11 principais obras de Tarsila do Amaral


Rebeca Fuks
Rebeca Fuks
Doutora em Estudos da Cultura

Tarsila do Amaral teve uma carreira de sucesso e é um dos principais nomes da pintura brasileira. Para compreender um pouco mais da sua trajetória, selecionamos as suas onze obras de arte mais importantes.

Abaporu, 1928

abaporu

Abaporu talvez seja o quadro mais famoso pintado por Tarsila. Criado em 1928, a tela foi um presente oferecido por ela para o então marido, o escritor Oswald de Andrade. A tela promove uma exaltação da cultura nacional e é bastante representativa da fase antropofágica da pintora, ocorrida entre 1928 e 1930. O quadro atualmente faz parte do acervo do Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires.

Antropofagia, 1929

antropofagia

Antropofagia é um quadro que tem a digital da pintora e reúne traços comuns que já haviam sido testados em A negra e Abaporu. Há quem considere o quadro de fato uma fusão das duas pinturas. Chama a atenção as formas inchadas e com perspectivas alteradas utilizadas, assim como a predominância do verde explorado em plantas tipicamente brasileiras, ao fundo da paisagem. A tela se encontra exposta na Fundação José e Paulina Nemirovsky, em São Paulo, e tem 79x101cm de dimensão.

Operários, 1933

Operários

Em 1931, expôs em Moscou já sensibilizada com a causa comunista, apresentada pelo seu novo namorado, o médico Osório Cesar. Em 1933, ainda contagiada pelo espírito ideológico, pintou a tela Operários.

O quadro retrata o período de industrialização em São Paulo. As feições dos operários são muitas vezes sobrepostas e abatidas, chama a atenção também a quantidade de rostos que a pintora é capaz de ilustrar na imagem.

Operários talvez seja a tela social mais representativa pintada por Tarsila. Foi elaborada em 1933 e é enorme, tem 150x205cm. Atualmente faz parte do Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo.

Conheça mais a fundo o Quadro Operários, de Tarsila do Amaral.

A negra, 1923

A negra

Criada em 1923, A negra é uma pintura a óleo sobre tela com 100x80cm de dimensão. A tela foi revolucionária porque representou, pela primeira vez, com protagonismo, uma negra. O também pintor Fernand Léger, então professor de Tarsila, ficou encantado com o trabalho. Atualmente a tela se encontra no acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo.

Retrato de Oswald de Andrade, 1922

Oswald de Andrade pintado por Tarsila em 1922.
Oswald de Andrade pintado por Tarsila em 1922.
Oswald de Andrade
Oswald de Andrade fotografado em 1920.

Quando retornou ao Brasil depois da sua estadia na Europa, Tarsila conheceu outros artistas, namorou o escritor Oswald de Andrade e, mais tarde, casou-se com ele. Tarsila chegou a ilustrar o livro Pau-Brasil (1925), de autoria do escritor modernista. Quatro anos depois de ter pintado o retrato de Oswald de Andrade, a artista inaugurou a sua primeira exposição individual em Paris (1926).

Segunda Classe, 1933

Segunda classe

Pintado em 1933, Segunda Classe segue a mesma linha de Operários e é representativo da pintura social de Tarsila. Os personagens aparecem descalços e são registrados em uma estação de trem, com aparência fechada e rostos maltratados.

Também trata-se de uma pintura óleo sobre tela com dimensões grandes (110x151cm) e atualmente pertence a uma Coleção Particular.

Costureiras, 1936

costureiras

Costureiras também se alinha ao horizonte temático e ideológico proposto em Operários e Segunda Classe. Na tela, de 73x100cm, vemos trabalhadoras têxteis em horário de serviço. É de se sublinhar a presença de um gato no retrato, uma série de pinturas de Tarsila contêm animais domésticos nas cenas retratadas.

Atualmente a tela pertence ao acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo.

Autorretrato, 1923

autorretrato

Autorretrato (também conhecido como Manteau Rouge) foi pintado em 1923 e tem dimensões médias (73x60,5cm). O casaco vermelho de gola alta, que Tarsila veste na pintura, foi desenhado pelo estilista Jean Patou e usado no jantar, em homenagem à Santos Drummond, oferecido pelo embaixador brasileiro em Paris, em 1923. Atualmente a tela encontra-se no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.

A Cuca, 1924

a cuca

A cuca foi pintada em 1924 e traz como tema um animal inventado tipicamente brasileiro: a cuca. O personagem é uma mescla de diversos animais distintos e o quadro está realizado com cores fortes em homenagem às cores nacionais.

Nos anos 20, Tarsila levou o amigo e poeta Blaise Cendrars para uma viagem ao Rio de Janeiro e as cidades históricas de Minas Gerais. Foi depois desse percurso que a pintora resolveu tematizar o lado rural do Brasil, juntando assim a técnica cubista que aprendeu em Paris com a temática nacional.

A tela A Cuca atualmente se encontra no Musée de Grenoble, na França, e tem 73x100cm.

Procissão, 1954

Procissao

Para se ter uma ideia da importância da pintora, Tarsila foi convidada em 1954 para pintar no Pavilhão da História do Ibirapuera um painel em homenagem ao IV Centenário da Cidade de São Paulo.

O resultado do convite foi uma pintura enorme, de 253x745cm, que retrata uma procissão de Corpus Christi no século XVIII. A obra atualmente se encontra na Pinacoteca Municipal de São Paulo.

Réplica do Sagrado Coração de Jesus, 1922

Sagrado Coração

Foi em Barcelona, em 1902, em um colégio interno, que Tarsila pintou, aos dezesseis anos, o seu primeiro quadro, uma réplica do Sagrado Coração de Jesus. Trata-se de uma pintura em óleo sobre tela, com 103x76 cm. Duas curiosidades: a pintura demorou cerca de um ano para ficar pronta e a pintora assinou como Tharcilla, nome artístico que usava na época.

Tarsila do Amaral

Tarsila do Amaral

Tarsila veio de uma família abastada e estudou na capital, em São Paulo (colégio Sion), antes de ir para o exterior (Barcelona). Quando retornou ao Brasil, casou-se com André Teixeira Pinto. O casamento foi breve, mas, graças a ele, a pintora deu à luz a sua única filha, Dulce, nascida em 1906.

Tarsila foi, ao longo do tempo, se aprofundando nas artes. Estudou escultura em barro com o sueco William Zadig, desenho e pintura no ateliê de Pedro Alexandrino e artes variadas em Paris (1920-1922).

Em 1918, conheceu outro grande nome da arte visual brasileira: Anita Malfatti. Foi Anita que comunicou à amiga o grande acontecimento que viria a ser a Semana de Arte Moderna, em São Paulo. A pintora formou, ao lado de Anita Malfatti, Oswald e Mário de Andrade e Menotti Del Picchia, o chamado Grupo dos cinco. Eram todos modernistas e participaram ativamente do circuito cultural de São Paulo durante os anos 20.

Profundamente celebrada em vida, a artista participou da I Bienal de São Paulo (1951) e da Bienal de Veneza (1964).

Faleceu em janeiro de 1973, aos oitenta e sete anos.

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Rebeca Fuks
Rebeca Fuks
Formada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2010), mestre em Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013) e doutora em Estudos de Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e pela Universidade Católica Portuguesa de Lisboa (2018).