15 músicas do rap brasileiro que vão fazer você pensar


Carolina Marcello
Carolina Marcello
Mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes

Inicialmente, o rap era encarado com desconfiança e preconceito pelo grande público. A sociedade o considerava perigoso, um veículo para transmitir mensagens de crime e desobediência. Contudo, ao longo das últimas décadas, tem conquistado a atenção e dominado as playlists de multidões, de todas as idades e contextos, pelo mundo afora.

No Brasil, o gênero musical também tem crescido, se espalhado e transformado, carregando mensagens sociais e políticas muito fortes. Selecionamos, para você, 15 hits com letras poderosíssimas que refletem a nossa cultura e a era em que vivemos.

1. Até quando?, Gabriel, o Pensador (2001)

Gabriel, o Pensador é um dos rappers brasileiros mais antigos e também um dos mais brilhantes letristas. Sua carreira tem sido marcada por uma grande componente de crítica social e política que não deixa ninguém indiferente.

Até quando?, um dos seus temas mais populares, é um hino à indignação e à revolta popular. Gabriel retrata o desabafo do brasileiro comum, que luta diariamente pela sobrevivência. Não tem tempo para nada, porque vive para trabalhar, mas não consegue nem comprar um brinquedo para o filho.

Acordo, não tenho trabalho, procuro trabalho, quero trabalhar
O cara me pede o diploma, não tenho diploma, não pude estudar
E querem que eu seja educado
Que eu ande arrumado, que eu saiba falar
Aquilo que o mundo me pede não é o que o mundo me dá
Consigo um emprego, começa o emprego, me mato de tanto ralar
Acordo bem cedo, não tenho sossego, nem tempo pra raciocinar
Não peço arrego, mas onde que eu chego?
Só fico no mesmo lugar
Brinquedo que o filho me pede, não tenho dinheiro pra dar

Falando diretamente com a classe trabalhadora, lembra que "não adianta olhar para o céu / com muita fé e pouca luta". Ou seja, afirma que não podem apenas rezar por uma melhoria na sua vida, precisam batalhar pelos seus direitos. Argumenta que, para que a realidade possa melhorar, as pessoas precisam estar conscientes e reivindicar dignidade e tempo para viver.

Muda, que quando a gente muda, o mundo muda com a gente
A gente muda o mundo na mudança da mente
E, quando a mente muda, a gente anda pra frente
E, quando a gente manda, ninguém manda na gente

Uma música feita para perturbar aquele que escuta, Até quando? é um convite à participação na vida social e política, um grito de revolta contra as injustiças e desigualdades brasileiras.

2. Negro Drama, Racionais MC's (2002)

É impossível falar de rap brasileiro sem mencionar Racionais MC's, o grupo formado por Mano Brown, Edi Rock, Ice Blue e DJ KL Jay, em 1988. Suas rimas já entraram para a história da música nacional, com êxitos como Jesus chorou e Vida Loka, mas Negro Drama merece a nossa atenção especial, neste artigo.

Como é comum no trabalho do grupo, a música reflete sobre questões como o racismo, a pobreza e as inúmeras dificuldades da vida nas periferias brasileiras.

Periferias, vielas, cortiços
Você deve tá pensando o que você tem a ver com isso
Desde o início, por ouro e prata
Olha quem morre, então, veja você quem mata
Recebe o mérito, a farda que pratica o mal
Me ver pobre preso ou morto já é cultural
Histórias, registros, escritos
Não é conto, nem fábula, lenda ou mito

Relatando, entre outras coisas, episódios de brutalidade policial que resultam em mortes, Racionais querem representar o clima violento no qual cresceram e sobrevivem: "Pra quem vive na guerra, a paz nunca existiu".

Assim, chamam a atenção da sociedade brasileira para estes problemas, que ela se acostumou a banalizar, a normalizar. Se, por um lado, age indiferença perante as desigualdades raciais e sociais, por outro começou a admirar ídolos como 2Pac.

Leia também as análises da música Jesus Chorou e dos temas Vida Loka, parte I e II, do grupo.

