Monumentos Góticos: 9 impressionantes castelos e catedrais


Rebeca Fuks
Rebeca Fuks
Doutora em Estudos da Cultura

O gótico dominou a arquitetura europeia a partir do século XII, período conhecido como Baixa Idade Média.

Foi uma época marcada pela construção de catedrais suntuosas, abadias memoráveis e castelos enormes - os primeiros edifícios estilo arranha-céus.

A riqueza de detalhes e a dimensão das construções chamam a atenção do visitante até os dias de hoje, especialmente se tivermos em conta os poucos recursos técnicos disponíveis naquele período histórico.

Se encante com esse manancial de cultura e beleza e descubra os monumentos mais impressionantes da arquitetura gótica!

1. Catedral de Notre-Dame (França)

Catedral de Notre-Dame
Catedral de Notre-Dame

Um símbolo do estilo gótico francês, a Catedral de Notre-Dame começou a ser construída em 1163 e, devido à sua importância, veio a se tornar Patrimônio Mundial da Unesco. A construção é tão fundamental para a cidade de Paris que recebe cerca de 20 milhões de visitantes por ano.

O edifício gigantesco faz com que o visitante perceba a sua pequenez diante da construção. A Catedral foi erguida com uma enorme preocupação com os detalhes -, assim como todo trabalho gótico, porque naquela época se acreditava que Deus observava todas as coisas.

Além das medidas exageradas, tanto em termos de comprimento quanto de altura, chama a atenção os vitrais coloridos ao pormenor e os tímpanos e rosáceas decorados com um requinte de detalhes. Esse excesso de zelo e cuidado pode ser justificado pela ideia corrente na época que a criação era uma espécie de oferenda à Deus.

Conheça cada detalhe da Catedral de Notre-Dame (Paris).

2. Catedral de Milão (Itália)

Catedral de Milão
Catedral de Milão

Conhecida também como Duomo de Milão, a construção começou no ano de 1386 e só foi concluída em 1965. O edifício é atualmente é a sede da Arquidiocese de Milão.

O arquiteto francês Nicolas de Bonaventure foi o responsável por imprimir no edifício características góticas como, por exemplo, uma série de agulhas decoradas e pináculos que ficam no topo da Catedral.

Os vitrais no interior do edifício reproduzem uma série de cenas da bíblia e os mosaicos coloridosfazem com que as cenas sejam impressas no interior da igreja quando recebem luz solar.

Com uma altura impressionante - outra característica do gótico - a Catedral possui 45 metros de altura e é feita de tijolos com revestimento de mármore, são enormes colunas que ajudam a sustentar a estrutura. As dimensões, aliás, são assustadoras: o Duomo tem 157 metros de largura, 11.700m² e capacidade para mais de 40.000 pessoas.

3. Abadia de Saint-Denis (França)

Abadia de Saint-Denis
Abadia de Saint-Denis

A Abadia de Saint-Denis, situada nos subúrbios de Paris, tido como o primeiro edifício gótico do mundo. Curiosamente erguida sob a tumba de Saint Denis (padroeiro da França), a construção concebida pelo Abade Surger foi relativamente rápida tendo durado entre 1137 e 1144.

Um fato peculiar: praticamente todos os reis franceses entre os séculos X e XVIII foram enterrados na Abadia: são 42 reis, 32 rainhas e 63 príncipes e princesas.

Uma característica importante da arquitetura gótica - e que se faz presente na Abadia - é o excesso de janelas e vitrais, permitindo que a luz do mundo exterior penetre dentro do edifício.

A proliferação de cores gerada pelos vitrais permite que o espaço onde os desenhos se projetam carreguem um ar de acolhimento. Nesse tipo de projeto, a luminosidade e o jogo de sombras provocado pelos vitrais estavam relacionados à transcendência espiritual.

O edifício possui uma fachada com três portais que encaminham o visitante às três naves internas da igreja, um enorme espaço aberto que faz com que o visitante sinta na pele a sua pequena dimensão diante do sublime.

Originalmente a construção possuía duas torres, mas graças a um relâmpago a torre norte foi abaixo restando atualmente apenas uma.

4. Palácio de Westminster (Inglaterra)

Palácio de Westminster
Palácio de Westminster

Charles Barry foi o arquiteto responsável pela reconstrução do Palácio que pegou fogo no dia 16 de outubro do ano de 1834. Foi ele o responsável pela implementação, em um dos principais edifícios públicos da capital inglesa, da arquitetura neogótica que viria a ser erguida sob as ruínas do antigo complexo medieval.

Na construção que hoje é considerada um Patrimônio Mundial da Unesco atualmente funciona o Parlamento Britânico. Um símbolo de organização, de rigidez e de seriedade da política britânica, o edifício é a casa onde ainda hoje se debatem importantes questões políticas, econômicas e sociais..

O estilo gótico de Barry pode ser encontrado não só no exterior da construção como também no seu interior: nos padrões dos papéis de parede, nas esculturas, nos vitrais e nos tronos reais.

5. Mosteiro da Batalha (Portugal)

Mosteiro da Batalha
Mosteiro da Batalha

O Mosteiro da Batalha, também conhecido como Mosteiro de Santa Maria da Vitória, é uma obra suntuosa feita para cumprir uma promessa feita pelo rei D.João I como forma de agradecer a vitória no seu país na batalha de Aljubarrota (ocorrida em 1385).

As obras do edifício duraram cerca de 150 anos naquele que viria a se tornar um Patrimônio Mundial da Unesco. O primeiro arquiteto do complexo foi Afonso Domingues.

