20 melhores filmes sobre racismo e direitos civis


Carolina Marcello
Carolina Marcello
Mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes

A arte e a cultura sempre foram importantes veículos para transmitir mensagens sociais e políticas de caráter urgente, retratando de forma crítica a realidade em que vivemos. E como afirmou Angela Davis, célebre militante dos direitos civis norte-americanos: "Numa sociedade racista não basta não ser racista. É necessário ser antirracista".

Assim, pensando o cinema enquanto um instrumento de reflexão e denúncia, selecionamos 20 filmes nacionais e internacionais que deveriam ser assistidos por todo mundo!

Corra!

Frame do filme Corra!

Lançado em 2017, Corra! foi o primeiro longa-metragem do diretor Jordan Peele e chamou a atenção do mundo inteiro. O filme de terror e suspense conta a história de Chris, um fotógrafo que está preocupado porque vai viajar para conhecer os pais da namorada, Rose.

Uma vez que Rose e seus familiares são brancos, Chris teme sofrer alguma forma de discriminação e seu melhor amigo avisa que é melhor ele não ir. Por lá, todos o recebem com simpatia, mas os seus comportamentos anunciam que há algo de errado naquele lugar.

A história aterradora é uma metáfora poderosa acerca do ódio e da opressão que permanecem na sociedade e, mesmo estando escondidos, não se tornam menos letais.

Selma: Uma Luta pela Igualdade

Frame do filme  Selma

Dirigido por Ava DuVernay, o drama biográfico de 2014 retrata um momento determinante na história dos Estados Unidos da América e na luta pelos direitos civis dos cidadãos afro-americanos: as marchas de Selma a Montgomery.

Os protestos, que ocorreram em 1965, resultaram numa conquista fundamental: uma lei que garantia o direito ao voto, já que até ali haviam medidas de discriminação e segregação no sistema de registro eleitoral.

O longa-metragem segue os passos de Martin Luther King Jr., que se reúne com o Presidente Lyndon B. Johnson a este respeito, e depois parte para o Alabama, onde se junta a vários militantes como Hosea Williams e John Lewis.

A partir desse local, eles começaram uma caminhada que terminou na capital do estado e foi um importante avanço em direção à igualdade e contra a discriminação. O filme foi lançado em comemoração dos 50 anos dos protestos.

Infiltrado na Klan

Frame do filme  Inflitrado na Klan

A comédia dramática do célebre diretor Spike Lee foi lançada em 2018 e conta a história real de Ron Stallworth, um homem negro que entrou para as forças policiais na década de 70.

Na época, os Estados Unidos da América eram atravessados por um clima de extrema segregação racial. Eram frequentes os ataques sangrentos da Ku Klux Klan, um grupo terrorista de supremacia branca que perseguia, aterrorizava e matava os afro-americanos.

Aproveitando a sua posição na polícia, Stallworth começou uma investigação e conseguiu algo que parecia impossível: se infiltrar na Klan e atrapalhar os seus planos. Além das mensagens históricas e sociais que transmite, o filme nos apresenta um dos inúmeros heróis que têm contribuído para a luta antirracista.

Confira a análise completa do filme Infiltrado na Klan.

12 Anos de Escravidão

Frame do filme 12 Anos de Escravidão

O longa-metragem de 2013 é um drama épico de teor histórico, dirigido pelo inglês Steve McQueen, que venceu o Oscar de Melhor Filme. A narrativa começa em 1841 e é baseada na autobiografia de Solomon Northup, um violinista que foi sequestrado e vendido para ser escravo.

Durante 12 anos, o protagonista é forçado a trabalhar numa plantação de algodão em Nova Orleães. Lá, experiencia e assiste diversas formas de violência e abuso presentes em um sistema escravocrata, cruel e sanguinário.

Enquanto torcemos pela libertação de Solomon e seu reencontro com a família, somos levados a refletir sobre a barbárie vivida pela comunidade negra e as consequências que ela deixou no mundo em que vivemos.

