As 11 obras de Andy Warhol que você precisa conhecer!


Rebeca Fuks
Rebeca Fuks
Doutora em Estudos da Cultura

Considerado um dos pais da pop art, Andy Warhol (1928-1987) foi um artista plástico polêmico e inovador que criou obras que permaneceram no imaginário coletivo ocidental.

Conheça agora as suas onze obras mais icônicas!

1. Marilyn Monroe

Marilyn Monroe andy warhol
GENOA (GENOVA), ITÁLIA, 28 DE DEZEMBRO DE 2016 - Palazzo Ducale, mostra dedicada à exposição do evento de Andy Warhol. A projeção representa o rosto de Marilyn Monroe que se tornou amiga do artista. Shutterstock.com/faber1893

A estrela do cinema hollywoodiano Marilyn Monroe faleceu no dia 5 de agosto de 1962. No mesmo ano, semanas após a sua morte, Warhol criou aquela que seria a sua serigrafia mais consagrada: uma homenagem à diva.

A mesma imagem de Marilyn recebeu diferentes experimentações com cores vivas, a fotografia original fazia parte da divulgação publicitária do filme Niagara, lançado em 1953. O trabalho de Warhol tornou-se um dos emblemas da pop art.

2. Mao Tsé-Tung

Warhol começou a se interessar pela figura do ex-presidente chinês Mao Tsé-Tung a partir de 1972, ano em que Richard Nixon, então presidente dos Estados Unidos, fez a sua primeira visita à China. Já nesse mesmo ano o artista norte-americano principiou a esboçar caricaturas da autoridade chinesa.

A imagem criada do líder que tornou-se a mais célebre caricatura da autoridade chinesa foi pintada em 1973. Feito a partir de pinceladas fortes e com muita cor, Mao Tsé-Tung aparece inclusive como se estivesse usando maquiagem.

O batom e a sombra nos olhos sobressaem diante da fotografia a preto e branco assim como o fundo, reinventado a rosa, e a roupa, colorida a amarelo fluorescente.

3. Banana

Banana
MILÃO, ITÁLIA - SETEMBRO, 13: A famosa banana desenhada por Andy Warhol para a capa do Velvet Underground durante a exposição Arts & Foods com curadoria de Germano Celant em 13 de setembro de 2015. Shutterstock.com/bepsy

A banana amarela foi utilizada como capa no álbum inaugural da banda The Velvet Underground. Andy Warhol era bastante ligado à música e, na década de 1960, decidiu se associar com o grupo. Cinco anos mais tarde tornou-se inclusive empresário da banda.

O disco que carrega a banana na capa é considerado “o álbum de rock mais profético de todos os tempos” e um dos maiores álbuns da história segundo a revista Rolling Stone. A celebre banana, por sua vez, se descolou da imagem da banda e do álbum para virar uma das imagens símbolo da arte pop.

4. Mickey Mouse

Em 1981, Andy Warhol criou uma série que chamou de Myths e que abrigava dez representações em serigrafia de personagens ficcionais populares da cultura ocidental. Um dos personagens escolhidos - e talvez o que tenha tido o maior sucesso, foi o Mickey Mouse.

Uma curiosidade sobre a série: todos os trabalhos foram incrustados com pó de diamante, uma técnica utilizada para fazer com que as peças brilhassem.

5. Coca Cola

Fascinado pelo ícone norte-americano, representante da sociedade de consumo, Warhol pegou no objeto símbolo da cultura de massa - a Coca Cola - e o elevou ao estatuto de obra de arte. O artista criou uma série de representações da garrafa, a imagem acima foi nomeada como a número 3.

A Coca Cola 3 foi feita a mão em 1962 e acabou por ser vendida por 57,2 milhões de dólares. Trata-se de uma das peças do artista mais caras já vendidas em leilão.

6. Self-Portrait

Warhol fez uma série de autorretratos ao longo da vida, talvez o mais consagrado tenha sido o acima, datado de 1986, um ano antes da sua morte. Nessa sequência, o artista trabalhou com cinco versões de uma mesma imagem (a série continha um exemplar verde, um azul, um roxo, um amarelo e um vermelho).

No conjunto de imagens fica claro as marcas do passar do tempo e vemos um artista já mais cansado e envelhecido do que outrora. A obra que escolheu para o representar a si próprio ficou consagrada como uma das imagens mais icônicas do século XX.

