História de Branca de Neve (resumo, explicação e origem)


Rebeca Fuks
Rebeca Fuks
Doutora em Estudos da Cultura

Um dos contos infantis mais conhecidos na cultura ocidental é Branca de Neve, a história de uma moça que viveu cercada por sete anões e conseguiu escapar da cruel madrasta.

A narrativa tem origem alemã e se espalhou para os outros continentes.

branca de neve

História

A origem da Branca de Neve

Há muito tempo atrás, não se sabe exatamente quando nem onde, era inverno quando uma rainha costurava perto de uma janela aberta. Ela bordava e olhava os flocos de neve caindo do lado de fora.

Acidentalmente a rainha picou o dedo com a agulha e três gotas de sangue caíram sobre a neve branca. A rainha então disse:

"Quem me dera ter uma filha tão alva como a neve, carminada como o sangue e cujo rosto fosse emoldurado de preto como o ébano!"

branca de neve mãe

Algum tempo depois, a rainha engravidou e, quando o bebê nasceu, saíra exatamente como havia pedido: branca como a neve, carminada como o sangue e com os cabelos pretos.

A orfandade e a nova família

Infelizmente a criança tão desejada nasceu e a rainha morreu.

Após um ano de luto, o rei casou-se novamente, dessa vez com uma princesa muito vaidosa que vivia repetindo para o próprio espelho:

"Espelhinho, meu espelhinho, responde-me com franqueza: Qual a mulher mais bela de toda a redondeza?"

O espelho respondia todas as vezes que a mais bela era ela, a nova mulher do rei. Branca de Neve, no entanto, crescia e tornava-se cada vez mais formosa.

branca de neve madrasta

A vaidade da madrasta e o crime para matar a enteada

O grande conflito se instaurou no dia em que o espelho respondeu para a nova rainha que a Branca de Neve era ainda mais bonita do que ela.

Furiosa com a resposta, a madrasta contratou um caçador para dar cabo da enteada. A madrasta era tão má que teve o requinte de crueldade de pedir ao caçador que trouxesse o coração e o fígado como prova do assassinato da menina.

O arrependimento do caçador

O caçador, com pena da garota, desistiu de matá-la. Branca de Neve prometeu viver sempre na floresta, em sigilo.

branca de neve

O caçador levou então para a madrasta o coração e o fígado de um veado que passou na hora do suposto crime. A madrasta, ao receber o que havia pedido, mandou o cozinheiro preparar a encomenda.

A nova vida da Branca de Neve

Enquanto isso, na floresta, Branca de Neve temia pelo seu futuro. Encontrou finalmente uma linda casinha no meio da mata. Tudo na casa era pequeno: as camas eram curtas, os pratos eram mínimos. A casa pertencia a sete anões que trabalhavam com minério na montanha.

Branca de Neve contou para os sete anões tudo o que havia se passado e eles, com pena, prometeram ajudá-la no que fosse preciso. Foi assim que Branca de Neve ficou vivendo com os sete anões. Em troca, colaborava com as tarefas domésticas.

branca de neve anões

A descoberta da madrasta

A madrasta, porém, acabou por descobrir através do espelho que Branca de Neve não havia morrido. Furiosa com a notícia, vestiu-se como uma vendedora e atacou Branca de Neve apertando a sua cintura com um cinto. Felizmente os anões chegaram a tempo de salvar a menina.

Ainda em uma segunda oportunidade, a madrasta atacou Branca de Neve, dessa vez com um pente envenenado, mas novamente os anões a salvaram.

Branca de Neve em apuros

A terceira tentativa da madrasta foi envenenar a enteada com uma maçã contaminada. Disfarçou-se de camponesa e entregou para a menina o fruto apetitoso. Os anões já não conseguiram fazer nada.

branca de neve maçã

Ao invés de a enterrarem, colocaram Branca de Neve em um esquife de cristal, todos assim poderiam chorar a sua morte, inclusive os animais da floresta que gostavam tanto dela. Apesar dos anos terem se passado, o corpo de Branca de Neve não apodreceu, a moça parecia estar apenas dormindo.

O encontro com o príncipe

Um belo dia, passou por aquele caminho um príncipe, filho de um rei poderoso, que ao olhar para o estife ficou encantado com tamanha formosura. Pediu para que seus criados transportassem o estife para as suas terras, pois não conseguiria mais viver sem ver a moça.