Seu filho quer ser preto, ah! Que ironia
Cola o pôster do 2Pac, aí, que tal? O que 'cê diz?
Sente o negro drama, vai, tenta ser feliz
Ei, bacana, quem te fez tão bom assim?
O que 'cê deu, o que 'cê faz, o que 'cê fez por mim?

3. Mun-Rá, Sabotage (2002)

Sabotage foi um rapper fundamental no cenário brasileiro, cuja carreira musical está atravessada por referências à vida de crime que o músico e ator levou na juventude. Através de seus versos, denunciava a pobreza, a ausência de oportunidades e toda a violência que testemunhou durante o seu percurso.

Mun-Rá, um de seus temas mais famosos, fala sobre a brutalidade policial vivida nas periferias e o medo cotidiano da morte.

Mas, no bairro, eu pego meu filho, na fé vinha vindo, na fé vou seguir,
Deus que me livre da mira dos tiras, mas, nego, eu não fico, não brinco, nem mosco,
Nego, só vejo os destroços
Do pobre que acorda com ódio,
O anjo do céu não pode ser réu

Narrando a necessidade de fugir das balas, Sabotage parece ter profetizado o seu próprio final. Em janeiro de 2003, nas ruas de São Paulo, o artista foi alvo de dois tiros na coluna vertebral e acabou morrendo na sequência dos ferimentos.

Sua música, no entanto, tem sobrevivido ao longo dos anos e influenciado a geração de rappers mais novos.

4. Só Deus pode me julgar, MV Bill (2002)

Só Deus pode me julgar é um hino do rap nacional e um dos maiores sucessos de MV Bill, notório músico brasileiro. Na letra, reflete sobre a sua realidade enquanto homem brasileiro, negro e periférico, mostrando que teve que lutar muito para viver.

Vai ser preciso muito mais pra me fazer recuar
Minha autoestima não é fácil de abaixar
Olhos abertos fixados no céu
Perguntando a Deus qual será o meu papel
Fechar a boca e não expor meus pensamentos
Com receio que eles possam causar constrangimentos
Será que é isso? Não cumprir compromisso
Abaixar a cabeça e se manter omisso

Mesmo sentindo que a sociedade o rejeita e procura silenciá-lo, continua denunciando a opressão e se questionando acerca do seu lugar no meio disso tudo.

Com um dos versos mais polêmicos e célebres da composição, MV Bill resume o cenário de pobreza que assistiu de perto: "No país do carnaval o povo nem tem o que comer".


Preconceito sem conceito que apodrece a nação
Filhos do descaso mesmo pós-abolição
Mais de 500 anos de angústia e sofrimentos
Me acorrentaram, mas não meus pensamentos

Assim, se serve da música como veículo para denunciar o racismo, as desigualdades socioeconômicas e também a corrupção, mostrando como a justiça pode funcionar de formas diferentes, dependendo do estatuto do cidadão.

Ordem e progresso e perdão
Na terra onde quem rouba muito não tem punição

5. Desabafo, Marcelo D2 (2008)

Marcelo D2, o carismático vocalista da banda Planet Hemp, conquistou o público nacional com o hit Desabafo em 2008. Apesar do ritmo contagiante da música, os versos de Marcelo trazem pensamentos muito fortes sobre o seu contexto social.

Com um foco positivo, o rapper passa uma mensagem de esperança para aqueles que o escutam:

Por um mundo melhor eu mantenho minha fé
Menos desigualdade, menos tiro no pé
Andam dizendo que o bem vence o mal
Por aqui vou torcendo pra chegar no final

Contudo, como o título indica, o tema é um modo de desabafar acerca de tudo que tem assistido no país, transmitindo os seus pontos de vista. Entre outras questões, aborda a conduta violenta das autoridades, ilustrada no filme Tropa de Elite de José Padilha.

Usando o exemplo de Capitão Nascimento, o protagonista do longa, afirma que muitos desses policiais não têm preparação suficiente e acabam sendo dominados pelo ódio.

Finalmente, vira a sua atenção para quem está escutando. Lembra que o resto da sociedade não pode apenas assistir a toda a violência: precisa encontrar uma maneira de intervir.

