Planeta dos Macacos: resumo e explicação dos filmes


Carolina Marcello
Carolina Marcello
Mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes

Planeta dos Macacos é uma série de filmes de ficção científica baseada no romance homônimo do escritor francês Pierre Boulle, publicado em 1963.

A saga começou com a adaptação cinematográfica do livro em 1968 e se destacou principalmente através dos filmes, se multiplicando também em séries televisivas, videogames e livros de quadrinhos.

Trata-se de uma distopia que retrata o conflito entre a humanidade e um grupo de macacos altamente avançados e inteligentes. O sucesso astronômico do primeiro longa-metragem foi o começo de uma saga altamente bem-sucedida, tanto com o público como com a crítica.

Frame do novo filme da franquia Planeta dos Macacos.

Além da ficção cativante, Planeta dos Macacos suscita reflexões políticas e sociais relevantes através de metáforas inteligentes e, por isso, se tornou um clássico da cultura pop.

O ponto de partida para entender Planeta dos Macacos

Para que possamos explorar a saga, primeiro é importante conhecermos a sua ideia que serve de base. Vamos lá? Há muito tempo, uma praga teria exterminado todos os animais de estimação comuns, levando a humanidade a adotar macacos em suas casas. Através da convivência e da esperteza dos bichos, logo foram aprendendo a realizar tarefas e se tornaram escravos da raça humana.

Entre eles estava Cesar, um símio particularmente inteligente que conseguiu escapar. A partir daí, ele passou a treinar os companheiros da sua espécie, para que eles pudessem resistir e se libertar também.

Eventualmente, começaram os confrontos entre humanos e macacos que resultaram na emancipação dos animais, que construíram a sua própria sociedade, o seu próprio sistema. Estes são os eventos essenciais que antecedem a história narrada no romance original e na sua adaptação para o cinema.

Atenção: a partir deste ponto, você vai encontrar spoilers sobre os filmes!

Os filmes resumidos e explicados

Série antiga (1968 - 1973)

A primeira série de filmes é composta por cinco longas-metragens e relata eventos que aconteceram ao longo de séculos, sem seguir uma ordem cronológica. Na verdade, aqui a narrativa começa no futuro e, ao longo das sequelas, vamos conhecendo o que aconteceu antes.

O primeiro filme, Planeta dos Macacos (1968), dirigido por Franklin J. Schaffner, está bastante próximo da história escrita por Pierre Boulle. Essencialmente, três astronautas vão parar em um planeta onde os macacos são muito evoluídos (se comportando como humanos) e os humanos são selvagens.

Poster do filme Planeta dos Macacos (1968)

O vilão da história começa por ser Doutor Zaius, um líder religioso dos macacos, que representa a os dogmas e a falsa ciência. No resto da série, os grandes antagonistas são grupos sedentos de poder. O filme termina com um twist poderoso: os astronautas encontram a Estátua da Liberdade caída na praia e perceber que aquele planeta devastado é a Terra.

Já no segundo longa-metragem, De volta ao Planeta dos Macacos (1970), com direção de Ted Post, um novo astronauta chega ao estranho planeta. Desta vez, descobrimos que existe um grupo de humanos com poderes telepáticos que conseguiram sobreviver no subsolo.

Na sequela dirigida por Don Taylor, Fuga do Planeta dos Macacos (1971), os papéis de invertem subitamente. Agora, são três macacos que viajam no tempo, até à Terra que era dominada pelos humanos, e são confrontados com essa realidade. No longa-metragem, podemos encontrar ecos dos eventos que aconteceram no primeiro filme, sob a perspectiva oposta.

Frame do filme Batalha do Planeta dos Macacos.

Os últimos dois filmes da série, A Conquista do Planeta dos Macacos (1972) e Batalha do Planeta dos Macacos (1973), contaram com a direção de J. Lee Thompson.

É aí que assistimos à ascensão dos macacos e aos processos que eles usaram para se libertar e conquistar o seu próprio planeta. Os símios chegam mesmo a lutar entre si por questões de poder, algo animalesco mas também profundamente humano.

Remake: Planeta dos Macacos (2001)

Durante muitos anos, a saga ficou parada, esperando novos desenvolvimentos. Foi então que o diretor Tim Burton retomou a franquia, com Mark Wahlberg, Helena Bonham Carter e Tim Roth no elenco.