Durante o percurso, um dos criados tropeçou, o que fez com que caísse da boca da Branca de Neve um pedaço de maçã envenenada. Para surpresa de todos, a moça imediatamente despertou.

A Branca de Neve e o príncipe puderam ser então felizes para sempre.

branca de neve príncipe

Por fim, Branca de Neve casou-se com o príncipe e os anões puniram a madrasta com um par de sapatos de ferro quente.

A origem da história da Branca de Neve

A narrativa da Branca de Neve teve origem no folclore alemão há séculos, posteriormente se espalhou pelo continente europeu. Inicialmente a história era propagada através da tradição oral, o que fazia com que a narrativa ganhasse sempre algumas modificações.

Um dos primeiros registros escritos que se assemelham ao que hoje conhecemos como a história da Branca de Neve foi feito pelo italiano Giambattista Basile. O escritor redigiu uma história sobre uma rainha que invejava a beleza da sobrinha. O texto, intitulado La schiavoletta, foi reunido no Il Pentamerone e publicado em Nápoles entre 1634 e 1636.

A versão que perdura até hoje, no entanto, foi produzida pelos Irmãos Grimm. Os irmãos, de origem alemã, compilaram em 1812, o conto Branca de Neve no livro Contos de fada para crianças e adultos ao lado de outras fábulas.

Jacob e Wilhelm Grimm
Os Irmãos Grimm: Jacob e Wilhelm.

Por que a protagonista chama-se Branca de Neve?

Em uma das versões do conto vemos logo no princípio da história a justificativa:

Um conde e uma condessa passaram por três montes de neve branco, o que fez o conde dizer: "Quisera ter uma filha tão branca como esta neve". Pouco depois passaram por três buracos cheios de sangue vermelho, e o conde disse: "Quisera ter uma filha com as faces tão vermelhas como este sangue." Finalmente, viram três corvos voando, quando então ele desejou uma filha "com os cabelos tão negros como os corvos". Continuando o caminho, encontraram uma menina branca como a neve, rosada como o sangue, e de cabelos tão negros como os corvos: era Branca de Neve.

Branca de Neve, a princesa da Disney

A adaptação norteamericana produzida pelo estúdio de Walt Disney ganhou o nome original de Snow White and the Seven Dwarfs. A animação começou a ser planejada em meados dos anos 1930 e acabou por ser lançada em 21 de dezembro de 1937.

O estúdio de animação havia sido criado há relativamente pouco tempo - em 1923 - e a história da Branca de Neve serviu para alavancar de vez o trabalho que vinha sendo produzido por Walt Disney.

branca de neve

O filme foi a primeira longa metragem realizada pelo estúdio, foi também a primeira animação longa metragem em inglês da história do cinema. Inspirado pela versão dos irmãos Grimm, o filme foi dirigido por David Hand.

O trabalho foi realizado a partir do uso da técnica Technicolor, um processo de coloração inventado em 1916 que utilizava filtros vermelhos, verdes, lentes e prismas.

Apresentado no teatro Carthway, em Hollywood, logo virou um sucesso de público e vendas. Sabe-se que a produção do filme tinha previsão de custos iniciais de 150 mil dólares, tendo ultrapassado e muito o orçamento previsto. Acabou por custar aproximadamente 1,5 milhões de dólares aos cofres do estúdio e rendeu, até os dias de hoje, cerca de 185 milhões de dólares.

Cartaz do filme Branca de Neve e os sete anões lançado em 1937.
Cartaz do filme Branca de Neve e os sete anões lançado em 1937.

A importância dos contos de fadas

Os contos de fadas contêm princípio, meio e fim e tratam de problemas humanos universais como a inveja, a raiva, o egoísmo, o ciúme, a ganância e a vingança.

De acordo com o psicanalista Bruno Bettelheim, autor de A psicanálise dos contos de fadas, essas histórias infantis fazem com que a criança ganhe confiança e estímulos para superarem os desafios cotidianos.

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Rebeca Fuks
Rebeca Fuks
Formada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2010), mestre em Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013) e doutora em Estudos de Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e pela Universidade Católica Portuguesa de Lisboa (2018).