Impressionismo
O impressionismo foi uma tendência das artes que originou-se na França em meados do século XIX, entre 1860 e 1880.
O termo que dá nome ao movimento surge a partir de uma crítica à obra Impressão, nascer do sol (1872), de Claude Monet, artista de destaque da vertente, junto com Édouard Manet.
Os artistas impressionistas estavam muito interessados nos efeitos ópticos que a luz proporciona, por isso, a maioria de suas telas eram pintadas ao ar livre. Isso conferia às obras leveza e luminosidade.
Olhando para a história da arte, percebemos que essa nova maneira de criação representou para o universo cultural um marco importante em direção à arte moderna.
Impressionismo na pintura
No momento em que a pintura impressionista surgiu, Paris, assim como outras capitais europeias, estava vivendo um período de otimismo e avanço tecnológico, a chamada Belle Époque. Essa fase perdurou de 1871 a 1914, quando tem início a Primeira Guerra Mundial.
A pintura foi a linguagem artística que mais se sobressaiu no impressionismo. Essa vertente brotou de jovens pintores que estavam bastante entusiasmados investigando os efeitos da luz natural nas pessoas e objetos.
Édouard Manet (1832-1883) é visto como o artista que iniciou essas pesquisas e influenciou outros pintores. Juntos, eles conseguiram elevar a outro patamar a interpretação de como as cores, luzes e sombras se comportam em ambientes ao ar livre.
Isso foi uma grande transformação pictórica, considerando que, até então, a arte de pintar estava restrita aos ateliês. Nesses ambientes, a luz era manipulada. Geralmente a luminosidade provinha de uma janela lateral, conferindo sombras graduais nos modelos.
Essa maneira de iluminar os modelos era ensinada também nas academias de arte, sendo bastante tradicional.
Portanto, quando surgiu um grupo de pintores propondo novas formas de enxergar a realidade e de representá-la, os críticos conservadores ficaram perturbados e não aceitaram o novo estilo.
Em 1872, Claude Monet (1840-1926) pinta a tela Impressão, nascer do sol, que dois anos depois integra uma exposição no estúdio de fotografia de Félix Nadar (1820-1910) junto com obras de outros artistas dessa corrente.
Acontece que os críticos rechaçaram as obras e em tom pejorativo nomearam os artistas como impressionistas, inspirando-se no título da obra de Monet.
Depois disso houve outras exposições no mesmo local e eles passaram a se auto intitular "impressionistas".
Na época, críticas duras foram feitas, como a de uma revista humorística de 1876.
A rua le Peletier é uma sucessão de desastres. Após o incêndio na Ópera, temos agora outra catástrofe. Acaba de ser lançada uma exposição na Durand-Ruel que supostamente contém pinturas.
Entro, e meus olhos horrorizados são assombrados por uma visão terrível. Cinco ou seis lunáticos, entre eles uma mulher, reuniram-se para expor suas obras. Vi gente chorando de rir diante das telas, mas meu coração verteu sangue quando as vi. Esses pretensos artistas autointitulam-se revolucionários, "impressionistas".
Pegam um pedaço de tela, tinta e pincel, besuntam-na com manchas aleatórias e assinam seu nome. É uma ilusão, como se internos de um hospício pegassem algumas pedras na rua e julgassem ter encontrado diamante.
Artistas e obras impressionistas
Além de Édouard Manet, o idealizador do movimento, temos outros nomes de destaque, entre eles:
Claude Monet (1840-1926)
O trabalho que deu origem ao nome do movimento impressionista foi pintado por Claude Monet, um artista de destaque entre seus contemporâneos.
O pintor francês foi um homem apaixonado pelo seu ofício, apreciava os bons momentos e fazia questão de mostrar em suas obras cenas bonitas e leves.
Ele foi um grande incentivador da pintura ao ar livre, chegando a possuir um "ateliê-barco", no qual podia observar as transformações na paisagem do rio ao longo do dia.
Monet buscava com afinco a representação do instante, para isso, não havia tempo para dedicar-se aos detalhes, o mais importante para ele era o conjunto final. Por isso, no início de sua carreira foi duramente criticado.
Entretanto, mais tarde conseguiu reconhecimento e seguiu pintando até o fim da vida, aos 86 anos.
Na pintura Camille e Jean na colina, de 1875, estão retratados o filho mais velho do pintor e sua esposa. A tela foi exibida na segunda exposição do grupo impressionista, em 1876.
Nesse quadro, Camille, que está no alto da colina, olha para o observador enquanto o filho caminha em direção ao topo. O vestido funde-se com o céu, como ela mesma fosse parte da natureza.
Mesmo com poucos detalhes, podemos perceber a fisionomia séria do menino, que se mantém distante da cena.
Auguste Renoir (1841-1919)
Renoir é um dos pintores mais famosos do impressionismo. Ele teve grande reconhecimento e produziu intensamente, até mesmo quando a saúde lhe faltava, no fim de sua vida.
O artista buscava transmitir em suas telas otimismo, entusiasmo e tranquilidade. Além disso, retratava os encontros da elite francesa no final do século XIX.
O quadro O almoço dos remadores (1880-81), é uma dessas cenas e um dos quadros mais significativos do movimento. Nele, Renoir exibe um momento de descontração de seus amigos pessoais e frequentadores de um restaurante.
Podemos perceber na composição como o pintor elabora com maestria a percepção da profundidade. Ele também se preocupa em deixar as personagens nítidas.
Além disso, exibe uma natureza-morta na mesa central e várias pessoas em uma cena espontânea, como se fosse uma fotografia.
