As 13 obras imperdíveis de Beatriz Milhazes


Rebeca Fuks
Rebeca Fuks
Doutora em Estudos da Cultura

A pintora brasileira Beatriz Milhazes já deixou de ser considerada apenas uma joia da arte brasileira para alcançar salões internacionais com a sua arte abstrata.

Nascida no Rio de Janeiro, a pintora começou as suas investidas no universo artístico através da pintura, da gravura e das colagens. Até os dias de hoje, Milhazes chama a atenção por criar obras super coloridas e originais com um DNA inconfundível.

Vamos conhecer juntos alguns desses preciosos trabalhos!

1. Mulatinho

Mulatinho.
Mulatinho.

Pintado em 2008, Mulatinho é uma tela típica do estilo da artista: repleta de cores e formas geométricas. A tela é enorme, tem 248 x 248 cm, e atualmente pertence a uma Coleção particular. O uso de arabescos também é frequente na poética visual composta pela artista.

2. Mariposa

Mariposa.
Mariposa.

Pintado em 2004, o quadro fez parte de uma exposição chamada Jardim Botânico, realizada no Pérez Art Museum Miami, nos Estados Unidos. Trata-se de um acrílico sobre tela quadrado com dimensões grandes (249 x 249 cm).

O curador-chefe responsável por essa retrospectiva de Beatriz Milhazes realizada nos Estados Unidos foi Tobias Ostrander, a mostra reuniu 40 obras da artista.

3. O mágico

O mágico.
O mágico.

A tela O mágico foi a primeira a quebrar o recorde de obra brasileira contemporânea mais bem paga em leilões estrangeiros. Até então o recorde era da pintora paulista Tarsila do Amaral. Pintado em 2001, o quadro foi vendido em um leilão da Sotheby’s, em Nova Iorque, em 2008, por US$ 1,05 milhão.

4. O moderno

O moderno.
O moderno.

Outro grande sucesso internacional de Beatriz Milhazes é a tela O moderno, pintada em 2002. Em um leilão realizado na Sotheby's em 2015, a obra foi arrematada por US$ 1,2 milhão. Antes de ir a leilão, a tela havia pertencido a um colecionador espanhol que a comprou em 2001 por US$ 15 mil. O moderno é uma obra típica da artista, com uma série de círculos ocupando quase a totalidade da tela.

5. O espelho

O espelho.
O espelho.

Concebida em 2000, essa arte abstrata de Beatriz Milhazes trata-se de uma obra de serigrafia grande, com 101,6 cm por 60,96 cm, realizada em Papel Coventry Rag 335 g. É uma criação vertical, em tons majoritariamente pasteis (em geral pouco usados pela artista) com os típicos arabescos e círculos que compõe a impressão digital da artista.

6. O buda

O buda.
O buda.

Também criada no ano 2000, O buda é uma pintura acrílica sobre tela com dimensões enormes (191 cm x 256,50 cm). O quadro é um exemplo prático de como a artista gosta de trabalhar com imensas cores fortes e pujantes - o carnaval, inclusive, é uma inspiração para as suas criações.

7. In Albis

In Albis
In Albis.

O título do quadro escolhido pela artista significa "inteiramente alheio a um assunto; sem noção do que deveria saber." Pintada em 1996, a obra é uma acrílica sobre tela de 184.20 cm por 299.40 cm e pertence, desde 2001, ao acervo da Coleção Solomon R. Guggenheim Museum de Nova Iorque (Estados Unidos).

8. O elefante azul

O elefante azul.
O elefante azul.

Criada em 2002, a tela O elefante azul foi levada a leilão na Christie’s e acabou arrematada por quase US$ 1,5 milhão. A artista falou na ocasião a respeito da composição dessa tela específica:

Ela tem uma estrutura musical em sua composição. A grande característica dentro deste contexto são as pautas musicais que eu comecei a trabalhar no início dos anos 2000 e que eu já vinha trabalhando com os arabescos. São elementos musicais específicos que discutem entre si, com ritmos diferentes, cores e formas criando uma geometria musical.

9. Beleza pura

Beleza pura
Beleza pura.

Pintada em 2006, Beleza pura é uma obra acrílica sobre tela de grandes proporções (200cm por 402cm). A peça tem uma mistura riquíssima de cores que se harmonizam entre si criando uma ideia de todo, embora para micro pedaço possa ser percebido a partir da sua beleza singular.

10. As quatro estações

As quatro estações.
As quatro estações.

A coletânea As quatro estações reúne quatro telas imensas que representam as etapas do ano - primavera, verão, outono e inverno. Os quadros, de grandes dimensões, tem todos a mesma altura, embora possuam larguras diferentes, em sintonia com a duração desigual de cada estação. Este trabalho já foi exposto na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

11. Liberty

Liberty
Liberty, 2007.

A obra Liberty foi criada em 2007 e trata-se de uma colagem sobre papel com 135cm x 130cm. O trabalho reúne uma série de embalagens recortadas e sobrepostas. Chama a atenção o colorido da peça e também as já características esferas que povoam a obra de Milhazes.

12. Gamboa

Gamboa
Gamboa.

Gamboa é o nome de um bairro boêmio do Rio de Janeiro, mas também é o nome que Beatriz Milhazes escolheu para batizar uma de suas peças, um imenso móbile colorido.

