8 principais danças folclóricas do Brasil e do mundo


Laura Aidar
Laura Aidar
Arte-educadora, fotógrafa e artista visual

As danças folclóricas existem no mundo todo e são uma importante manifestação da cultura de um povo. Por isso, possuem particularidades distintas, dependendo de sua origem, local e propósito.

Muitas vezes essas danças típicas e populares carregam significados e motivações religiosas, outras vezes são de ordem profana e têm como intuito o divertimento.

O fato é que são danças tradicionais que transmitem os valores e anseios coletivos através do movimento e da música, contribuindo para manter viva a herança cultural de uma sociedade.

1. Maracatu (Pernambuco)

O maracatu é uma expressão popular genuinamente brasileira. Faz parte das danças folclóricas do nordeste, abarcando também a música e o figurino.

Ocorre precisamente no estado de Pernambuco e data da época colonial, trazendo elementos fortes africanos, portugueses e indígenas.

A dança manifesta-se de forma elaborada e constitui um componente de destaque nessa festa que simula a coroação de reis do Congo.

A espiritualidade é outro ponto importante no maracatu, que está intimamente entreligado às religiões de matriz africana como o candomblé, o que é possível observar através dos movimentos realizados sobretudo pelas baianas e damas do paço.

Uma característica que salta aos olhos nessa grande celebração são as vestimentas, ricamente elaboradas com fitas, brilhos e cores intensas.

2. Samba de roda (Bahia)

Samba de roda é uma manifestação folclórica brasileira que reúne música e dança. Sua origem ocorreu no estado da Bahia e está relacionada às rodas de batuque realizadas entre os africanos escravizados na época do Brasil colonial, no século XVII.

Se chama samba de roda porque os participantes se colocam em formação circular.

Os músicos tocam instrumentos como pandeiro, cavaquinho, violão e agogô enquanto outras pessoas dançam no centro da roda e os demais acompanham com palmas.

Essa é uma expressão popular ligada aos chamados cantos de trabalho, músicas entoadas por trabalhadoras e trabalhadores durante a lida em tarefas muitas vezes repetitivas.

Entretanto, o samba de roda é também uma oportunidade de celebração, divertimento e interação social.

Samba de roda do Recôncavo baiano. Foto: Maria Eugenia Tita
Samba de roda do Recôncavo baiano. Foto: Maria Eugenia Tita

3. Frevo (Pernambuco)

Mais uma dança típica nordestina é o frevo. Surgida em Pernambuco, essa dança folclórica faz parte da tradição carnavalesca de rua, principalmente nas cidades de Olinda e Recife.

Datada do século XIX, a manifestação surge como uma forma de resistência e afirmação do povo negro na figura de escravos libertos, os chamados “capoeiras”, em um contexto pós-abolicionista de disputas e repressão.

A palavra “frevo” têm origem no termo “frever”, usado pelo povo com o significado de ferver, e se encaixa perfeitamente ao ritmo acelerado e frenético da dança.

Os instrumentos que embalam o ritmo são os de sopro e os movimentos são habilidosos e rápidos, incluindo alguns originados na capoeira.

O figurino é colorido e a presença de uma pequena sombrinha é essencial.

Leia também: Curiosidades incríveis sobre o frevo

4. Catira (Goiás, Minas Gerais e interior de São Paulo)

Na região sudeste há uma dança popular típica de algumas cidades do interior, a catira. Essa manifestação folclórica surgiu como parte da cultura sertaneja e foi se difundindo para outros locais do Brasil, como a região centro-oeste.

Sua origem abarca elementos da cultura indígena, europeia e africana, datando do período colonial.

Está interligada à atividade dos tropeiros, homens que tinham a função de conduzir grupos de animais de um local a outro. Assim, durante os encontros e momentos de folga e descontração desses trabalhadores, surgiu a catira.

A dança tem como trilha sonora a moda de viola e seus participantes são dispostos em duas fileiras, uma de frente para outra. Os movimentos são basicamente as palmas, pulos e batidas dos pés no chão, como uma espécie de sapateado caipira.

5. Bumba meu boi (Norte e Nordeste)

No norte e nordeste do Brasil temos a festa do Bumba meu boi (ou Boi Bumbá). A expressão popular reúne dança, música e encenação, surgindo por volta do século XVII entre a população escravizada.

Está relacionada à lenda da Mãe Catirina e traz a encenação de uma história que simboliza as relações entre trabalhadores e patrões.

Com diversos elementos e personagens ricamente trajados com figurinos e fantasias extravagantes, o Bumba meu boi é, além de uma brincadeira, uma celebração a santos populares.

A manifestação carrega ainda influências dos povos indígenas e africanos, sendo a estrela da festa a figura do boi, que na história contada é morto e depois ressuscita pelas mãos de um pajé.

6. Tango (Argentina)

O tango é uma dança típica da Argentina e teve origem nas proximidades do Rio da Prata, na Argentina e Uruguai, no século XIX.

Assim, como outras manifestações folclóricas, integra dança e música. Surgiu nas camadas populares e suburbanas, sendo executado em bares e prostíbulos.

Atualmente é dançado por um casal, mas nem sempre foi assim, em sua origem, os participantes eram dois homens, que dançavam sem trocar olhares.

A partir de 1910, a dança e música passaram a ocupar outros espaços, mais elitizados. As características do estilo são a sensualidade e a dramaticidade.

7. Odissi (Índia)

Na Índia, uma das danças mais tradicionais é a Odissi. A expressão folclórica, surgida em torno do século II a.C, é uma dança clássica originária do estado de Orissa. Posteriormente, passou a ser executada também em Déli, a capital do país.

Essa é uma dança delicada e simbólica que se surge com propósito espiritual. Nela, os movimentos são todos calculados, cada gesto tem um significado, seja das mãos, dos pés e até mesmo expressões faciais.

A vestimenta é um sari, roupa típica, a maquiagem tem destaque e os dedos das mãos e sola dos pés são marcados com tinta vermelha.

8. Dança do ventre (Oriente Médio)

A dança do ventre, como é conhecida no mundo ocidental, é uma dança milenar de origem árabe que surgiu entre as mulheres em países do Oriente Médio e Norte da África. Está relacionada a assuntos femininos como a gestação, trabalhos de parto e fertilidade.

Os movimentos nessa dança são sinuosos e circulares, evidenciando o ventre e trazendo gestos fluidos nos braços.

O figurino é parte importante da exibição e sofreu diversas modificações ao longo do tempo e dependendo das regiões. Alguns elementos que podem ser utilizados são espadas, bengalas e véus.


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Laura Aidar
Laura Aidar
Arte-educadora, artista visual e fotógrafa. Licenciada em Educação Artística pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e formada em Fotografia pela Escola Panamericana de Arte e Design.