Lobisomem: mito ou realidade? A história por trás da lenda

Laura Aidar
Laura Aidar
Arte-educadora, fotógrafa e artista visual
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A lenda do lobisomem é um mito conhecido em todo o mundo e se manifesta fortemente na cultura popular brasileira, integrando um conjunto de lendas do folclore.

Alguns podem se perguntar se os lobisomens existem, mas a verdade é que não. Esses seres são figuras vindas da mitologia greco-romana, tanto que o lobisomem também é chamado de licantropo, que em grego significa "lobo" e "humano".

Na história original, Zeus, o mais poderoso dos deuses gregos, converte Licaão em lobo, pois esse o havia contrariado e desafiado. Assim, essa história secular se tornou parte do imaginário no Ocidente.

Segundo o mito, essa é uma figura humana que se transforma em lobo nas noites de lua cheia e sai em busca de vítimas.

Ilustração de lobisomem feita em 1941 por Mont Sudbury
Ilustração de lobisomem feita em 1941 por Mont Sudbury

História do lobisomem

No Brasil o mito chegou por influência portuguesa e existem variações dele. Uma delas diz que o sétimo filho homem de um casal que só teve filhos homens está condenado a se tornar um lobisomem nas noites de lua cheia. Já em outra versão, o ser mítico viria no corpo do sétimo filho homem depois de seis mulheres.

Há ainda a crença de que lobisomem seja fruto de uma maldição que passa de pai para filho.

Outra versão diz que crianças que não foram batizadas também estariam sujeitas a se transformarem em lobisomens.

Segundo o mito, o homem que se transforma em lobisomem teria o rosto pálido, grandes orelhas e personalidade introvertida. Além disso, a transformação é prevista para acontecer no início da adolescência, aos 13 anos. Ao virar lobisomem, a fera sai a procura de vítimas para se alimentar de sangue.

O lobisomem na cultura brasileira

No Brasil, essa figura mítica já foi retratada em diversos filmes, peças de teatro, séries e romances.

Um exemplo é O Coronel e o Lobisomem, romance de 1964 de José Cândido de Carvalho, adaptado para o cinema em 1978 por Alcino Diniz. Mais tarde, em 2005, foi feito um remake da história com direção de Maurício Farias e roteiro de Guel Arraes e Jorge Furtado.

Mais recente é a série As Boas Maneiras, idealizada por Juliana Rojas e Marco Dutra, que traz a narrativa do lobisomem em uma roupagem atual e social.

Mesmo sendo um personagem assustador, ele surge também em produções voltadas para o público infantil. Livros, filmes e músicas apresentam o mito de maneira mais leve e divertida, como em histórias em quadrinhos da Turma da Mônica e músicas da Turma do Folclore.

A lenda do lobisomem como metáfora

Muitas vezes, o mito é usado como uma metáfora para tratar de questões mais complexas, existenciais e sociais.

Alguns temas que surgem em histórias sobre lobisomens são medo do desconhecido, a dualidade entre o "bem" e o "mal" e a perseguição a grupos marginalizados.

O personagem é usado ainda para abordar a transformação e a violência que emergem no comportamento humano, sobretudo masculino, além de entre outras perspectivas que se relacionam ao ato de dominar e controlar a agressividade.

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Laura Aidar
Laura Aidar
Arte-educadora, artista visual e fotógrafa. Licenciada em Educação Artística pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e formada em Fotografia pela Escola Panamericana de Arte e Design.