As criações em 3D são uma novidade na produção da artista que afirma:

É um novo começo na minha carreira, ainda não consigo raciocinar o 3D pelo 3D. Mas já visualizo os círculos que pintava nos quadros como esferas, ganhando esta fisicalidade no mundo real. Mesmo não tendo volume, minhas telas já traziam uma sobreposição de imagens que indicava uma profundidade possível no espaço plano. Ver as imagens ganhando corpo ajuda a pensar a disposição dos elementos na pintura — comenta a pintora, que pensa em dar sequência às obras escultóricas. — Pode ser um caminho futuro. Gosto muito da possibilidade de penetrar nas obras, apesar de estas esculturas não serem interativas. A sonoridade dos materiais também me anima muito.

13. Um sonho de valsa

Um sonho de valsa.
Um sonho de valsa.

A tela Um sonho de Valsa (conhecida em inglês como Dream Waltz) foi criada entre 2004 e 2005 e trata-se de uma colagem. São embalagens do bombom Sonho de Valsa para além dos rótulos de Bis, Crunch, e uma série de outros chocolates nacionais e importados das mais variadas marcas. O trabalho tem 172,7 cm por 146,7cm e em fevereiro de 2017 foi a leilão na Bolsa de Arte do Rio de Janeiro por lance mínimo de 550 000 reais.

Biografia

A pintora Beatriz Ferreira Milhazes nasceu no Rio de Janeiro no ano de 1960. Formou-se em comunicação social pela Faculdade Hélio Alonso e em artes plásticas pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage, em 1983. Permaneceu no parque Lage como professora de pintura até 1996.

Além das telas, Beatriz Milhazes também trabalha junto com a irmã, a coreógrafa Márcia Milhazes, sendo responsável pelos cenários.

A artista ganhou fama internacional após participar das bienais de Veneza (2003), de São Paulo (1998 e 2004) e de Shangai (2006).

Em relação as exposições individuais, realizou trabalhos nacionais como na Pinacoteca do Estado de São Paulo (2008) e no Paço Imperial, Rio de Janeiro (2013).

No estrangeiro teve mostras individuais nos seguintes espaços:

- Fondation Cartier, Paris (2009)

- Fondation Beyeler, Basel (2011)

- Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa (2012)

- Museo de Arte Latinoamericano (Malba), em Buenos Aires (2012)

- Pérez Art Museum, em Miami (2014/2015).

Em março de 2010, recebeu a comenda da Ordem do Ipiranga pelo Governo do Estado de São Paulo.

O atelier da artista fica no bairro do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, e atualmente possui apenas um único assistente.

Beatriz Milhazes

Beatriz Milhazes e os anos 80

Quando tinha 24 anos a artista participou do movimento artístico Como Vai Você, Geração 80, onde 123 artistas que questionaram a ditadura militar através dos seus trabalhos celebraram a tão ansiada democracia. A exposição coletiva foi realizada no ano de 1984, na Escola de Artes do Parque do Lage, no Rio de Janeiro.

Apesar de ter acontecido no Rio, a exposição contou com participantes de São Paulo (da FAAP) e de Minas Gerais (da Escola Guinard e da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais).

Ao lado de Beatriz Milhazes estavam grandes nomes como Frida Baranek, Karen Lambrecht, Leonilson, Ângelo Venosa, Leda Catunda, Sérgio Romagnolo, Sérgio Niculitcheff, Daniel Senise, Barrão, Jorge Duarte e Victor Arruda.

Retrato tirado durante a mostra Como vai você, geração 80.
Vista da piscina do parque Lage durante a mostra Como vai você, geração 80.
Retrato tirado durante a mostra Como vai você, geração 80.
Retrato tirado durante a mostra Como vai você, geração 80.

Onde estão as obras de Beatriz Milhazes

É possível encontrar obras da artista brasileira contemporânea nas coleções do Museum of Modern Art (MoMA), do Solomon R. Guggenheim Museum, do Metropolitan Museum of Art (Met), em Nova Iorque, do 21st Century Museum of Contemporary Art, no Japão e no Museo Reina Sofia, em Madrid, entre outros.

Em 2007, Milhazes criou um projeto específico para trazer brasilidade a estação de metrô de Gloucester Road, em Londres. Os painéis feitos em vinil adesivo recortado, enormes, ficavam mesmo na plataforma.

Peace and love, no metro de Londres.
Peace and love, no metro de Londres.

Uma intervenção similar, realizada com a mesma técnica, foi feita também em Londres, no restaurante da Tate Modern.

Tate Modern, Londres.
Tate Modern, Londres.

Curiosidade: você faz ideia do valor de venda das telas de Beatriz Milhazes?

O primeiro quadro que a artista vendeu foi em 1982, para uma colega do curso de pintura da Escola de Artes do Parque do Lage, no Rio de Janeiro. De lá para cá muita coisa mudou, atualmente Beatriz Milhazes é considerada a artista brasileira viva mais cara.

Foram dois os recordes quebrados, em 2008, a tela O Mágico (2001) foi vendida por US$ 1,05 milhão. Em 2012, a tela Meu Limão (2000) foi arrematada Galeria Sotheby’s por US$ 2,1 milhões.

Meu limão.
Meu limão.

Conheça também

Rebeca Fuks
Rebeca Fuks
Formada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2010), mestre em Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013) e doutora em Estudos de Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e pela Universidade Católica Portuguesa de Lisboa (2018).