Tu quer a paz, eu quero também
Mas o estado não tem direito de matar ninguém
Aqui não tem pena morte, mas segue o pensamento
O desejo de matar de um Capitão Nascimento
Que, sem treinamento, se mostra incompetente
O cidadão por outro lado se diz impotente, mas
A impotência não é uma escolha também
De assumir a própria responsabilidade
Hein?

6. Mandume, Emicida (2015)

Mandume é um tema de Emicida, uma das maiores revelações dos últimos anos, em parceria com artistas emergentes como Mel Duarte, Drik Barbosa, Amiri, Rico Dalasam, Muzzik e Raphão Alaafin.

Trata-se de um hino de recusa à postura subserviente que tantas vezes a sociedade impõe, com seus preconceitos:

Eles querem que alguém
Que vem de onde nós vem
Seja mais humilde, baixa a cabeça
Nunca revide, finge que esqueceu a coisa toda
Eu quero é que eles se...

Como o rapper explicou em entrevista à Billboard Brasil, a música é uma espécie de libertação, depois de "cinco séculos com esse grito trancado no peito".

O nome do rap é uma homenagem a Mandume ya Ndemufayo, rei dos Kwanyama e figura central na resistência à colonização portuguesa. Na luta contra a discriminação racial, os artistas vieram dar voz a uma nova geração que quer acabar com o preconceito.

Porque mais do que um beat
pesado é fazer ecoar na sua mente
o legado de Mandume
E no que depender da minha geração, parça,
não mais passarão impunes

7. Ponta de Lança, Ricon Sapiência (2016)

Ricon Sapiência chegou como uma lufada de ar fresco no panorama do rap nacional. O músico e poeta começou a sua carreira em 2000, alcançando o sucesso nove anos depois, com Elegância.

Através de ritmos e rimas impressionantes, seu trabalho se distingue pela sua forte carga de otimismo e positividade. Combatendo estereótipos negativos, Ricon promove lições de autoestima e poder negro.

Quente que nem a chapinha no crespo, não
Crespos tão se armando
Faço questão de botar no meu texto
Que pretas e pretos estão se amando

8. Pseudosocial, Froid (2016)

Froid faz parte da nova geração do hip hop brasileiro e seu trabalho musical é atravessado por comentários políticos e culturais. Pseudosocial, uma de suas composições mais famosas, fala sobre o sistema educacional brasileiro.

O futuro terá cura, o futuro é literatura
Escolástica, matemática é mágica pura
Sem assediar alunas, sem censuras
Num espaço mais aberto pra filosofar cultura

Rimando sobre a liberdade que deseja ver nos espaços escolares, traça críticas à realidade, bem mais dura e sombria. Muitas vezes representada como um lugar de restrições, a escola nem sempre ajuda na formação dos cidadãos, perpetuando as discriminações.

Bloqueiam potencial
Olhe bem para os seus calos
Cês criaram um animal
Algo indomesticável
É o preconceito racial

9. Preta de Quebrada, Flora Matos (2017)

Nome de destaque no rap feminino, Flora Matos tem conquistado fãs no Brasil e no mundo inteiro. Em 2017, lançou o single Preta de Quebrada, onde reflete sobre a sua caminhada. Se identificando como alguém que veio de um meio simples, mostra que batalhou muito para conseguir tudo o que tem.

A música também retrata a autonomia, a autoconfiança e a força de uma mulher que conhece o próprio valor. Assim, sabe que não precisa de ninguém para ter a vida que deseja e nem deve aceitar um relacionamento no qual não receba respeito.

Sempre focada no rap, corre atrás de seus sonhos e recomenda que todos façam o mesmo, se responsabilizando pela própria felicidade.

