Moral e interpretação da história dos 3 porquinhos


Rebeca Fuks
Rebeca Fuks
Doutora em Estudos da Cultura

Os contos de fadas nos ensinam desde a mais tenra infância uma série de lições que provavelmente iremos levar para o resto da vida.

A famosa história dos três porquinhos, por exemplo, nos instrui a sermos prevenidos e a pensarmos no futuro, deixando provisoriamente de lado os prazeres imediatos.

Os três porquinhos

Moral da história

A história dos três porquinhos nos ensina que devemos ser previdentes e pensar no longo prazo.

Dois dos três irmãos - os mais novos - escolheram construir a casa rapidamente para poderem ir brincar depressa. Por tomarem essa escolha afoita, ergueram casas frágeis, em palha e madeira - nada seguras -, que foram rapidamente destruídas pelo lobo mau.

O conto nos ensina que é preciso não sermos imediatistas e pensarmos só no que nos dá prazer.

"Os três porquinhos" ensinam à criança pequenina, da forma mais deliciosa e dramática, que não devemos ser preguiçosos e levar as coisas na flauta, porque se o fizermos poderemos perecer

Bruno Bettelheim - Psicanálise dos Contos de Fadas

Planejamento é fundamental

Enquanto os porquinhos mais novos podem ser definidos como ansiosos e preguiçosos, o irmão mais velho é a imagem do trabalhador organizado e precavido.

Sua lógica se centrou no sentido de planejar o futuro, encontrando uma solução segura para ele e para os irmãos.

tres porquinhos

A importância da perseverança

O conto de fadas dos irmãos porquinhos fala também sobre a importância de persistir para se conseguir vencer.

O porquinho mais velho é a personificação da perseverança e se mostra decidido a persistir para construir algo sólido que resista às adversidades.

Ele nos instrui a pensar sempre no futuro e a imaginar cenários não tão agradáveis para podermos nos defender de desgraças que poderão vir.

Princípio do prazer x princípio da realidade

Em termos psicanalíticos podemos afirmar que os porquinhos mais novos foram regidos pelo princípio do prazer, isto é, movidos pela busca de uma alegria imediata.

O porquinho mais velho, mais maduro, foi regido por aquilo que se chama princípio da realidade - ele foi o único capaz de adiar o seu prazer de brincar para se dedicar à tarefa árdua de construir algo duradouro.

tres porquinhos

A idade e a experiência fizeram com que o porquinho mais velho chegasse a uma conclusão sábia e compreendesse que momentaneamente era necessário adiar o seu prazer.

De fato mais valeu não brincar quando queria para ser capaz de erguer uma construção mais robusta que acabou por salvar a todos.

De acordo com o psicanalista Bruno Bettelheim:

Vivendo de acordo com o princípio do prazer, os porquinhos mais novos buscam gratificação imediata, sem pensar no futuro e nos perigos da realidade - embora o porquinho do meio mostre algum amadurecimento ao tentar construir uma casa um pouco mais substancial do que o mais novo. Só o terceiro e mais velho dos porquinhos aprendeu a viver de acordo com o princípio da realidade: ele é capaz de adiar seu desejo de brincar, e de acordo com sua habilidade de prever o que pode acontecer no futuro.

A história dos porquinhos nos educa a lidar com a difícil escolha entre o prazer instantâneo e a necessidade de cumprir as tarefas desagradáveis.

O conto ensina especialmente a controlar os nossos impulsos direcionados só aquilo que gostamos e mostra que a dedicação recompensa.

Resumo Os três porquinhos

A apresentação da história

Era uma vez três porquinhos irmãos. Eles viviam com a mãe e tinham personalidades muito diferentes.

O mais velho tinha o hábito de ajudar sempre em casa enquanto os dois mais novos viviam sempre na brincadeira se desviando das tarefas domésticas.

três porquinhos

A vida nova independente, longe da mãe

Já vendo os filhos mais crescidos, a mãe dos três disse que já estava na hora de saírem de casa para construírem uma vida independente.

E lá foram os três irmãos rumo ao novo lar. Encontraram um bom lugar na floresta e decidiram erguer três casinhas.

A construção das três casas

O porquinho mais novo construiu uma casa de palha porque queria acabar o trabalho rápido para ir brincar.

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O porquinho do meio - já demonstrando um pouco de preocupação, mas ansioso para ir brincar também - decidiu construir a sua casa de madeira.

O mais diferente de todos foi o porquinho mais velho que, prevendo futuros problemas, decidiu deixar a brincadeira de lado para se dedicar arduamente à construção de uma sólida e segura casa feita com tijolos e cimento.

A chegada do lobo

Um belo dia o tão temido lobo chegou.

Primeiro bateu na casa do porquinho caçula - feita de palha. O porquinho mais novo, sabendo que a construção não ia resistir, correu para a casa do irmão ao lado.

três porquinhos

O lobo então foi para a segunda casa - a feita de madeira. Também bateu e os porquinhos não abriram. Com medo do futuro foram correndo para a casa do terceiro porquinho, feita de tijolo e cimento.

O lobo, com uma enorme baforada destruiu rapidamente as duas primeiras casas (a feita de palha e a de madeira). Porém, quando chegou à terceira, feita de cimento e tijolo, mesmo com toda a força dos pulmões não conseguiu alterar a casa um milímetro sequer - era mesmo uma construção resistente.

A última tentativa do lobo: a entrada pela lareira

Persistente, o lobo não desistiu quando viu que não era capaz de destruir a sopro a terceira casa. Observando a construção ele percebeu uma entrada possível: a lareira.

O porquinho mais velho, no entanto, prevenido das possíveis investidas do lobo, já havia posicionado um enorme caldeirão de sopa fervendo em baixo da lareira.

Quando o lobo tentou entrar na casa pela chaminé caiu imediatamente na caldeira fervendo e saiu correndo em fuga, deixando os três porquinhos sãos e salvos.

tres porquinhos

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Rebeca Fuks
Rebeca Fuks
Formada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2010), mestre em Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013) e doutora em Estudos de Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e pela Universidade Católica Portuguesa de Lisboa (2018).