Dia de Preto

Frame do filme Dia de Preto

O filme brasileiro de ação e aventura foi lançado em 2012, com direção de Marcos Felipe, Marcial Renato e Daniel Mattos.

O projeto nacional de cinema independente conta a história de um jovem que precisa lutar pela sua liberdade depois de se envolver no roubo de um objeto com grande valor histórico.

Perseguido pelo antigo patrão e o seu gangue, o protagonista vai percebendo que a estranha aventura parece estar relacionada com a lenda do primeiro escravo brasileiro a conseguir a alforria.

Os Panteras Negras: Vanguarda da Revolução

Frame do filme Os Panteras Negras

O documentário escrito e dirigido por Stanley Nelson Jr. foi lançado em 2015 e conta a história do Partido dos Panteras Negras, um dos movimentos mais importantes da resistência afro-americana.

O grupo revolucionário foi formado em 1966, na Califórnia, por cidadãos que patrulhavam as ruas para combater a brutalidade policial que visiva sobretudo indivíduos negros.

Se mobilizando contra a opressão e a segregação, os Panteras Negras estiveram na vanguarda da luta por uma sociedade mais igualitária, mas foram considerados perigosos pelo governo. O filme relembra o seu percurso, entrevistando antigos membros e exibindo registros de vídeo feitos na época.

A Cor Púrpura

Frame do filme A Cor Púrpura

Baseado na obra epistolar homônima da escritora e feminista norte-americana Alice Walker, o drama de 1985 foi dirigido por Steven Spielberg.

O longa-metragem é passado no começo do século XX e protagonizado por Celie, uma menina de 14 anos que sofre abusos do pai e é forçada a casar com um homem muito mais velho.

Trata-se de uma narrativa emocionante que aborda as inúmeras dificuldades que surgem devido à exclusão e ao preconceito: racismo, violência, sexismo, pobreza, etc. A Cor Púrpura é também uma história de resistência e entreajuda feminina que marcou o cinema mundial.

Malcolm X

Frame do filme Malcolm X

Escrito e dirigido por Arnold Perl, o filme de 1992 é baseado na biografia de Malcolm X, uma das figuras mais notórias na luta pelos direitos civis norte-americanos. Criador da Organização da Unidade Afro-Americana e um dos fundadores dos Panteras Negras, Malcom teve uma vida repleta de lutas que terminou de forma trágica.

O longa-metragem dá conta das passagens mais marcantes do seu percurso, começando pelos crimes e o tempo que passou na prisão. Nesse período, ele se converteu ao islamismo e passou a se dedicar à religião.

Com o tempo, começou a se focar nas questões políticas relacionadas com o racismo e a exploração das classes mais baixas, se tornando um importante agente de conhecimento e transformação social.

Histórias Cruzadas

Frame do filme Histórias Cruzadas

O drama de 2011 foi dirigido por Tate Taylor com base na obra homônima de Kathryn Stockett, e é passado no Mississippi durante a década de 70. A trama segue os destinos de Aibileen e Minny, duas amigas que trabalham como empregadas domésticas.

Embora dediquem as suas vidas a cuidar das casas e das famílias privilegiadas, elas sofrem constantes preconceitos e discriminações racistas por parte dos patrões.

Eugenia, uma jovem branca que sonha ser escritora, começa a escutar os seus relatos e a perceber a perspectiva delas sobre o mundo, decidindo escrever um livro a partir desse ponto de vista.

Branco Sai, Preto Fica

Frame do filme Branco Sai, Preto Fica

O filme de drama brasileiro dirigido por Adirley Queirós foi lançado em 2014 e tem como cenário as zonas periféricas da cidade de Brasília. A narrativa segue as vidas de dois homens, Marquim e Sartana, vítimas de uma batida policial violenta num baile.

