Pinóquio: resumo e análise da história

Rebeca Fuks
Rebeca Fuks
Doutora em Estudos da Cultura
Tempo de leitura: 9 min.

Pinóquio é um dos personagens mais conhecidos da literatura infantil.

A história do boneco de madeira que ganha vida, escrita em meados do século XIX, foi criada na Itália por Carlo Collodi (1826 - 1890) e traduzida para o mundo inteiro ganhando uma série de adaptações.

Pinoquio

História

Quem foi Gepeto?

Era uma vez um senhor chamado Gepeto que morava em um quartinho no rés do chão. Ele vivia sozinho em sua casa e tinha como hobby trabalhar com madeira.

Uma das suas invenções foi um boneco articulado para lhe fazer companhia que sabia dançar, lutar esgrima e dar saltos mortais.

Depois de terminar a criação, Gepeto suspirou e disse:

- Seu, nome será Pinóquio - disse ele, ao terminar o boneco. - Pena que não possa nem falar! Mas não faz mal. Mesmo assim, será meu amigo!

Gepeto

Pinóquio ganha vida

Alguns dias mais tarde, durante a noite, a Fada Azul foi visitar o boneco de madeira e ao dizer "Pimbinlimpimpim" lhe deu vida.

Pinóquio, que era agora capaz de falar e andar, agradeceu imensamente a Fada Azul porque o solitário Gepeto teria com quem conversar.

Ao acordar Gepeto não conseguia acreditar no que estava acontecendo e achou a princípio que estaria sonhando. Afinal se convenceu que se tratava mesmo da vida real e agradeceu o destino, prometendo que Pinóquio seria seu filho.

A educação de Pinóquio

E assim Gepeto passou a tratar Pinóquio: como um filho. Matriculou-o na escola assim que pode. O travesso Pinóquio, no entanto, não gostava muito de estudar:

vão me mandar para a escola e por bem ou por mal terei que estudar; e eu, para ser bem sincero com você, não tenho a menor vontade de estudar e me divirto mais correndo atrás das borboletas e subindo nas árvores para apanhar os pássaros nos ninhos

É na escola que o boneco de madeira animado interage com crianças e percebe que não é bem um ser humano.

As aventuras de Pinóquio

Ao longo dos fascículos criados por Carlo Collodi vemos o boneco de madeira amadurecer e aprender a vencer uma série de tentações. Ele está muitas vezes acompanhado do Grilo Falante, que é uma espécie de consciência que o indica o caminho certo que deve seguir.

Grilo Falante

Ao longo das suas aventuras, Pinóquio se mete em uma série de enrascadas - mente para o pai, foge da escola, se envolve com más companhia - mas acaba sempre sendo salvo pela Fada Azul que o protege e o direciona para o caminho certo.

Personagens principais

Gepeto

Gepeto

Pai do Pinóquio, Geppetto era um carpinteiro solitário que um belo dia resolveu construir um boneco de madeira articulado para lhe fazer companhia.

Um homem íntegro e de bom coração, o entalhador passava seus dias sozinho até a chegada de Pinóquio, que passa a amar como um filho.

Pinóquio

Pinoquio

Travesso, curioso, arteiro, Pinóquio ama seu pai Gepeto acima de tudo. Contestador, o menino não quer crescer e acaba se colocando em uma série de enrascadas devido à sua imaturidade.

Fada Azul

Fada azul

É ela que realizado o desejo de Gepeto e dá vida ao boneco de madeira feito pelo carpinteiro. Depois de dizer Pimbinlimpimpim, Pinóquio ganha corpo e alma.

Grilo Falante

Grilo Falante

É a voz da consciência de Pinóquio. Diz tudo aquilo que o boneco de madeira deveria saber para fazer escolhas maduras e responsáveis. O Grilo Falante representa a sabedoria.

Lições

Nunca devemos mentir

Cada vez que Pinóquio mente, o seu nariz cresce - ainda que muitas das vezes Pinóquio minta de modo impensado e apenas para se proteger.

Esse impulso para a mentira acomete especialmente crianças entre quatro e cinco anos, por isso a história fala especialmente a esse público etário. Ao ler a narrativa a criança percebe que a mentira tem perna curta e, mais cedo ou mais tarde, a verdade virá à tona.

Também aprendemos com Pinóquio que é sempre possível se arrepender e que esse arrependimento pode nos trazer recompensas positivas.

O amor entre pais e filhos não é uma questão de sangue

Gepeto ama com todo o seu coração Pinóquio, o filho que tanto desejou. Ainda que não seja propriamente sangue do seu sangue, é com Pinóquio que compartilha o seu tempo e a sua vida demonstrando dedicação total e absoluta.

Pinóquio também mantém um vínculo de amor infinito com o seu criador, apesar de muitas vezes se rebelar contra ele como qualquer criança.

