Bauhaus: obras da escola de vanguarda transformou a arte e o design


Equipe Editorial
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A Escola de Arte Bauhaus, iniciada na Alemanha (mais precisamente em Weimar), vigorou de 1919 a 1933 e se tornou a instituição mais importante e influente do seu tipo. Foi uma das precursoras do modernismo e deu início ao movimento Bauhaus.

A Bauhaus marcou um período importante da história da arte, quando os artistas começaram a perceber que a máquina não era a única culpada pela queda da qualidade dos produtos.

Juntos, os membros do grupo começaram a procurar estabelecer uma nova relação entre o artesão e a indústria. Um dos ideais seguidos pela Escola está presente na frase de Louis Sullivan:

"A forma segue a função."

Mobiliário Bauhaus

Além de investir na arquitetura e nas artes plásticas, os docentes e alunos da Escola criaram uma série de móveis seguindo as doutrinas aprendidas. Conheça algumas das peças mais famosas.

Cadeira Vermelha e Azul

cadeira
Cadeira Vermelho e Azul, projetada por Gerrit Rietveld.

Gerrit Rietveld criou a célebre cadeira Vermelho e Azul no ano de 1917 e teve como inspiração a pintura de Mondrian.

O criador era filho de um fabricante de armários e desde muito cedo começou a projetar móveis ao lado do pai. Em 1917, inaugurou o seu próprio negócio e imaginou o primeiro protótipo da cadeira, que viria a ser realizada em madeira maciça, sem qualquer pintura.

Somente mais tarde, Rietveld decidiu dar cor a peça escolhendo homenagear o também colaborador do movimento, Mondrian.

Mesas aninhadas de Breuer

Mesa de tubos de ferro criada em 1928, design de Marcel Breuer.
Mesa de tubos de ferro criada em 1928, design de Marcel Breuer.

Marcel Breuer, arquiteto e designer húngaro-americano, costumava trabalhar com aço tubular e com estruturas metálicas, não apenas em cadeiras como também em mesas.

A mobília acima é um típico exemplo do desejo do mestre em conciliar arte e indústria.

Muitas das suas peças são monocromáticas, o conjunto de mesas, no entanto, foge a regra.

Cadeira Barcelona

cadeira
Intitulada Barcelona, a cadeira foi desenhada por Ludwig Mies van der Rohe e Lily Reich.

A cadeira Barcelona foi criada para participar do Pavilhão Alemão da Feira Internacional de Barcelona no ano de 1929.

Composta originalmente em couro, a cadeira possui duas partes (o encosto e o apoio para os pés) e visa alcançar o máximo de conforto possível. A obra faz parte de um projeto mais amplo de design de interior que contempla outras peças de mobiliário.

Apesar de aparentar complexidade, a cadeira permite produção em escala industrial.

Poltrona Wassily

Wassily
Conhecida como Wassily ou Cadeira Presidente, a peça foi criada por Marcel Breuer.

Desenvolvida entre os anos de 1925 e 1926 pelo arquiteto norte-americano de origem húngara Marcel Breuer, a peça era originalmente feita com aço (tubos de sustentação) e couro. Ao princípio a cadeira foi produzida pela empresa austríaca Thonet.

O nome da cadeira (Wassily) é uma homenagem ao colega Wassily Kandinsky, igualmente professor da Escola Bauhaus. A peça foi uma das primeiras criações feitas a partir de aço tubular, que até então não fazia parte do design de móveis.

Objetos da Bauhaus

Apesar de menos conhecidos que as peças de mobiliário, a equipe da Escola também projetou alguns objetos originais e criativos.

Tabuleiro de xadrez de Hartwig

Tabuleiro de xadrez.
Tabuleiro de xadrez criado em 1922 por Josef Hartwig.

O tabuleiro de xadrez idealizado pelo designer alemão Josef Hartwig é inovador porque o layout de cada peça indica o tipo de movimento que ela é capaz de fazer.

Na altura em que foi criado, Hartwig era o chefe da oficina a cargo da marcenaria da Escola e pensou em criar o objeto com dimensões pequenas (o tabuleiro mede 36 cm por 36 cm e o rei tem 5 cm de altura).

