Rafael Sanzio: principais obras e biografia


Carolina Marcello
Carolina Marcello
Mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes

Rafael Sanzio (1483—1520), também grafado como "Raffaello", foi um importante pintor renascentista italiano que ficou mais conhecido simplesmente como Rafael.

Um dos grandes artistas do seu tempo, Rafael era pintor e arquiteto, tendo sido também mestre na escola de Florença. As suas obras, impressionantes e intemporais, entraram para a história da arte universal e tiveram grande influência nos criadores que se seguiram.

Características da pintura de Rafael Sanzio

Rafael Sanzio começou a sua carreira de pintor durante a adolescência e atingiu um enorme sucesso, formando com Da Vinci e Michelangelo a chamada tríade dos grandes mestres renascentistas.

Focada sobretudo em temáticas religiosas, as suas pinturas reproduzem os ideais de beleza clássicos e utilizam algumas técnicas renascentistas como o chiaroscuro e o sfumato.

Um dos temas tradicionais mais representados pelo artista é o da Madona, a Virgem Maria segurando o seu filho, Jesus. Ao contrário de outros pintores da época, como Michelangelo, Rafael não se focava no pathos destas figuras, ou seja, as suas expressões não transmitiam dor ou sofrimento.

Apesar da força, há também suavidade nas suas pinturas, que se caracterizam pela perfeição e harmonia, assim como pela claridade e amplitude dos espaços representados.

As principais obras de Rafael Sanzio

Abaixo, listamos algumas das obras mais famosas de Rafael Sanzio, explorando o seu contexto de produção e os elementos mais importantes das pinturas:

Casamento da Virgem (1504)

Quadro Casamento da Virgem

Casamento da Virgem foi a primeira obra famosa do pintor, manifestando influências do seu mestre, Pietro Perugino, que estava pintando um quadro com a mesma temática na época. Aqui temos uma representação do casamento de Maria e José, figuras que aparecem ao centro, em primeiro plano.

Demonstrando já a maturidade no trabalho do artista, apesar da sua juventude, a obra foi encomendada pela família Albizzini e atualmente se encontra no Palazzo Brera, em Milão.

Autorretrato (1506)

Quadro Autorretrato (1506)

Um dos poucos autorretratos de Rafael Sanzio, acredita-se que a pintura tenha sido criada enquanto o artista vivia em Florença, aprendendo com Perugino.

Atualmente, a obra se encontra nessa mesma cidade e está exposta na Galleria degli Uffizi. Na tela, é evidente a juventude do pintor, existindo também uma aura de melancolia na sua expressão.

A Bela Jardineira (1507)

Quadro A Bela Jardineira (1507)

A Bela Jardineira, também chamada de Virgem com o Menino e São João Batista criança, foi uma das madonas que Sanzio produziu durante a sua fase florentina.

A obra apresenta um cenário natural (campos e paisagem ao fundo) e reproduz uma estrutura geométrica, com as três figuras dispostas numa composição piramidal. Atualmente, o quadro se encontra exposto no Museu do Louvre, em Paris.

Escola de Atenas (1509–1511)

Escola de Atenas (1509–1511)

Considerada uma das obras-primas de Rafael, a obra representa a Academia de Atenas e exalta a valiosa herança cultural da Grécia Antiga.

O espaço, fundado por Platão, foi uma importante escola grega que buscava o conhecimento e se debruçava sobre diversas matérias, como a filosofia e as artes.

Entre as inúmeras figuras representadas estão, bem no centro, os mestres Platão e Aristóteles que caminham lado a lado e conversam. O afresco se encontra nas paredes da Stanza della Segnatura, no Vaticano, e conferiu uma enorme popularidade ao pintor na cidade de Roma.

Confira também a análise detalhada da obra A Escola de Atenas.

Disputa (1510–1511)

A Disputa (1510)

Também chamada de Disputa do Santíssimo Sacramento, a obra é outro afresco de Rafael Sanzio que se encontra na Stanza della Segnatura, no Palácio Apostólico do Vaticano.

A obra retrata simultaneamente o céu e a terra, com Deus Pai e Jesus Cristo no centro, acompanhados pelos seus apóstolos e discípulos.