Através de um trabalho impressionante de maquilhagem e cenas bastante inusitadas, o filme teve sucesso nas bilheterias. Ainda assim, a crítica não ficou particularmente agradada com o longa-metragem.

Tentando reproduzir o feito do primeiro filme, Burton termina a narrativa com um twist surpreendente. Aqui, quando os astronautas conseguem regressar á Terra, encontram a estátua de Lincon com um rosto de macaco, ou seja, o planeta foi dominado pela espécie.

Apesar de não terem sido produzidas sequelas cinematográficas, o filme fez ressurgir a franquia. A partir daí, sugiram vários videogames famosos, com destaque para o da Playstation.

Nova série (2011 - 2017)

Foi em 2011 que Planeta dos Macacos viu nascer a sua nova série, que funcionou como um reboot da anterior. Nesta nova adaptação, a saga segue uma ordem cronológica, mostrando o processo através do qual os macacos chegaram à dominação.

A trilogia tem o ator Andy Serkis no papel do macaco principal, Cesar, usando uma técnica de animação avançada, a partir da captura de movimentos. O primeiro filme, Planeta dos Macacos: A Origem (2011), foi dirigido por Rupert Wyatt e conta com Andy Serkis, James Franco e Freida Pinto.

Frame do filme Planeta dos Macacos: a origem (2011).

Nesta nova versão, a narrativa é bem mais pessoal e focada na história e nas vivências de Cesar. O símio pertencia a um cientista e era filho de um macaco geneticamente modificado, daí a sua inteligência fora do vulgar.

Depois de ser usado para testes de tratamentos médicos, as suas capacidades cognitivas aumentaram cada vez mais. Quando é preso e mantido em cativeiro, Cesar atinge um pico de revolta e consegue, pela primeira vez, falar.

Esse é o ponto de viragem do protagonista: a partir daí, ele treina a sua espécie, com o objetivo de conduzi-la até à libertação. O segundo filme, Planeta dos Macacos: O Confronto (2014), de Matt Reeves continua a narrativa, desta vez com a participação de nomes como Jason Clarke e Gary Oldman.

Koba - Planeta dos macacos.

O longa-metragem é apontado pela crítica como uma sequela forte e emotiva. É nele que conhecemos as motivações de Koba, um novo vilão representado por Toby Kebbell.

O macaco que havia sido torturado pelos humanos tem sede de vingança e deseja matar a espécie, colocando em jogo uma paz instável. Por causa do seu ódio pela humanidade, ele acaba sendo rejeitado por Cesar, que não lhe estende a mão e o deixa cair de precipício.

Finalmente, Planeta dos Macacos: A Guerra (2017), do mesmo diretor, ilustra as batalhas do exército de Cesar contra uma tropa de humanos comandada pelo Coronel, interpretado por Woody Harrelson.

Reflexões presentes na saga Planeta dos Macacos

Ao longo dos filmes da franquia vão surgindo diversos comentários sociais e políticos importantes na sociedade contemporânea. Na primeira série de longas-metragens, podemos observar temas que estavam especialmente em voga naquele momento, sobretudo ligados às relações e tensões raciais.

Ilustrando, através de metáforas, as realidades do racismo, a barbárie da escravidão e o perigo dos dogmas religiosos, a história parece refletir o mundo no qual vivemos.

Planeta dos Macacos se foca em temas como o medo, o ódio e a guerra, mostrando como o desejo de poder pode corromper a humanidade. Por outro lado, a saga também mostra a hipótese de libertação, a construção de uma comunidade que surge a partir da reação coletiva ao poder opressor.

Nos filmes recentes da franquia, as temáticas estão mais ligadas aos avanços científicos e tecnológicos que levantam várias questões éticas e morais. Além de problematizar os testes e a crueldade com os animais, a saga imagina o futuro distópico que poderá nos aguardar, se não mudarmos de conduta.

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Carolina Marcello
Carolina Marcello
Mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes e licenciada em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Apaixonada por leitura e escrita, produz conteúdos on-line desde 2017, sobre literatura, cultura e outros campos do saber.