem tudo, só falta inteligência".

Moral: Cuidado com a simpatia daqueles que são interesseiros.

Por vezes, as palavras de simpatia podem esconder segundas intenções. Apelando ao ego do corvo, a raposa esperta consegue distraí-lo e roubar o seu alimento. Ou seja, quando alguém nos faz muitos elogios, precisamos reparar nos seus verdadeiros motivos, antes de baixarmos a nossa guarda.

17. O Lobo e a Garça

Um lobo engoliu um osso e ficou engasgado, pedindo a todos que o ajudassem. A garça apareceu e disse que queria uma recompensa se o auxiliasse. O outro aceitou e logo ela enfiou a cabeça na sua goela e retirou o osso. No final, pediu o pagamento que eles tinham acertado.

O lobo, rindo, disse: "Existe recompensa maior do que tirar a cabeça da boca de um lobo sem ser devorada? Esse é o teu pagamento".

Moral: Não espere gratidão ou reconhecimento daqueles que se julgam superiores aos outros.

Quando estava correndo risco de vida, o lobo fez um acordo com a garça, prometendo uma recompensa se ela o salvasse. No entanto, já em segurança, o predador se recusa a pagar o preço, falando que o prêmio da garça é ele ter poupado a sua vida.

A fábula relembra que, apesar das suas palavras, não podemos esperar gratidão nem honestidade daqueles que não têm caráter.

18. A Galinha dos Ovos de Ouro

Havia uma galinha que conseguia pôr ovos de ouro. O seu dono, ganancioso, começou a achar que havia uma pilha de ouro na sua barriga e resolveu matá-la.

Foi aí que descobriu que o animal, por dentro, era igual a todos os outros. Assim, ele perdeu o animal que lhe trazia lucros, na ambição de aumentar rapidamente a sua riqueza.

Moral: A cobiça insaciável pode levar-nos a perder tudo o que temos.

Se o fazendeiro soubesse dar valor à galinha mágica que tinha nas mãos, talvez pudesse ter enriquecido muito mais. Contudo, o homem resolver matar o animal e ficou sem nada por ser ganancioso e impaciente.

19. O Galo e a Pérola

Um galo estava ciscando na terra, em busca de alimentos, quando se deparou com uma pérola. Olhou para o objeto por um instante, admirando sua beleza, e depois declarou:

— Você é linda e deve ser preciosa para aqueles que valorizam as joias, mas para mim não tem valor, porque eu quero algo para comer.

Logo depois, o animal largou a pérola e continuou a sua procura, com o objetivo de encontrar algo que pudesse servir de alimento.

Moral: O valor de cada coisa depende daquele que está observando.

Esta história nos ensina que aquilo que valorizamos é subjetivo. Para um ser humano, que aprecia a beleza e o luxo, uma pérola pode ser especial.

Contudo, para o galo que apenas se preocupa em comer, o objeto se revela totalmente inútil e desinteressante.

20. A Raposa e o Leão

O Leão resolveu fingir que estava doente e passou a receber visitas dos outros animais da região. Todos entravam no seu covil, mas nenhum saía, porque eram devorados.

A raposa, muito observadora, decidiu ficar parada na entrada do covil e perguntar como ele se sentia. O Leão convidou-a para entrar, mas ela recusou, respondendo:

— Repare nas pegadas: todos os animais entraram para te visitar, mas nenhum consegue sair do seu covil.

Moral: Cuidado com aqueles que são perigosos, mesmo se parecem estar vulneráveis.

Mesmo num estado de fragilidade, a raposa não abandona a sua esperteza. O leão se lamenta e finge que está doente, mas ela percebe que é tudo um plano para devorá-la e consegue evitar o pior.

Com a raposa podemos aprender que não devemos acreditar em qualquer um.

21. Os Viajantes e o Urso

Dois viajantes estão caminhando quando se depararam com um urso. Um deles ignorou o companheiro e fugiu o mais depressa que pôde, subindo ao topo de uma árvore. O outro, sem saber o que fazer, resolveu deitar no chão e fingir que estava morto.

O urso chegou perto do seu corpo e, após cheirá-lo algumas vezes, acreditou que estava morto e se afastou. O viajante que estava em cima da árvore perguntou se o animal tinha dito alguma coisa.

O que estava no chão respondeu: "Disse para eu ter cuidado com os amigos que deixam os outros para trás quando o perigo se aproxima".

Moral: É nas horas de aperto que as amizades são colocadas á prova.

Esta fábula mostra que é nos momentos de maior adversidade que os seres humanos se revelam. Com a chegada inesperada do urso, um dos viajantes apenas se preocupa em salvar a própria pele, deixando o outro para trás, entregue à própria sorte. É necessário tomarmos cuidado com os amigos egoístas.

