Frase O Estado sou eu: significado e contexto histórico


Rebeca Fuks
Rebeca Fuks
Doutora em Estudos da Cultura

A oração "O Estado sou eu" (no original “L’État c’est moi", em inglês "I am the State") é atribuída ao Rei Luís XIV (1638-1715).

Também conhecido como Rei-Sol (no original le Roi Soleil), Luís XIV governou a França e Navarra entre 1643 e 1715.

A frase proferida traduz o espírito de um período histórico onde havia uma centralização total do poder na figura do Rei.

Significado da frase "O Estado sou eu"

O raciocínio por trás da frase condensa a lógica da monarquia absolutista. Estava nas mãos do Rei o controle de todos os aspectos fundamentais do seu território: a segurança, a manutenção das contas do governo, os acordos internacionais, a gestão do espaço público, a logística da guerra, etc.

Em síntese, todas as decisões fundamentais eram canalizadas para o Rei. Tudo o que era relevante para o governo da França e Navarra estava sob a sua autoridade. No fundo, Luís XIV personificava o auge do poder que se poderia ter no contexto europeu.

A frase completa em questão teria sido:

“Je suis la Loi, Je suis l'Etat; l'Etat c'est moi"
(Eu sou a Lei, eu sou o Estado; o Estado sou eu!)

Luís XIV, suposto autor da frase, acreditava na tese da origem divina do poder real.

Para se manter como autoridade máxima, ele fez pactos com a emergente burguesia francesa e diminuiu, o quanto conseguiu, o poder da nobreza. Essa equação sabia e poderosa fez com que o Rei se mantivesse no poder por mais de sete décadas.

Contexto da frase "O Estado sou eu"

Supostamente a oração “L’État c’est moi" teria sido dita por Luís XIV no dia 13 de abril de 1655 durante uma sessão no Parlamento francês.

O desejo do Rei era sublinhar diante dos parlamentares, durante uma discussão acalorada, que o poder estava única e exclusivamente nas suas mãos apesar das discordâncias levantadas naquela casa.

No entanto, não há qualquer registro formal do Parlamento que garanta que a frase teria sido efetivamente dita. Por esse motivo, uma enorme parcela de historiadores coloca em causa a sua real autoria.

Quem foi o rei Luís XIV?

Luís XIV nasceu no dia 5 de setembro de 1638. Reinou durante mais de sete décadas ininterruptas e acreditava veementemente na teoria do direito divino que lhe concedia poder total e absoluto para gerir a França e Navarra como julgasse mais adequado.

Luís XIV recebeu o poder da mãe (o governo de então passava por um período de regência da Rainha) quando tinha apenas cinco anos de idade tendo assumido o controle definitivo do território nacional em setembro do ano de 1651.

Luís XIV iniciou o seu reinado aos 16 anos.
Registro de Luís XIV na juventude.

Adepto fanático da monarquia, Luís XIV, Rei da França e Navarra, não tinha qualquer dúvida que esse era o melhor sistema para se governar um país.

Para se ter uma ideia da importância do rei Luís XIV para a história da França convém lembrar que ele foi o autor de obras faraônicas como o Palácio de Versalhes (mandado construir em 1664). A obra é, por sinal, uma suntuosa demonstração do poder absolutista.

O seu governo também foi conhecido pela prosperidade e pela proliferação das colônias francesas. Na Europa, o período marcado pelo absolutismo monárquico compreendeu o princípio do século XVII até o final do século XVIII (o marco de encerramento foi a Revolução Francesa, iniciada em 1789).

Vaidoso, Luís XIV era famoso por fomentar um enorme culto à sua própria personalidade.

O monarca morreu no dia 1 de setembro de 1715, aos setenta e sete anos.

Outra frase também consagrada teria sido dita pelo Rei em seu leito de morte:

"Je m'en vais, mais l'État demeurera toujours".
(Eu saio, mas o Estado sempre permanecerá.)

Luís XIX teria sido o autor da famosa frase 'O Estado sou eu'.
Luís XIV teria sido o autor da famosa frase "O Estado sou eu".

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Rebeca Fuks
Rebeca Fuks
Formada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2010), mestre em Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013) e doutora em Estudos de Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e pela Universidade Católica Portuguesa de Lisboa (2018).