A construção gótica ganha toques locais - portugueses - por conter também alguns elementos manuelinos (o nome faz referência ao rei D.Manuel I). Isto é, para além das características góticas como o rigor e o apreço ao detalhe foram inseridas na obra, por exemplo, referências à alguns elementos náuticos como cordas e âncoras (tão caras à história portuguesa).

O Mosteiro da Batalha é um excelente exemplo de como a arquitetura gótica se adapta e tira proveito das condições locais.

6. Castelo de Coca (Espanha)

Castelo de Coca
Castelo de Coca

Mandado construir por Don Alonso de Fonseca, arcebisco de Sevilha, com permissão do rei Juan II de Castela, o edifício recebeu autorização para a ser erguido em 1453, embora as obras só tivessem começado vinte anos mais tarde.

O Castelo de Coca, situado na província de Segóvia, é tido como um exemplo da arte gótico-mudéjar espanhola.

Construído com um propósito de defesa, no exterior da vila, a exuberância e o requinte da construção fizeram com que o edifício revestido de tijolos por questões estéticas servisse mais como palácio do que propriamente como campo de batalha.

O Castelo de Coca é simboliza a ostentação e a potência de um período áureo da economia espanhola.

7. Catedral de Colônia (Alemanha)

Catedral de Colônia
Catedral de Colônia

Considerada a maior catedral gótica do norte da Europa, a Catedral de Colônia foi erguida em homenagem a São Pedro. A sua construção atravessou séculos tendo começado em 1248, ficado interrompida por 250 anos por falta de verbas, e com o fim decretado oficialmente somente em 1880.

Foi o arcebispo Konrad von Hochstaden que colocou a pedra fundamental da igreja num lugar onde consta terem existido igrejas desde o ano de 313. A arquitetura do projeto ficou a cargo do francês Girard e o templo, considerado de suma importância, ficou incubido de guardar a arca com os restos mortais dos Três Reis Magos (o material foi transladado de Milão para Colônia no século XII).

Uma curiosidade: durante a guerra a Catedral serviu para fins bens diferentes dos religiosos, até como esconderijo e depósito de armas o edifício funcionou. Aliás, a construção sofreu cicatrizes com os bombardeamentos durante a Segunda Guerra Mundial (foram precisamente 14 bombas a atingirem o edifício) depois de ter resistido aos danos oriundos da Primeira Guerra Mundial.

Como toda construção gótica, a Catedral de Colônia carrega dimensões assombrosas. As torres medem 157 metros (e são tidas como o par de torres de igrejas mais alto do mundo), a nave central possui 43 metros de altura, 145 de comprimento e 86 de largura. O vitral mais antigo do edifício data do século XIII. Estima-se que o peso total da construção chega a 160 mil toneladas.

8. Catedral de São Estêvão (Áustria)

Catedral de São Estevão
Catedral de São Estêvão

O edifício conhecido como Stephansdom foi erguido sobre uma antiga igreja românica do século XII. A construção que admiramos hoje em dia, no entanto, começou a ser levantada durante o século XIV. Em 1304 foi dado início à construção docoro gótico.

Da Catedral se destaca a estreita e enorme torre principal com 137 metros que apresenta uma vista sobre a cidade de Viena. Essa ambição de altitude se relaciona com o desejo de estar o mais próximo possível do seu. Com grandes dimensões verticais que abrigam capelas e altares góticos, a Catedral é um ícone da arquitetura da cidade.

Uma particularidade da construção é o telhado colorido, composto por mais de 250.000 azulejos com um padrão jovial.

9. Catedral de Salisbury (Inglaterra)

Catedral de Salisbury
Catedral de Salisbury

A Catedral de Salisbury, construída inteiramente em estilo gótico inglês, detém a torre de igreja mais alta da Grã-Bretanha. Esse impulso em busca de uma verticalidade tão característica do período gótico se explica pelo desejo de direcionar a construção rumo ao céu. Vale lembrar a importância conferida a Deus nesse momento da história, que colocava o criador acima de tudo.

A Catedral é tão importante culturalmente e historicamente para a Grã-Bretanha que o edifício abriga uma das raras cópias originais da Magna Carta, um documento-chave assinado em 1215 que limitou o poder dos monarcas britânicos.

A construção também é responsável por outro título curioso: no edifício está contido o relógio mecânico em funcionamento mais antigo do mundo, especula-se que ele tenha sido forjado à mão em 1386.

Características do gótico

As construções góticas, de uma verticalidade ímpar, eram marcadas pelos vitrais coloridos que deixavam passar a luz, um verdadeiro caleidoscópio de cores ativado pela passagem da luz solar.

Esses espaços eram também caracterizados principalmente pela imensa amplitude, pela imponência e pela presença de uma série de vãos e janelas.

O período histórico da Baixa Idade Média ficou consagrado por colocar Deus como o centro do universo e, não à toa, as construções mais exuberantes estavam de alguma forma ligadas à religião.

Apesar do estilo gótico ter sido mais implementado em construções religiosas (catedrais e mosteiros), também em alguns palácios e edifícios públicos podemos observar esse tipo de arquitetura. Devido à magnitude das obras, muitas vezes esses edifícios tornavam-se o centro da cidade.

As construções religiosas eram erguidas graças às contribuições dos fiéis, especialmente dos abastados que compunham a burguesia (que vivia um processo de ascensão).

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Rebeca Fuks
Rebeca Fuks
Formada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2010), mestre em Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013) e doutora em Estudos de Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e pela Universidade Católica Portuguesa de Lisboa (2018).