Em baixo, no altar, estão vários teólogos, Papas e figuras de relevo da Igreja que parecem debater questões como a verdade e a justiça divina.

Madona Sistina (1512)

Madona Sistina (1512)

Também chamada de Madonna di San Sisto, a obra é uma peça de altar e uma das últimas madonas que Rafael pintou.

Originalmente encomendada pelo Papa Júlio II para a igreja de São Sisto, a pintura viajou pela Alemanha e a Rússia. Atualmente, a Madona Sistina está exposta na Pinacoteca dos Mestres Antigos, localizada em Dresden.

Segurando o filho, a Virgem está rodeada por São Sisto e Santa Bárbara. Abaixo, estão dois querubins que se tornaram extremamente populares e, hoje em dia, continuam sendo reproduzidos em inúmeros produtos ligados ao artista.

O Triunfo de Galatéia (1514)

O Triunfo de Galatéia (1514)

Uma obra verdadeiramente arrebatadora, O Triunfo de Galatéia foi uma encomenda de Agostino C'higi, um importante banqueiro de Siena que era amigo do artista.

No centro do quadro está Galatéia, figura da mitologia grega que era uma das cinquenta nereidas e dirigia uma carruagem puxada por golfinhos.

Apaixonada por Ácis, ela era cobiçada pelo gigante Polifemo, mas rejeitava as suas investidas amorosas. Acredita-se que a fisionomia do seu rosto tenha sido inspirada em Catarina de Alexandria.

Transfiguração (1520)

Transfiguração (1520).

Considerada a última pintura de Rafael Sanzio e também uma de suas obras-primas, a tela foi encomendada pelo Cardeal Giulio de Medici e se encontra nos Museus Vaticanos.

Trata-se da representação de um importante episódio bíblico descrito no Novo Testamento: a Transfiguração de Jesus. Este é o momento em que o messias sobe ao topo de uma montanha e revela a sua glória divina, se enchendo de luz.

Nesta fase final, já é possível identificar algumas influências do Barroco, por exemplo, no dinamismo presente no quadro.

Biografia de Rafael Sanzio

Primeiros anos

Rafael Santi, filho de Giovanni Santi, nasceu no dia 6 de abril de 1483 em Sanzio, no ducado de Urbino. Como era comum na época, o artista acabou ficando conhecido pelo nome da sua região natal.

O duque, Federico da Montefeltro, era um grande amante e impulsionador das artes que transformou Urbino num importante centro cultural italiano. O pai de Rafael era um poeta, pintor e humanista, tendo sido o primeiro professor do garoto, que revela um grande talento ainda na infância.

Começo da sua carreira

Com aproximadamente 12 anos, Rafael se tornou aprendiz de Pietro Perugino, um artista de Perúgia, e com 17 já era considerado um mestre da pintura. A influência de Perugino é notória em aspectos como as perspectivas e proporções, assim como a pintura de afrescos.

Posteriormente, Sanzio viajou para Siena com o artista Pinturicchio e depois para Florença, atraído pela vida artística da cidade. Aí, acabou sendo contagiado pelas referências renascentistas, principalmente através do trabalho de Da Vinci.

Roma e o Vaticano

Com apenas 25 anos, ele foi contratado pelo Papa Júlio II e se mudou para a cidade de Roma, onde permaneceu por 12 anos e ficou conhecido como "Príncipe dos Pintores". Lá, executou grandes obras e afrescos no Vaticano, continuando a trabalhar para o Papa Leão X, o sucessor de Júlio II.

Roma foi o local onde o pintor ganhou um grande reconhecimento e acabou se envolvendo em inúmeros projetos: por exemplo, vendia elementos decorativos, retratos, cartões e até pratos ilustrados.

Final da sua vida

Depois da morte de Donato Bramante, o notório arquiteto do Vaticano, o artista também ficou responsável pelas obras na Basílica de São Pedro.

Rafael Sanzio faleceu no dia 6 de abril de 1520, data em que comemorava o seu 37º aniversário. Pela sua importância inegável, o pintor foi homenageado com um funeral público e posteriormente enterrado no Panteão de Roma.

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Carolina Marcello
Carolina Marcello
Mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes e licenciada em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Apaixonada por leitura e escrita, produz conteúdos on-line desde 2017, sobre literatura, cultura e outros campos do saber.