22. O Vento e o Sol

O vento e o sol estavam brigando para decidir qual deles tinha mais força. Quando um viajante passou resolveram fazer uma aposta: aquele que o fizesse tirar o casaco seria o vencedor.

O vento foi o primeiro. Ele começou a soprar com muita força, mas quanto mais atingia o viajante, mas o homem segurava no seu casaco.

Depois chegou a vez do sol, que saiu de trás de uma nuvem e começou a brilhar. O viajante, satisfeito com o seu calor, acabou tirando o casaco que vestia.

Moral: Conquistamos mais com a simpatia do que com a violência.

Este enredo vem comprovar que não devemos usar a força para convencer alguém. Pelo contrário, através da doçura e da simpatia podemos conseguir aquilo que queremos de uma forma bem mais simples.

23. A Gata e Afrodite

Uma gata se apaixonou por um homem e pediu ajuda a Afrodite, suplicando que a transformasse numa mulher. A deusa ficou impressionada pelo seu amor e tornou a gata numa bela mulher.

Assim que o homem viu a mulher, se apaixonou imediatamente os dois se casaram. No entanto, Afrodite tinha um último teste: colocou um rato no leito nupcial, para ver se a mulher resistiria.

Assim que viu o bichinho, ela seguiu os seus instintos e passou a caça-lo, porque queria comê-lo. A deusa, percebendo que a gata não tinha mudado, fez com que voltasse à sua forma inicial.

Moral: Não vale a pena mudar de aparência se conservarmos os velhos hábitos.

Não adianta mudarmos o nosso exterior se permanecermos iguais por dentro. Apesar de ter uma aparência de mulher, a gata ainda tem os mesmos instintos e se comporta do jeito de antes. Assim, quando é testada pela deusa, ela acaba falhando.

24. A Assembleia dos Ratos

Era uma vez uma casa que tinha um gato tão feroz que os ratos estavam aterrorizados. Eles passavam tanto tempo nas suas tocas, para se esconder, que estavam prestes a morrer à míngua.

Aproveitando uma noite em que o felino estava passeando no telhado, eles resolveram se juntar e procurar uma solução para o problema. O plano era simples: atar um guizo no pescoço do gato, para escutarem sempre que ele se aproximasse.

Todos adoraram a ideia, mas havia um grande obstáculo: nenhum deles tinha coragem de se aproximar para colocar o guizo no pescoço do gato. E foi assim que os ratos acabaram desistindo da ideia.

Moral: Falar é mais fácil do que fazer.

Esta fábula célebre narra um episódio da eterna batalha entre gatos e ratos. Ameaçados pelo felino, os roedores precisam convocar uma assembleia para decidir o que fazer. No entanto, embora seja fácil propor sugestões, colocar as ideias em prática é muito mais complicado.

Confira a nossa análise completa das fábulas do autor.

25. O Touro e as Rãs

Dois touros estavam lutando para decidir qual deles era o dono de um pasto. Enquanto isso, no brejo, duas rãs jovens estavam vendo tudo e rindo, até que apareceu uma mais velha e avisou:

— Vocês estão rindo, mas as prejudicadas seremos nós.

Pouco tempo depois, a profecia se cumpriu. O touro que perdeu a briga acabou se mudando para o brejo das rãs, que passaram a viver subjugadas a ele.

Moral: Quando os grandes brigam, quem pagam são os pequenos.

Aqui, a voz da experiência parece estar correta, mais uma vez. A fábula dá conta de um fato bastante complexo da nossa sociedade.

Por vezes, quando há discussões entre os mais poderosos, é nos que estão abaixo deles que vão recair as consequências.

26. O lobo e a cabra

Um lobo avistou uma cabra que estava em cima de uma montanha muito íngreme. Como não conseguia alcançá-la, começou a sugerir que ela descesse, pois corria o risco de cair.

Mostrando como o pasto estava apetecível lá em baixo, tentou convencê-la durante muito tempo. Até que a ovelha respondeu: "Se esse pasto fosse tão bom, você não precisaria que eu descesse para poder me devorar".

Moral: Cuidado com as artimanhas daqueles que querem se aproveitar dos outros.

O ensinamento que essa pequena fábula traz é sobre a importância de se preservar e não confiar cegamente em todos que cruzam nosso caminho.

Quando um inimigo nos dá um conselho "amigo", devemos ter muita atenção, pois muitas vezes podemos ser vítimas de alguém que, usando uma linguagem "passivo-agressiva", quer o nosso mal.

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Carolina Marcello
Carolina Marcello
Mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes e licenciada em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Apaixonada por leitura e escrita, produz conteúdos on-line desde 2017, sobre literatura, cultura e outros campos do saber.