Hora de lembrar que só o seu amor próprio sara
Se ele deu mancada, dá uma segurada
Ninguém merece ser tirada de otária
Meu sentimento fala, conversa com a alma
E a minha mente conclui que eu mereço ser respeitada
Sou uma mulher de garra, preta de quebrada
E o conforto que eu tenho é o meu dinheiro que paga
E seja na favela ou nos prédio eu tô em casa
Faço rap bem feito que é pra não me faltar nada
Eu vou ficar milionária, milionária
Sem nunca depender de um homem pra ter minhas parada
Faço minha caminhada
Sou um exemplo vivo de mulher que não se cala

10. Relicário, Menestrel (2017)

Menestrel é uma das vozes jovens do rap brasileiro que se tornaram mais populares através do projeto musical Poetas no Topo, da PineappleStorm TV. Relicário é o single que dá nome ao primeiro álbum do artista, lançado em 2017.

A música começa um sample proveniente da dublagem de O Livro de Eli, um filme norte-americano sobre um homem que caminha em mundo pós-apocalítico tentando dar esperança para os que restaram.

No discurso inicial podemos escutar a frase: "Imagina que diferente, que justo esse mundo seria se tivéssemos as palavras certas para nossa fé".

Na esquina da minha rua tem um bar
Eu não precisava ter ódio do estabelecimento
Eu sei até o que vocês vão perguntar
Não tomei ódio da cachaça, só de ver meu pai bebendo

Com quinze eu sucumbi pro vício
Igual a ele, o que mata nós dois é levar droga de refúgio
Existe saudade no fundo do copo dele
Na ponta do meu cigarro tem angústias do mundo

O título da música remete ao imaginário religioso: um relicário é um objeto usado para guardar imagens de santos. Aqui, o tema parece reunir memórias, episódios do passado do rapper que marcaram o seu percurso. Entre essas lembranças está o vício do pai no álcool, que acabou se refletindo nos comportamentos do filho.

Em uma passagem emocionante, explica que as fragilidades de ambos os levaram a tentar escapar da realidade e sucumbir nos vícios. Trata-se, assim, de um importante e sincero testemunho, além de uma história de superação.

11. Elevação Mental, TRIZ (2017)

TRIZ surgiu para expandir mentalidades e suscitar reflexões acerca da nossa forma de ver o mundo. Isso se torna bastante notório no single Elevação Mental, um de seus maiores sucessos. Nos versos, se manifesta contra os juízos de valor baseados na imagem dos indivíduos e o modo como isso afeta as suas vidas, transmitindo palavras de coragem para quem escuta.

A sanidade tá escassa no mundo das aparências
Não se cale jamais diante do opressor
Não deixe que o sistema acabe com o seu amor

Deste modo, defende que todas as pessoas devem ser tratadas com respeito e dignidade e que todos temos a ganhar com uma sociedade mais igualitária e consciente da diversidade. Sua mensagem é otimista e inspiradora, como se TRIZ fosse porta-voz de um novo mundo que está a caminho.

Seja inteligente, abra a sua mente
O mundo é de todos, não seja prepotente
Seja gay, seja trans, negro ou oriental
Coração que pulsa no peito é de igual pra igual
O individual de cada um não se discute
Seja elevado, busque altitude

12. Boca de Lobo, Criolo (2018)

Criolo já entrou para a história da música nacional e tem colecionado admiradores no Brasil e no exterior. Boca de Lobo, lançada em 2018, é uma música de denúncia face a várias questões sociais preocupantes como racismo, pobreza e exclusão.

Aonde a pele preta possa incomodar
Um litro de Pinho Sol pra um preto rodar
Pegar tuberculose na cadeia faz chorar
Aqui a lei dá exemplo: mais um preto pra matar

Logo nos primeiros versos, Criolo critica o sistema judicial e a precariedade dos presídios. Trata-se de uma referência ao caso de Rafael Braga, um morador de rua preso em 2013 com uma embalagem de pinho sol que a polícia pensou ser destinada a criar explosivos.

Menciona também o esquema do tráfico em São Paulo e os perigos diários, criticando a hipocrisia daqueles que continuam alimentando o "negócio" e o seu ciclo de violência:

Diz que é contra o tráfico e adora todas as crianças
Só te vejo na biqueira, o ativista da semana

13. Bluesman, Baco Exu do Blues (2018)

Baco Exu do Blues tem provado que é um dos novos prodígios da música brasileira. Bluesman, disco lançado em 2018 foi acompanhado por um curta com o mesmo título, dirigido por Douglas Ratzlaff Bernardt, que venceu o Grande Prêmio do Festival de Cannes, em 2019.