A título de curiosidade, a moça representada no canto direito com um cachorro é Aline Charigot, que viria a se tornar esposa do pintor.
Edgar Degas (1834-1917)
Conhecido como "o pintor das bailarinas", Degas foi um impressionista peculiar. Isso porque, diferente de seus contemporâneos, ele desenvolveu um estilo próprio e tinha temas de particular interesse, como o universo do ballet.
Além disso, o artista tinha especial apreço pelo desenho, assim como Dominique Ingres (1780-1867), importante pintor neoclássico nascido no século XVIII.
Degas era fascinado por retratar jovens mulheres durante apresentações de dança, ou mesmo nos ensaios e bastidores. Existem especulações de que, apesar de ter pintado tantas bailarinas, o artista tinha repulsa às mulheres, sendo também celibatário voluntário.
Uma de suas telas conhecidas é Aula de dança (1873-75), em que o artista retrata um grupo de bailarinas adolescentes posicionadas em semicírculo ao redor do professor, que dá explicações.
O ponto de vista do pintor, e consequentemente do observador da obra, é de alguém que está presente na cena mas ao mesmo tempo não é notado. Isso cria uma sensação de intimidade e tensão ao mesmo tempo.
Paul Cézanne (1839-1906)
Cézanne foi um pintor inquieto e obstinado em busca de um trabalho sólido que o colocasse entre os maiores pintores de sua época, objetivo que foi alcançado.
Suas descobertas serviram de base para muitos pintores que vieram depois dele, como Pablo Picasso, por exemplo.
Durante sua trajetória, contudo, não obteve o reconhecimento que viria depois de sua morte. Certa vez, o artista disse a um jovem pintor:
Talvez tenha nascido cedo demais. Sou mais pintor de sua geração do que da minha.
Contemporâneo dos impressionistas, Cézanne dedicou parte de sua obra ao estilo. A tela A casa do enforcado (1872-73) é um exemplo de obra inspirada nas ideias impressionistas, sobretudo de Camille Pissarro (1830-1903), outro pintor do movimento.
O tema abordado no quadro é uma paisagem pintada ao ar livre, o que era recorrente nas obras impressionistas. As pequenas pinceladas sobrepostas também indicam a influência, além das tonalidades claras e luminosas.
O contraste entre os telhados triangulares das casas com o campo aberto ao fundo e a maneira como as árvores foram pinceladas nos dão a impressão de estar de fato frente à essa paisagem, intensificando a noção de realidade.
Berthe Morisot (1841-1895)
Morisot foi a única mulher presente nas exposições dos impressionistas, realizadas no estúdio de Félix Nadar. Ela, assim como os outros artistas do movimento, dedicou-se aos estudos da luz natural e realizava pinturas ao ar livre. Há indícios, inclusive, de que ela tenha influenciado Manet a aprofundar os estudos sobre a luz natural.
Além dela, posteriormente vieram outras artistas que fizeram parte da vertente, como Mary Cassatt (1844-1926), Eva Gonzalès (1849- 1883) e Lilla Cabot Perry (1848-1933).
O trabalho de Morisot teve certo reconhecimento na época. Entretanto, por ser uma figura feminina, não entrou para a lista de nomes de destaque na história da arte.
A artista tinha apreço especial por temas domésticos, como cenas de maternidade e o universo das mulheres. Chegou a produzir cerca de 800 obras.
Uma delas é O berço, de 1872. Nela, Berthe retrata uma mãe velando o sono de sua filha, que dorme tranquila no berço.
Aqui, como na maioria de suas obras, a mulher é retratada em uma cena de intimidade e conexão, carregando grande carga afetiva.
A tela foi vista pelos críticos como uma grande obra, em que a artista realizou de maneira brilhante a combinação de cores e, sobretudo, do branco.
Leia também: Conheça pinturas famosas feitas por grandes mulheres.
Características de obras impressionistas
Os impressionistas perceberam que a natureza vista em seu próprio ambiente produz uma intensa mistura brilhante de cores e tons variados que se embaralham diante de nossos olhos.
Assim, as imagens que eles pintavam não apresentavam contornos nítidos ou sombreado tradicional. A tinta era deposita nas telas em pequenas manchas, que juntas e sobrepostas, criavam um efeito mais parecido com a experiência visual momentânea.
Além disso, esses pintores se beneficiavam ao máximo da luz do sol e abusavam de cores complementares.
As paisagens e naturezas-mortas tinham destaque entre os temas dos impressionistas. Entretanto, outros motivos foram abordados, como retratos de mulheres, bailarinas, e até mesmo cenas interiores.
Como foi o impressionismo no Brasil?
Em terras brasileiras, o estilo impressionista desponta pelas mãos, principalmente, de Eliseu Visconti (1867-1944). O pintor conseguiu romper com as estruturas neoclássicas vigentes na arte e inaugurou um caminho em direção ao modernismo no país.
O pintor, que nasceu na Itália e veio ao Brasil ainda bebê, estudou arte no país e em 1892 ganhou uma viagem à Europa para dar continuidade aos estudos. Lá, teve contato com obras de grandes impressionistas, o que influenciou fortemente seu trabalho.
Eliseu, assim como os pintores europeus, passou a estudar as nuances das cores, luzes e sombras nos objetos e pessoas expostos à luz solar.
Outros artistas também beberam na fonte do impressionismo, como por exemplo Anita Malfatti (1889-1964), Almeida Júnior (1850-1899) e Georgina de Albuquerque (1885-1962).
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