7. Campbell's soup cans

Campbells soup cans
Man looks at the painting, MoMA, New York, USA on 5 April 2023. Shutterstock.com/Raymond Well

O conjunto de imagens planejado e realizado por Andy Warhol em 1962 intitulado Campbell's Soup Cans consiste na reunião de 32 telas. Cada tela foi pintada em homenagem ao rótulo das 32 variedades de sopas oferecidas pela empresa Campbell no mercado norte-americano.

A obra tornou-se um ícone da cultura pop por transpor um produto considerado de massa e transformá-lo dando a ele o estatuto de obra de arte. Atualmente o conjunto faz parte do acervo permanente do MOMA (Museum of Modern Art) de Nova Iorque.

8. Big eletric chair

No ano de 1963, O Estado de Nova Iorque realizou as suas duas últimas execuções com cadeira elétrica. Nesse mesmo ano, o artista Andy Warhol teve acesso a uma fotografia tirada da câmara de execução com a cadeira vazia.

A partir daí o que o pintor fez foi criar uma série de imagens em sequência e coloridas como uma metáfora da morte e acendendo o debate sobre a controversa pena de morte.

9. Eight Elvises

Eight Elvises foi uma pintura única, realizada em 1963. O trabalho sobrepõe fotografias do famoso Elvis Presley em traje de cowboy compondo uma pintura com oito imagens em sequência.

A obra, considerada uma das obras-primas de Warhol, foi vendida em 2008 por 100 milhões de dólares. A venda quebrou o recorde de uma pintura de Warhol e o preço pago por Eight Elvises ainda é o maior pago por uma pintura do artista se o valor da inflação for ajustado.

10. Gold Marilyn Monroe

Após a trágica e prematura morte da atriz Marilyn Monroe, em agosto de 1962, Wahrol fez uma série em homenagem aquela que foi o ícone do cinema norte-americano.

O artista baseou a peça acima no retrato de Marilyn presente em uma publicidade do filme Niagara (1953). Ele pintou o fundo de ouro antes de serigrafar o rosto corado ao centro, acrescentando o preto para destacar com mais clareza as suas feições.

O pano de fundo a ouro faz uma referência a ícones religiosos bizantinos. Ao invés de observarmos um santo ou um Deus, encaramos a imagem de uma mulher que alcançou a fama e morreu jovem, de um modo terrível (Monroe tomou uma overdose de pílulas para dormir e nunca mais acordou). Warhol sutilmente comenta através dessa serigrafia um pouco da nossa cultura ocidental de glorificação de celebridades ao nível do divino.

11. Brillo Box

Brillo boxes
LONDRES, REINO UNIDO - 24 de outubro de 2020: Sabonetes Brillo de Andy Warhol na Tate Modern. Shutterstock.com/Wirestock Creators

Criada em 1964 ainda usando a técnica de silkscreen, Andy Wahrol apresentou ao público réplicas exatas de produtos vendidos nos supermercados. No caso acima o silkscreen foi feito em compensado de madeira com o intuito de reproduzir a caixa de sabão de uma marca muito frequente nos Estados Unidos.

Brillo Boxes consistia em peças empilháveis, idênticas, esculturas de poderiam ser dispostas de várias maneiras na galeria ou no museu. Ao escolher como protagonista da sua obra de arte um produto vulgar, Warhol novamente provoca (ou mesmo zomba) do mundo da arte conservador e do estatuto conferido ao artista-criador. Brillo Boxes é uma das suas obras mais polêmicas e consagradas.

Descubra Andy Warhol

Andy Warhol foi um artista plástico norte-americano que acabou por se tornar a principal figura do movimento pop art. Andrew Warhola, que ficou conhecido no meio artístico apenas como Andy Warhol, nasceu na cidade de Pittsburgh, no dia 6 de agosto de 1928. O rapaz foi a primeira geração nascida em solo norte-americano uma vez que os pais, imigrantes, vieram da Eslováquia. O pai, Andrei, mudou para o novo continente porque temia ser convocado pelo exército austro-húngaro.

Warhol cursou design no famoso Instituto de Tecnologia Carnegie. Depois de formado, mudou-se para Nova York onde trabalhou como publicitário e ilustrador de veículos consagrados como a Vogue, a Harper's Bazaar e o New Yorker.

Em 1952, o artista criou a sua primeira exposição individual que consistia na exibição de quinze desenhos inspirados na produção de Truman Capote. Naquela época, Andy ainda assinava com o seu nome de batismo (Andrew Warhola).