No single que intitula o álbum, Baco assume uma postura de desafio à sociedade racista, ao mesmo tempo que pretende valorizar a cultura negra e a sua herança no panorama mundial.

A partir de agora considero tudo blues
O samba é blues, o rock é blues, o jazz é blues
O funk é blues, o soul é blues
Eu sou Exu do Blues
Tudo que quando era preto era do demônio
E depois virou branco e foi aceito eu vou chamar de blues

Se focando nas artes e sobretudo na música, enumera as diversas influências que foram sendo captadas pela cultura branca dominante, ao mesmo tempo que esta reproduzia preconceitos raciais.

Trata-se de um tema arrepiante que abre um dos melhores discos contemporâneos de rap, expondo o projeto de consciencialização empreendido por Baco.

Conheça mais sobre o rapper e leia a nossa análise detalhada do disco Bluesman.

14. Me Deixa Viver, Karol de Souza (2018)

Me Deixa Viver é uma música sobre diversidade e aceitação corporal, na qual Karol de Souza afirma a urgência de nos amarmos como somos. Trata-se de um desafio aos padrões de beleza vigentes que limitam e policiam os corpos "fora da norma".

A artista dá um show de amor-próprio, lembrando todos os seus fãs que existem inúmeras formas de alguém ser bonito e que não devem aceitar a "lavagem cerebral" feita pela moda e a mídia.

Mesmo que as capas de revista ainda vendam magreza
Cada dobrinha do meu corpo
E cada linha de expressão do meu rosto
São partes fundamentais da minha beleza
Tio, não é que o nosso cabelo arma
Nosso cabelo é uma de nossas armas
Pra combater esse estereótipo falido
Completamente ultrapassado

15. Bené, Djonga (2019)

Atualmente, é quase impossível não falar de Djonga. O jovem chegou aos tops com "sangue nos olhos", dotado de um grande talento e de rimas que não poupam críticas. Entre outros temas, seu trabalho se foca nas questões do racismo, da discriminação de classes e da violência.

Em Bené, segunda faixa do disco Ladrão (2019), Djonga reflete sobre o sistema do tráfico de drogas e o modo como garotos da periferia acabam se envolvendo nele. Como exemplo utiliza a figura de Bené, o famoso personagem do filme Cidade de Deus.

Anos atrás achava que era dono do mundo
Hoje entendi, irmão, que o mundo que é dono de mim
Briguei com a razão, pela lógica, emocionado
Até ver quem mal começou se encontrar com fim
Dizem que meu papo é muito profundo
Mano, é que eu mergulho pra nunca boiar
Somos grandes como oceanos, mas jamais pacíficos
Eu vou à luta Elis
Porra, viver é melhor que sonhar

Ao contrário do parceiro, Zé Pequeno, o bandido não era agressivo nem sedento de poder, apenas via no crime uma forma de sobrevivência. Djonga parece afirmar que esse é o caso de muitos brasileiros que acabam no tráfico porque procuram uma saída para a miséria.

No entanto, esse escape é ilusório e, mais cedo ou mais tarde, acaba em tragédia. Isso é visível no próprio destino de Bené que, no filme, ia deixar o tráfico e estava de partida quando morreu com uma bala perdida. Na música, o rapper alerta para os riscos dessa vida e as possíveis consequências fatais, repetindo no refrão: "Pega a visão, não vá se perder".

Se gostou do rap de Djonga, explore também a nossa análise do filme Cidade de Deus.

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Colocamos estes e outros sucessos do rap nacional em uma playlist cheia de ritmo e poesia. Escute abaixo:

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Carolina Marcello
Carolina Marcello
Mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartes e licenciada em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Apaixonada por leitura e escrita, produz conteúdos on-line desde 2017, sobre literatura, cultura e outros campos do saber.