História A vendedora de fósforos (com interpretação)
Era uma vez uma garota muito pobre. Ela andava pelas ruas a noite tremendo de frio, pois nevava e o clima era congelante, pois a história se passa no hemisfério norte.
Era Natal e a pobre menina estava descalça e desamparada. Ela vestia um avental e tinha nos bolsos algumas caixas de fósforos.
As pessoas passavam e ela tentava vender as caixinhas, dizendo: "Querem comprar fósforos? Fósforos de qualidade e com bom preço!". As pessoas mal olhavam e, num misto de culpa e desinteresse, se afastavam.
Sem dinheiro e morrendo de fome, ela ficava encantada ao olhar para as luzes da cidade, decorada para as festividades de Natal. Ela também sentia o aroma das comidas saindo das casas e salivava pensando em um banquete.
Ela quase voltou para casa, mas achou melhor não, pois não havia vendido nenhuma caixa de fósforos. E também em sua casa não encontraria comida e não conseguiria se aquecer.
Ela estava congelando de frio e pensou que talvez se riscasse um fósforo, pudesse ficar mais quente, nem que fosse por um curto instante. Sem pensar demais a garota acendeu um fósforo.
O brilho do fogo lhe deixou maravilhada e por um tempinho ela teve se imaginou na frente de uma lareira. Mas não tardou e o calor se dissipou e ela percebeu que estava no mesmo lugar, sentada na neve congelante.
Riscou outro fósforo e teve a ilusão de estar em uma mesa de jantar, com uma grande ceia de coisas deliciosas. Quase sentiu o cheiro da carne assada. Mas, novamente, depois que o fogo se apagou, ela se deparou com a dura realidade.
Quando riscou mais um fósforo, ela agora se viu em uma sala com uma linda árvore de Natal com muito presentes. Era uma árvore ainda mais bonita do que a que tinha visto pela janela de uma casa chique. A árvore estava repleta de luzes, mas, repentinamente, as luzes pareciam subir aos céus e sumir.
A menina então começou a prestar atenção no céu. Um cometa surgiu e ela pensou: “Alguém pode ter acabado de virar estrela!”. Esse pensamento veio porque sua querida avó, que tinha morrido, uma vez disse que quando uma estrela risca o céu é porque alguma alma está deixando a Terra.
A menina então riscou mais um fósforo com os dedos congelados e logo apareceu sua amada avozinha, que estava reluzente e serena. A neta ficou muito feliz e disse: "Vovó! Que surpresa! Quero ir com você! Não quero que vá embora…"
Então avó e neta subiram ao céu, num lugar sem frio, fome ou tristeza.
No dia seguinte o pequeno corpo da garota foi encontrado, ela estava toda encolhida, sem se mexer. Tinha nas mãos muitos fósforos apagados. Muitas pessoas, que na noite anterior a ignoraram, agora disseram: "Pobrezinha! Acho que ela tentou se esquentar".
A menina deixou a Terra na noite de Natal, congelada pelo frio e com fome, com a ilusão de ter passado momentos bons e de ter encontrado sua querida avó.
Interpretação
Essa é uma história muito triste publicada em 1838 por Hans Andersen. Mesmo tendo sido escrita há tempo, traz reflexões sobre solidariedade, desigualdade social, falta de afeto e a hipocrisia.
Afinal, as pessoas que ignoraram a menina necessitada na véspera de Natal, mas lamentaram sua morte na manhã seguinte.
Embora seja um conto triste, ele pode servir para tratar temas delicados com as crianças, valorizando a empatia, a solidariedade e trazendo reflexões importantes sobre a desigualdade e as injustiças.