A criação é um exemplo típico da Bauhaus porque procura agregar funcionalidade e beleza. Um dos tabuleiros originais criados pelo alemão faz parte do acervo do MoMA (Nova Iorque). Até hoje réplicas da criação podem ser encontradas no mercado.

Abajur Wagenfeld-Leuchte (ou Bauhaus-Leuchte)

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Abajur criado por William Wagenfeld.

A luminária simples e geométrica que segue sendo um ícone da Bauhaus é composta por uma cúpula de vidro e metal e representa a fase tecnológica da Escola.

A peça é até hoje o trabalho mais conhecido de Wagenfeld, que carregava forte preocupação social e desejava que as suas criações fossem acessíveis a todo e qualquer público.

Chaleira de Marianne Brandt

chaleira
A chaleira foi projetada em 1924 por Marianne Brandt.

A Escola era tão versátil que se preocupava com a criação de objetos cotidianos como o infusor de chá.

A criação de Marianne Brandt tem um filtro embutido, bico não-gotejante e cabo resistente ao calor. Enquanto o corpo do objeto é majoritariamente composta em metal, a alça é executada em ébano. O bule é mais um exemplo da Escola que combina funcionalidade e beleza.

Arquitetura Bauhaus

A arquitetura sustentada pela Escola buscava formas e linhas simplificadas e definidas pela função do objeto. Era o princípio do design moderno e clean.

As edificações do gênero em geral tem contornos simplificados e geométricos. Muitos dos edifícios são elevados por pilares (pilotis) provocando a ilusão de estarem suspensos.

Exemplo de construção elevada sobre pilotis.
Exemplo de construção elevada sobre pilotis.

O projeto Bauhaus almejava alcançar uma relação íntima entre arquitetura e urbanismo e estimulava o predomínio de linhas retas e sólidos geométricos.

Outra característica bastante presente é o fato das paredes aparecerem lisas, cruas, em geral na cor branca, deixando o protagonismo para a estrutura da construção.

Bauhaus e Tel Aviv, a capital de Israel

Os ensinamentos da escola criada originalmente na Alemanha foram bastante difundidos na capital israelense, que atualmente reúne o maior número de edifícios construídos segundo o estilo Bauhaus no mundo.

A tendência ganhou fôlego na década de 1930, levada por judeus alemães que trouxeram como herança o racionalismo arquitetônico da Bauhaus. Rapidamente o estilo encontrou simpatizantes na segunda maior cidade de Israel.

Em 2003, uma zona específica da cidade (conhecida como Cidade Branca) foi declarada Patrimônio Mundial da Humanidade segundo a Unesco. A região reúne mais de 4.000 edifícios erguidos seguindo o mesmo estilo. O nome Cidade Branca faz uma referência a cor das construções.

predio residencial
Destaque para as amplas varandas presentes no prédio residencial em Tel Aviv.
edificio residencial
Edifício característico da Cidade Branca, com muitas curvas.
edificio residencial
Um dos elementos fundamentais ensinados pelos professores da Bauhaus era manter espaços arejados, como é possível notar na construção situada em Tel Aviv.

A Escola Bauhaus

A Escola Bauhaus foi fundada em Weimar, na Alemanha. Antes do nascimento da Escola de fato acontecer, seu fundador, Walter Gropius, já havia participado de iniciativas que buscavam fortalecer o vínculo entre artistas, comerciantes e indústrias.

O trabalho da época vinha sendo altamente influenciado pelas vanguardas russas e soviéticas. Walter Gropius encabeçou o grupo e tornou-se o primeiro diretor da Escola.

Também se integraram no grupo Bauhaus professores de nome como Kandinsky, Klee, Feininger, Schlemmer, Itten, Moholy-Nagy, Albers, Bayer e Breuer.

O projeto da Escola foi importante por vários aspectos: porque corajosamente aceitou a máquina como um instrumento digno do artista, porque enfrentou o problema da boa produção em massa de design e, principalmente, porque reuniu uma série de artistas de talentos distintos das mais diferentes áreas.