Em 1956, o artista consegue exibir esses mesmos desenhos no MOMA, em Nova Iorque, já agora passando a assinar com o seu nome artístico Andy Warhol. A partir de então o artista investe na representação de objetos americanos icônicos, celebridades, personagens fictícios e temas tradicionais como flores. A pegada colorida, polêmica, bem humorada e despojada deu um novo ar a pop art.

Além de trabalhar como artista plástico, Wahrol também atuou como cineasta. Entre os seus principais filmes produzidos estão:

  • Milk (1966)
  • The Andy Warhol Story (1967)
  • Bike Boy (1967)
  • Tub Girl (1967)
  • I’ a Man (1967)
  • Lonesome Cowboys (1968)
  • Flesh (1968)
  • Blue Movie (1969)
  • Trash (1969)
  • Heat (1972)
  • Blood of Dracula (1974)

Em 1968, aos 40 anos, Andy foi vítima de um atentado. Valerie Solanis, criadora e única integrante do grupo Society for Cutting Up Men adentrou em seu estúdio e disparou uma série de vezes. Apesar de não ter ido a óbito, Warhol ficou com uma série de sequelas do atentado.

O artista veio a falecer somente em 1987, aos 58 anos, após uma cirurgia na vesícula biliar. Apesar da cirurgia ter corrido bem, o artista faleceu no dia seguinte.

Retrato de Andy Warhol.
Retrato de Andy Warhol. Shutterstock.com

A amizade com Jean-Michel Basquiat

Reza a lenda que Basquiat encontrou pela primeira vez com Warhol durante um jantar num badalado restaurante. Warhol estaria com o curador Henry Geldzahler. Logo Warhol e Basquiat se encantaram um pelo outro. Há quem diga que tratava-se de uma relação simbiótica: Basquiat achou que precisava da fama de Andy, e Andy achou que ele precisava do sangue novo de Basquiat. Fato é que Basquiat de fato deu a Andy uma imagem rebelde novamente.

Wahrol era bem mais velho que Basquiat e muitas vezes tratava-o como um filho. A verdade é que os dois desenvolveram uma amizade muito próxima, tão próxima que alguns chegaram a apontar os dois como um par romântico. Apesar de Wahrol ter sempre se declarado gay, Basquiat teve inúmeras namoradas (inclusive Madonna).

Com a inesperada morte de Warhol, Basquiat acabou por cair em luto profundo. Seu destino foi trágico: o jovem entrou no mundo das drogas, abusou da heroína e morreu de overdose aos apenas 27 anos. A história de Basquiat e a amizade com Warhol pode ser conferida no filme autobiográfico Basquiat - Traços de uma vida:

A banda The Velvet Underground

O versátil artista plástico Andy Warhol decidiu criar e patrocinar a banda de rock The Velvet Underground durante a década de 1960. A ideia era constituir um conjunto experimental, de vanguarda, referência na música contemporânea. Foi assim que nasceu, em 1964, a trupe composta por Lou Reed (voz e guitarra), Sterling Morrison (guitarra), John Cale (baixo), Doug Yule (que substituiu Cale em 1968), Nico (voz), Angus MacAlise (bateria) e Maureen Tucker (que substituiu Angus MacAlise).

Wahrol gostou tanto do trabalho apresentado pela banda que resolveu, em 1965, empresariar o grupo. Os The Velvet Underground foram considerados por críticos musicais como uma das maiores criações da história do rock’n roll. Vale também sublinhar que Wahrol fez a capa do primeiro disco do grupo (a imagem contendo a famosa banana amarela).

The Andy Warhol Museum

O museu dedicado exclusivamente as obras de Andy Warhol encontra-se localizado em Pittsburgh, na Pennsylvania (Estados Unidos). O espaço - um edifício de sete andares - concentra o maior número de trabalhos do artista plástico e procura elucidar para o visitante um pouco da história pessoal de Warhol.

O piso sete está dedicado as obras produzidas nos primeiros anos, o piso seis está voltado para os trabalhos desenvolvidos na década de 1960, o piso cinco para as produções dos anos 1970, o piso quatro para as criações de 1980 enquanto os outros andares exibem exposições temporárias ou abrigam a conservação do acervo.

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Rebeca Fuks
Rebeca Fuks
Formada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2010), mestre em Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013) e doutora em Estudos de Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e pela Universidade Católica Portuguesa de Lisboa (2018).