Ópera de Arame em Curitiba: história e características


Rebeca Fuks
Rebeca Fuks
Doutora em Estudos da Cultura

Inaugurada em 1992, a Ópera de Arame é uma das maiores atrações turísticas de Curitiba, capital do Estado do Paraná. O monumento, de autoria do arquiteto paranaense Domingues Bogestabs, está inserido no Parque das Pedreiras, uma área natural com muitos lagos e vegetação nativa.

O edifício transparente, que possui capacidade para 1.572 espectadores, está entre os pontos turísticos mais visitados da cidade e acolhe uma série de espetáculos. Com uma estrutura inovadora - a construção é feita com tubos de aço e vidro - o projeto almeja integrar a obra à paisagem, trazendo o lado de fora para dentro da sala.

A Ópera de Arame é um exemplar da Arquitetura Moderna.

Opera de arame

A ideia de construir um espaço fechado surgiu por parte da prefeitura da época, que gostaria de evitar cancelamentos de eventos devido às intempéries climáticas.

Como o local escolhido possuía uma preciosa mata nativa, o desafio era erguer um edifício que não entrasse em conflito com o espaço ao redor.

A construção

Por incrível que pareça, a Ópera de Arame foi construída em somente 75 dias. O espaço pode abrigar 1.572 espectadores e ocupa um espaço de quatro mil metros quadrados.

O desejo inicial surgiu no ano de 1991 porque muitos eventos da cidade eram prejudicados por fenômenos climáticos. Com a repetição desse problema cada vez mais constante surgiu a ideia de erguer um espaço coberto.

A região onde está situada a Ópera de Arame era, de fato, uma pedreira, que pertencia à família Gava. A região, que estava bastante encoberta pela vegetação, foi descoberta por um assessor.

Assim que visitaram o espaço, surgiu na equipe a ideia de projetar um edifício transparente, que fosse capaz de trazer o lado de fora para dentro, como se a decoração das paredes fosse a própria natureza ao redor.

O projeto de arquitetura tira proveito da paisagem ao redor.
O projeto de arquitetura tira proveito da paisagem ao redor.

Seguindo os preceitos da arquitetura moderna, a vocação do prédio deveria ser estar integrada ao espaço e não parecer estranho a ele. Com uma estrutura circular, o objetivo maior era que o edifício não entrasse em conflito com a paisagem.

O projeto do edifício ganhou corpo durante o mês de setembro de 1991. A construção da Ópera de Arame foi feita a partir de vidros, estruturas metálicas e tubos de aço.

Parte da estrutura da Ópera de Arame composta por vidros, estruturas metálicas e tubos de aço.
Parte da estrutura da Ópera de Arame composta por vidros, estruturas metálicas e tubos de aço.

O material para a construção do espaço veio quase todo da região metropolitana de Curitiba. Mesmo antes da inauguração muitos visitantes frequentavam a região para observar a curiosa obra.

Para ter acesso à Ópera de Arame o visitante precisa caminhar por uma passarela sobre o lago. Esse detalhe da construção convida o visitante a desfrutar da paisagem ao redor e a observar o lado de um ponto de vista inesperado.

Geralmente estamos habituados a apreciar lagos observando a partir da margem, graças ao projeto de Domingues Bogestabs podemos experiencia-lo através de diversos ângulos, inclusive tendo como ponto de vista o seu centro. Além de desfrutar da vista lateral quando estamos sob a passarela, graças aos pequenos orifícios no piso também podemos contemplar a água por baixo dos nossos pés.

A passarela sobre o lago que dá acesso à Ópera de Arame.
A passarela sobre o lago que dá acesso à Ópera de Arame.

O autor do projeto

O responsável pelo projeto de arquitetura da Ópera de Arame foi Domingos Henrique Bongestabs (1941), um arquiteto e professor universitário nascido no Paraná.

Domingos Bongestabs, o arquiteto autor do projeto.
Domingos Bongestabs, o arquiteto autor do projeto.

Domingos atuou entre 1967 e 1995 como professor do departamento de arquitetura e urbanismo da UFPR e também foi docente da PUC do Paraná. Em paralelo ocupou cargos públicos no setor de planejamento urbano.

Em 1991 foi convidado por Jaime Lerner, então prefeito de Curitiba, para projetar o teatro.

Encontra-se disponível online uma entrevista com Domingos Bongestabs, o arquiteto responsável pelo projeto da Ópera de Arame:

A inauguração

O monumento foi concebido durante o mandato do prefeito Jaime Lerner e inaugurado no dia 18 de março de 1992.

A peça Sonho de Uma Noite de Verão, do autor inglês William Shakespeare, inaugurou o espaço. Dirigida por Cacá Rosset (responsável pelo Grupo Ornitorrinco), o espetáculo deu o pontapé inicial para o 1º Festival de Teatro de Curitiba.

O interior da Ópera de Arame

Os 1.572 lugares situados dentro da sala de espetáculos estão divididos da seguinte maneira:

  • 1.406 lugares localizados na plateia;
  • 136 assentos nos camarotes;
  • 18 espaços para pessoas com necessidades especiais;
  • 12 assentos para obesos.

Em relação às dimensões do palco, ele apresenta 21,3m de boca, 20,5m de caixa, 23,3m de profundidade e 6,65m de altura (boca de cena).

Já no princípio do projeto estava previsto para o subsolo da Ópera de Arame (o espaço situado abaixo das plateias) a construção de um restaurante, um espaço para exposições e banheiros para darem suporte ao público. Atualmente os espaços encontram-se em pleno funcionamento.

Opera de arame interior
O interior da Ópera de Arame.

Parque das Pedreiras

Um dos pulmões da região urbana de Curitiba, o parque que abriga a Ópera de Arame é um espaço de preservação ambiental que conta com mais de 100.000 metros quadrados de área.

Vista aérea do Parque das Pedreiras.
Vista aérea do Parque das Pedreiras.

O nome do parque foi dado pelo antigo prefeito Rafael Greca, que quis fazer uma referência ao fato da região estar repleta de rochas enormes.

Em 2012 o parque foi, através de uma concessão pública, abraçado por uma empresa da iniciativa privada que detém autorização para a exploração de concertos e apresentações.

Além da Ópera de Arame, no Parque também está situado o Espaço Cultural Paulo Leminski (o nome foi dado posteriormente em uma homenagem ao poeta curitibano). O Espaço Cultural Paulo Leminski foi inaugurado em 1989 e tem capacidade para abrigar 20.000 pessoas ao ar livre.

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Rebeca Fuks
Rebeca Fuks
Formada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2010), mestre em Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013) e doutora em Estudos de Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e pela Universidade Católica Portuguesa de Lisboa (2018).