Fachada da Escola Bauhaus.
Fachada da Escola Bauhaus.

A Escola pretendia difundir uma filosofia moderna de design nas mais diversas áreas, sempre prezando ao máximo o conceito de funcionalismo. Entre as áreas de atuação dos professores estavam docentes das mais diversas áreas. Dentre os cursos da Bauhaus, destacam-se:

  • arquitetura
  • decoração
  • pintura
  • escultura
  • fotografia
  • cinema
  • teatro
  • balé
  • design industrial
  • cerâmica
  • trabalhos em metal
  • criações têxteis
  • publicidade
  • tipografia

Em 1933, o governo Nazista ordenou que a escola Bauhaus fechasse as portas. Ela era considerada por muitos como uma instituição comunista especialmente porque abrigava docentes, alunos e funcionários russos.

As mudanças na Bauhaus

Em 1925, a Bauhaus saiu de Weimar e migrou para Dessau, onde o governo municipal era de esquerda. Foi lá que atingiu a sua maturidade, tanto em termos estruturais como em termos pedagógicos.

Sete anos mais tarde, em 1932, a Bauhaus mudou para Berlim devido à perseguição nazista. No ano a seguir, a Escola teve seu fim decretado por ordem dos nazistas.

Mesmo após o encerramento, muitos docentes, alunos e funcionários continuaram sendo perseguidos pelo regime totalitário.

Além das alterações de espaço físico, a Escola passou por mudanças estruturais. Walter Gropius, o fundador, ficou a frente do projeto até 1927. Quem o sucedeu foi Hannes Meyer, que comandou a instituição de ensino até 1929. Por fim, quem tomou posse foi Mies van der Rohe.

O que significa Bauhaus?

O significado literal da palavra Bauhaus é "casa de construção".

Artistas da Bauhaus

A Escola foi composta por artistas das mais diversas áreas. Entre os mais consagrados estão:

  • Walter Gropius (arquiteto alemão, 1883-1969)
  • Josef Albers (designer alemão, 1888-1976)
  • Paul Klee (pintor e poeta suíço, 1879-1940)
  • Wassily Kandinsky (artista plástico russo, 1866-1944)
  • Gerhard Marks (escultor alemão, 1889-1981)
  • Lyonel Feininger (pintor alemão, 1871-1956)
  • Oskar Schlemmer (pintor alemão, 1888-1943)
  • Mies van der Rohe (arquiteto alemão, 1886-1969)
  • Johannes Itten (pintor suíço, 1888-1967)
  • László Moholy-Nagy (designer húngaro, 1895-1946)
  • Josef Albers (pintor alemão, 1888-1976)

Características da Bauhaus

A Escola tinha uma proposta inovadora e rompeu com o ensino clássico da arte ao estimular a produção de objetos que tivessem como prioridade um resultado final.

Conheça abaixo algumas das principais características da instituição de ensino multidisciplinar:

  • Foco no funcionalismo: a obra deve ter um propósito e atender a ele;
  • Uma obra deve ser capaz de ser produzida em grande escala e para qualquer tipo de público;
  • Segundo a orientação da própria Escola, o importante era estimular “o hábito de pensar, idealizar e projetar o processo produtivo por inteiro”;
  • O artesanato deve deixar de ser um meio isolado para passar a ser um meio imprescindível para se chegar a um fim;
  • Apesar da escola presar o funcionalismo, o intuito era criar obras que se mantivessem distantes de qualquer espécie de tédio ou cansaço. Embora os produtos tivessem muitas vezes contornos simples, era suposto surpreenderem o utilizador, por exemplo, através das cores.

O ensino segundo a Bauhaus

Paul Klee esquematizou, através de círculos concêntricos de quatro camadas, como funcionava o ensino proposto pela Escola. O diagrama do currículo da Bauhaus foi publicado no estatuto da Bauhaus no ano de 1923:

Diagrama do currrículo da Bahaus (1923) feito por Paul Klee.
Diagrama do currículo da Bauhaus (1923) feito por Paul Klee.

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