Como resultado, um deles ficou numa cadeira de rodas e o outro teve a perna amputada, passando a viver uma realidade de exclusão e deficiência física. O longa-metragem, marcado pela crítica social, ganha contornos de ficção científica com a chegada de um terceiro personagem, Cravalanças.

O homem, vindo do futuro, estuda o caso e procura provar que tudo o que aconteceu naquela noite se deveu ao racismo estrutural e sistêmico que atravessa o país.

Faça a Coisa Certa

Frame do filme Faça a Coisa Certa

A comédia dramática de 1989 é uma das maiores obras de Spike Lee (que escreveu, dirigiu e também participou como ator) e continua fazendo um enorme sucesso, décadas mais tarde.

Passada em Brooklyn, em Nova Iorque, a narrativa se centra numa pizaria do bairro e ilustra as tensões raciais vivenciadas entre a população. O negócio pertence a uma família italiana que, embora viva num local maioritariamente habitado por cidadãos afro-americanos, apresenta uma conduta racista.

Mookie, interpretado por Lee, é funcionário na pizaria e precisa conviver esses preconceitos. Quando uma discussão acesa surge entre eles, a polícia aparece e mata um jovem negro na frente de todo mundo. Essa violência policial gratuita e desmedida, tema bastante em voga no momento, dá início a uma onda de motins e revolta social.

Mississípi em Chamas

Frame do filme Mississípi em Chamas

O filme de drama e suspense dirigido por Alan Parker foi lançado em 1988 e se tornou um clássico. A narrativa ficcional foi baseada nos eventos que ocorreram em 1964, no Mississippi, quando três jovens ativistas desapareceram e foram assassinados.

James Earl Chaney, Andrew Goodman e Michael Schwerner estavam procurando a verdade acerca de um incêndio que tinha acontecido numa igreja afro-americana da região quando sumiram. O filme segue a investigação conduzida pela polícia, que causou um mal-estar na sociedade racista e tensões com a KKK.

Apesar da relevância do longa-metragem, é importante lembrar que a história não aconteceu exatamente do jeito que é narrada. Embora sejam representados de outro modo no filme, na realidade, os agentes policiais mantiveram uma postura de passividade e conivência face aos crimes.

Eu não sou seu negro

Eu não sou seu Negro

O documentário francês e norte-americano de 2016 foi dirigido por Raoul Peck, a partir de uma obra do romancista James Baldwin, e conta com a narração de Samuel L. Jackson.

O longa-metragem segue a vida, a morte e os princípios defendidos por vários amigos do autor que se destacaram na militância pelos direitos humanos, como Martin Luther King, Malcom X e Medgar Evers.

Relatando acontecimentos fulcrais, pautados pela resistência e consciência negra, o filme suscita reflexões e discussões sobre o mundo em que vivemos e os preconceitos que permanecem na nossa sociedade. Eu não sou seu negro está disponível na plataforma de streaming digital Netflix.

13th

~Frame do filme 13th

O documentário norte-americano de 2016 foi dirigido por Ava DuVernay e distribuído pela Netflix, alcançando rapidamente a aprovação do público internacional.

Trata-se de um filme crucial para compreender o sistema prisional do país e suas ligações históricas com a escravidão, a segregação e a opressão dos cidadãos afro-americanos. O tema central é a 13ª emenda à constituição que permite o trabalho forçado (e escravo) para aqueles que estão cumprindo penas de prisão.

Esta análise, urgente e bastante atual, explora questões relacionadas com o racismo, a pobreza e as decisões políticas segregadoras que conduziram ao encarceramento em massa dos cidadãos negros. 13th revela os objetivos escondidos por trás dessas medidas e também as suas consequências no mundo atual.

Bacurau

Frame do filme Bacurau.

Um dos filmes brasileiros mais comentados dos últimos tempos, Bacurau é uma obra de 2019 que combina influências de vários gêneros cinematográficos: drama, fantasia, ficção científica, faroeste, terror, entre outros.

Dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, que também escreveram o roteiro, o longa-metragem retrata a vida de uma pequena cidade localizada no sertão do nordeste brasileiro. Além da ausência de condições de vida básicas como a água potável, os habitantes enfrentam ataques de invasores e precisam unir forças para se defender.

Uma narrativa sobre a revolta popular, o longa-metragem também é um comentário sobre a realidade contemporânea e histórica do Brasil. Bacurau pensa temas estruturais como as desigualdades étnicas e de classe, a corrupção e a ausência de apoios para a população.

Aproveite para conferir a análise completa do filme Bacurau.

Se a Rua Beale Falasse

Frame do filme Se a Rua Beale Falasse

O drama romântico de 2018 foi dirigido por Barry Jenkins e é uma adaptação cinematográfica da obra homônima de James Baldwin. O filme é passado na década de 70 e segue o destino de um casal jovem depois de um evento fatídico.

Alonzo defende a mulher, Clementine, do assédio de um homem branco, gerando reações de ódio dos locais. Na sequência, ele é preso injustamente, devido a acusações falsas que pretendiam visá-lo.

Clementine, que está grávida, precisa enfrentar o sistema carcerário norte-americano e lutar com unhas e dentes para tentar provar a inocência do marido num sistema marcado pela discriminação.

Luta por Justiça

Frame do filme Luta por Justiça

O filme de drama dirigido por Destin Daniel Cretton em 2019 tem por base a história de Walter McMillian, um homem inocente que foi condenado ao corredor da morte.

Com a ajuda de Bryan Stevenson, um jovem advogado que se voluntaria para defender pessoas com dificuldades financeiras, seguimos a sua batalha judicial para provar que é inocente. O caso de violência contra uma mulher branca estava apenas sustentado no testemunho confuso de um bandido.

A narrativa é contada a partir das memórias de Stevenson (reunidas numa obra homônima), que atualmente continua o seu trabalho enquanto advogado e ativista pela justiça social.

Django Livre

Frame do filme Django Livre.

O filme de ação e faroeste lançado em 2012 é um dos maiores sucessos do diretor norte-americano Quentin Tarantino. O protagonista, Django, é um escravo que consegue a sua liberdade quando um caçador de recompensas alemão lhe propõe uma parceria.

Quando a amizade cresce entre os dois, eles embarcam numa aventura e atravessam o país para resgatar a esposa de Django, que se encontra escravizada por um fazendeiro cruel.

A história de vingança, heroísmo e coragem também leva o público a pensar profundamente sobre escravidão, injustiça e violência racista.

Loving

Frame do filme Loving.

O filme de drama histórico, realizado por Jeff Nichols em 2016, foi baseado na biografia de Mildred e Richard Loving.

O casal entrou para a história dos Estados Unidos da América quando, nos anos 50, o seu amor desafiou as leis da segregação que proibiam uniões inter-raciais.

Quebrando as leis da Virginia, estado onde moravam, eles viajaram até Washington para conseguir casar. No regresso, foram presos e acabaram sendo expulsos do seu estado, onde não puderam regressar durante 25 anos.

Ó Paí, Ó

Frame do filme Ó Paí, Ó.

A comédia musica brasileira de 2007 foi dirigida por Monique Gardenberg e criada a partir de um texto do dramaturgo Márcio Meirelles.

Passada num cortiço localizado na cidade de Salvador, a narrativa começa no final do Carnaval. Enfurecida pelo clima de festa, Dona Joana, a síndica religiosa, decide cortar a água do local. Assim, todos os moradores precisam se unir para resolver a situação.

Um retrato do modo de vida baiano, o longa-metragem aborda temáticas incontornáveis sobre a realidade brasileira, como as desigualdades sociais e a discriminação racial.

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Carolina Marcello
Carolina Marcello
Mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes e licenciada em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Apaixonada por leitura e escrita, produz conteúdos on-line desde 2017, sobre literatura, cultura e outros campos do saber.