O que é uma fábula

Equipe Editorial
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A fábula é um gênero literário que tem como características a linguagem simples, formato curto, muitas vezes tem animais como personagens e apresenta uma moral. São muito presentes na literatura infantil, especialmente devido à sua função didática.

Os dois autores de fábulas mais importantes são Esopo e La Fontaine. No Brasil, o maior representante do gênero é Monteiro Lobato.

A fábula é um texto rápido, objetivo, leve e muitas vezes divertido que pretende não só entreter o leitor como também transmitir um ensinamento, portanto, tem função educativa.

Na fábula o leitor é convidado a refletir sobre as atitudes humanas e os comportamentos sociais. Os animais, personagens principais, representam características e defeitos típicos do ser humano de modo lúdico e alegórico.

A seguir, você encontra mais sobre cada uma das características desse gênero textual, com exemplos:

Animais como personagens

A fábula tem como personagens principais animais que simbolizam atitudes e características humanas. Os animais são os aliados dos autores das fábulas porque permitem uma economia do texto. Isso é, temos no imaginário coletivo o que os animais representam, eles estão de certa forma ligados a uma simbologia (a cobra, por exemplo, é associada a seres traiçoeiros).

Utilizando os animais como personagens, os escritores podem reduzir muito a quantidade de descrição do texto, resumindo a história. Na fábula O Leão, a Vaca, a Cabra e a Ovelha, por exemplo, o Leão simboliza o poder e o domínio.

O Leão, a Vaca, a Cabra e a Ovelha

Um Leão, uma Vaca, uma Cabra e uma Ovelha combinaram caçar juntos e repartirem o ganho. Acharam então um Veado, e depois de terem andado e trabalhado muito, conseguiram matá-lo.

Chegaram todos cansados e, cobiçosos da presa, dividiram-na em quatro partes igual. O Leão tomou uma, e disse:
- Esta parte é minha conforme o combinado.
A seguir pegou noutra e acrescentou:
- Esta pertence-me por ser o mais valente de todos.
Pegou numa terceira e disse:
- Esta também é para mim pois sou o rei de todos os animais, e quem na quarta mexer, considere-se por mim desafiado.

Assim levou todas as partes, e os companheiros acharam-se enganados e afrontados; mas sujeitaram-se por não terem tanta força como o Leão.

Moral da história: Parceria e amizade quer-se entre iguais, e o casamento também, porque quem trava amizade com maior, torna-se seu escravo e tem de lhe obedecer ou perder pelo menos a amizade, na qual o trabalho é sempre do mais fraco, e a honra e proveito do mais poderoso.

Linguagem simples

Em termos de linguagem, as fábulas usam um texto cotidiano, possuem linguagem clara, simples, objetiva e acessível. As fábulas são construídas de forma curta, breve, e devem ser entendidas pelo leitor de todas as idades de forma rápida.

O cão e a máscara

Procurando comida, um Cão encontrou a máscara de um homem muito bem-feita de papelão com cores vivas. Chegou-se então a ela e começou a cheirá-la para ver se era um homem que dormia. Depois empurrou-a com o focinho e viu que rebolava, e como não quisesse ficar quieta nem tomar assento, disse o Cão:

- É verdade que a cabeça é linda, mas não tem miolo.

Moral da história: A máscara representa o homem ou mulher que só se preocupa com o aspecto exterior e não procura cultivar a alma, que é muito mais preciosa. Notam-se nesta Fábula as pessoas que têm todo o cuidado com enfeites e cores supérfluas, bonitas por fora, mas cuja cabeça falta miolo.

A moral nas fábulas

Toda fábula possui uma moral, que pode ser implícita ou explícita no texto. No caso de ser explícita, a moral aparece ao final, depois da história já ter sido contada. Há autores, por outro lado, que preferem que a moral não esteja escrita, deixando a conclusão para quem lê sua história. Independente do estilo, é importante que o texto sirva como ensinamento.

O Galo e a Pérola

Andava um Galo a esgravatar no chão, para achar migalhas ou bichos para comer, quando encontrou uma pérola. Exclamou:
- Ah, se te achasse um joalheiro! A mim porém de que vales? Antes uma migalha ou alguns grãos de cevada.

Dito isto, foi-se embora em busca de alimento.

Moral da história: Os ignorantes fazem o que fez este Galo; buscam coisas sem valor, cevada e migalhinhas.

Escritas em verso ou em prosa

Em termos de forma, a fábula pode ter tanto formato de prosa como de poesia (com versos). As fábulas até o século XVII tinham uma estrutura baseada em versos, só depois é que começaram a ser feitas também em prosa, com texto corrido. Hoje encontramos ambas as formas.

As duas Cadelas, fábula em prosa

Estava uma cadela com as dores de parto, e não tendo lugar onde pudesse parir, suplicou a outra que lhe cedesse a sua cama, que era num palheiro, dizendo que assim que parisse se iria embora com os filhos.

Tendo pena dela, a outra cadela cedeu-lhe o lugar, mas depois do parto pediu-lhe que se fosse embora. Porém a hóspede mostrou-lhe os dentes e não a quis deixar entrar, dizendo que estava de posse do lugar, e que não a tirariam dali a não ser por guerra ou às dentadas.

Moral da história: A fábula mostra ser verdadeiro o ditado que diz: “Queres inimigo? Dá o teu e pede-o de volta.”. Porque, sem dúvida, há muitos homens como esta cadela parida, que pedem humildemente, mostrando a sua necessidade, e depois de terem o alheio em seu poder, arreganham os dentes a quem lho pede, e se são poderosos ficam com ele.

O corvo e a raposa, fábula em verso

O corvo e a raposa

Mestre corvo, numa árvore pousado,
No bico segurava um belo queijo.
Mestra raposa, atraída pelo cheiro,
Assim lhe diz, em tom entusiasmado:
Olá, bom dia tenha o Senhor Corvo,
Tão lindo é, uma beleza alada!
Fora de brincadeiras, se o seu canto
Tiver das suas penas o encanto
é de certeza o rei da Bicharada!

Ouvindo tais palavras, que feliz
O corvo fica; e a voz quer mostrar:
Abre o bico e lá vai o queijo pelo ar!
A raposa o agarra e diz: _ Senhor,
Aprenda que o vaidoso se rebaixa
Face a quem o resolve bajular.
Esta lição vale um queijo não acha?
O corvo, envergonhado, vendo o queijo fugir,
Jurou, tarde demais, noutra igual não cair.

Como surgiram as fábulas

As fábulas têm origem na tradição oral popular, existem desde 2000 a.C. e foram principalmente popularizadas pelos autores Esopo e La Fontaine.

A fábula moderna tem origem em Esopo, um escravizado que viveu no século VI a.C. e foi o maior fabulista da Grécia antiga. De grande importância para o gênero, Esopo é considerado o pai da fábula e boa parte dos seus textos permanece em circulação até hoje, ainda que muitas vezes sendo reescritos ou reinterpretados por outros autores.

O francês Jean de La Fontaine (1621-1695) também foi muito responsável pela divulgação das fábulas. Começou escrevendo as as primeiras fábulas para o filho de Luís XIV e, por isso, conseguiu uma pensão anual do rei. O seu primeiro volume de fábulas foi publicado em 1668. A partir de então La Fontaine passou a divulgar as breves histórias que têm os animais como protagonistas.

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