Pinoquio Gepeto

A história de amor entre pai e filho demonstra igualmente que sempre devemos respeitar e obedecer os mais velhos. Gepeto tenta sempre encaminhar Pinóquio para o melhor caminho.

Estudar é preciso

Na época em que Pinóquio foi escrito a Itália vivia mergulhada num analfabetismo profundo e os pais sabiam que encaminhar seus filhos para a escola era das poucas maneiras de oferecer-lhes um futuro melhor.

Não por acaso Gepeto obriga o filho de madeira a frequentar a escola e acredita que a educação é uma maneira de nos libertar. O conhecimento não só nos instrui a tomar boas decisões como também garante um amanhã onde podemos ter em mãos uma série de escolhas.

Pinoquio escola

Pinóquio a princípio discorda do pai e acha a escola uma chatice. O Grilo Falante, no entanto, já no princípio da história ensina o pequeno boneco de madeira:

(Grilo) - Se não lhe agrada ter que ir à escola, por que não aprende pelo menos um ofício, para poder ganhar honestamente o pão de cada dia?
- Quer que eu lhe diga? - replicou Pinóquio (...) - De todas as profissões do mundo só há uma que me agrada.
- E qual seria?...
- A de comer, beber, dormir, me divertir e levar o dia inteiro na vagabundagem.
- Para seu conhecimento - disse o Grilo Falante com sua calma habitual -, todos os que abraçam esse ofício acabam sempre no hospital ou na prisão.

Ao longo da narrativa uma série de vezes o boneco de madeira é instruído por Gepeto ou por outros personagens a insistir nos estudos - ainda que naquele momento Pinóquio não tenha nenhuma vontade.

O conto ressalta a importância de estudar para conseguir chegar a algum lugar na vida e ser independente.

Filmes

Pinóquio - versão Disney (1940)

A adaptação da Disney foi uma das grandes responsáveis por divulgar o personagem Pinóquio ao mundo, muito embora o longa metragem tenha feito uma série de alterações na história original.

A produção norte-americana é voltada para crianças, tem 88 minutos de duração e foi lançada em fevereiro de 1940 se tornando um clássico.

O filme recebeu dois Óscares naquele ano (de melhor trilha sonora e melhor música por When you wish upon a star).

Pinóquio 3000

A história lançada em 2004 se inspira no clássico de Carlo Collodi embora faça uma série de alterações significativas no roteiro.

Nessa versão futurista de Pinóquio o menino não é um boneco de madeira e sim um robot criado por Gepeto - a dupla vive em Scamboville no ano 3000.

Conheça o trailer da animação computadorizada:

A origem de Pinóquio

Carlo Collodi (1826 - 1890), pseudônimo de Carlo Lorenzini, foi o criador desse clássico da literatura infantil. Uma curiosidade: o sobrenome do pseudônimo é o nome da cidade de origem da mãe do autor.

Carlo Collodi
Retrato de Carlo Collodi (1826 - 1890)

Carlo estudou em um seminário, mas acabou por se tornar livreiro, tradutor, escritor e jornalista. Ele começou a escrever depois de aceitar o desafio de traduzir os contos infantis de Charles Perrault para o italiano.

Entre uma série de histórias, escreveu, aos 55 anos, As aventuras de Pinocchio e publicou o primeiro capítulo em 1881 em uma revista infantil. A continuação da história foi publicada em fascículos tendo sido muito bem recebida pelo público e ocupado três anos da sua vida.

A narrativa fez tanto sucesso que logo foi traduzida para outros países. Com o passar das décadas a história veio ganhando uma série de adaptações para o audiovisual e para o teatro.

Livro Pinóquio às Avessas

Escrito por Rubem Alves com ilustrações de Maurício de Souza, o livro Pinóquio às Avessas se distancia bastante da história original. A nova obra procura fazer uma crítica ao método de ensino tradicional instigando o leitor a pensar uma educação por métodos diferentes.

O protagonista Felipe é colocado em uma tradicional e cara escola pelo seu pai. O objetivo era que o menino aprendesse o máximo para ser bem sucedido no vestibular e alcançar uma bem remunerada profissão.

Pinoquio as avessas

A verdade é que Felipe não se enquadra bem na nova escola porque tem interesses distintos (quer saber mais sobre os animais, compreender a gênese dos passarinhos). Desmotivado, acaba por seguir a risca o plano do pai e se torna um adulto infeliz e vazio.

A história de Rubem Alves nos desafia a pensar como o ensino tradicional muitas vezes oprime o aluno e retira a sua alegria de aprender.

Conheça também

Rebeca Fuks
Rebeca Fuks
Formada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2010), mestre em Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013) e doutora em Estudos de Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e pela Universidade Católica Portuguesa de Lisboa (2018).