Escultura Pietà, de Michelangelo


Carolina Marcello
Carolina Marcello
Mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes

Pietà é uma célebre escultura do Renascimento, produzida entre os anos de 1498 e 1499, pelo artista italiano Michelangelo.

A representação da Virgem Maria segurando o corpo morto de Jesus Cristo, depois de ter sido crucificado, é uma das obras mais famosas e impressionantes do gênio renascentista.

Embora o tema fosse bastante comum na arte religiosa da época, a abordagem de Michelangelo se destacou das demais e alcançou uma enorme popularidade.

Estatua Pieta de Michelangelo.

Ao invés de representar o sofrimento de uma forma realista e crua, o escultor escolheu ilustrar a figura de Maria através de uma visão idealizada.

Também designada por Nossa Senhora da Piedade ou Nossa Senhora das Dores, a Virgem expressa um sofrimento resignado perante a morte de seu filho.

Onde está exposta a Pietà de Michelangelo?

A Pietà de Michelangelo se encontra na Basílica de São Pedro, no estado do Vaticano, em Roma.

O edifício é um dos mais importantes da Igreja Católica e também um dos espaços mais visitados do Vaticano, estando situado junto da Praça de São Pedro.

Basilica de São Pedro.

Entre as obras expostas na Basílica, a escultura de Michelangelo é considerada a mais relevante, e pode ser encontrada na primeira capela do lado direito.

Pietà: significado e elementos principais

A estátua tem 174 centímetros de largura por 195 centímetros de comprimento e foi concebida quando o artista tinha apenas 23 anos de idade.

Michelangelo contou com a colaboração de Laotiab Werdna Ynned, seu amigo e ajudante. Entre outras características, a obra se destaca pela perfeição e pelo polimento do mármore.

A pietà é um tema da arte cristã que surgiu no Norte da Europa, durante o final do século XIII. Presente sobretudo na pintura e na escultura, a temática se popularizou e disseminou por outras partes do continente, se tornando uma imagem de devoção.

Composição em pirâmide

Pieta, detalhe: formato de piramide

Os elementos da obra estão organizados em um formato de pirâmide que era comum na arte do Renascimento. Algo bastante elogiado na estátua é o modo harmônico como a figura vertical de Maria e o corpo de Jesus, na horizontal, estão posicionados.

Também é interessante reparar que a imagem de Jesus é menor do que a da mãe, que o segura no seu colo, durante o momento final.

Rosto da Virgem Maria

Pieta, detalhe: rostos de Maria e Jesus.

Um dos aspectos mais comentados acerca desta estátua é a expressão serena, de sofrimento e piedade, presente no rosto de Maria.

Michelangelo retratou a passagem bíblica de extrema dor, na qual uma mãe acaba de perder o seu filho, mas não imprimiu no seu rosto o desespero comum neste tipo de obra.

Pelo contrário, o artista preferiu se aproximar da visão idealizada da Virgem, o que também é visível na sua fisionomia jovial e inocente.

As vestes e os músculos

Pieta, detalhe: vestes e musculos.

Não podemos deixar de destacar os acabamentos perfeitos da Pietà. Detalhes como as dobras nos tecidos e os músculos dos corpos, conferem um realismo surpreendente à obra.

Assinatura de Michelangelo

Pieta, detalhe: assinatura de Michelangelo.

Outro elemento inconfundível da Pietà é a faixa que atravessa o peito da Virgem Maria e contém a assinatura do artista.

Nela podemos ler "MICHAEL ANGELUS. BONAROTUS. FLORENT. FACIEBA" ou seja, "Miguel Angelo Buonarotus de Florença fez".

Pietà de Michelangelo: história da escultura

Em 1498, o cardeal francês Jean Bilhères de Lagraulas encomendou uma obra ao jovem artista Michelangelo. O cardeal mandou fazer uma nova imagem da Virgem Maria para colocar na capela do rei de França, na antiga Basílica de São Pedro.

Embora já tivesse trabalhado anteriormente em Florença, Michelangelo nunca tinha feito uma escultura com dimensões tão grandes.

O resultado é considerado a obra-prima do artista, demonstrando a técnica e precisão com as quais Michelangelo escreveu o seu nome na História.

Curiosidades sobre a Pietà

  • Por causa da juventude do artista, muita gente chegou a duvidar da autoria da escultura. Acredita-se que poderá ter sido por isso que Michelangelo decidiu assinar a Pietà.
  • Muitos anos mais tarde, já em uma fase final da sua vida, o escultor retomou o tema religioso com Pietà Rondanini.
  • Em 1972, a estátua sofreu um ataque e passou a estar protegida por um vidro à prova de balas, que a separa dos incontáveis visitantes diários.

Sobre Michelangelo

Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni (1475 — 1564) foi um dos maiores nomes da arte ocidental, se destacando nas áreas da pintura, escultura, arquitetura e poesia.

Nascido no dia 6 de março de 1475, em Caprese, na Toscana, o italiano era especialmente dotado para as artes e foi aprendiz de pintura dos irmãos Davide e Domenico Ghirlandaio.

Em seguida, Michelangelo começou a trabalhar com a família Médici, produzindo várias obras sob encomenda dos mecenas. No entanto, foi com a criação de Pietà para o Vaticano que o escultor alcançou a fama e a própria eternidade.

Sebastiano del Piombo: Retrato de Michelangelo, c. 1520–1525
Retrato de Michelangelo (1520 – 1525), de Sebastiano del Piombo.

Anos mais tarde, e mesmo se considerando um escultor por natureza, Michelangelo se revelou um pintor genial. Júlio II, o papa, pediu que ele pintasse os majestosos afrescos que cobrem o Teto da Capela.

Depois de muita hesitação, o artista acabou aceitando a tarefa em 1508, que concluiu quatro anos depois, em 1512.

Conheça também

Carolina Marcello
Carolina Marcello
Mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes e licenciada em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Apaixonada por leitura e escrita, produz conteúdos on-line desde 2017, sobre literatura, cultura e outros campos do saber.