Tarsila do Amaral e seu legado artístico na cultura brasileira
Quando se fala em arte brasileira, um dos primeiros nomes que vem à mente é o de Tarsila do Amaral. E isso não é por acaso, a artista foi realmente uma das personalidades de maior destaque no cenário das artes plásticas brasileiras do século XX.
Vista como uma das mulheres responsáveis por uma transformação significativa na maneira como a arte era produzida em nosso país, Tarsila deixa um importante legado ao afirmar e valorizar a cultura nacional.
A artista é a cara do Brasil, tanto que a marca de camisetas estampadas Chico Rei, que adora uma brasilidade, acaba de lançar uma coleção dedicada à Tarsila.
Juventude e modernismo
A artista nasceu no interior de São Paulo em 1886, dois anos antes da independência do país. Veio de uma família tradicional, tendo uma educação privilegiada e, com o apoio dos pais, decidiu se dedicar à arte, indo estudar na Europa ainda na adolescência.
Retornando ao Brasil, Tarsila se casa e tem uma filha. O marido não a apoiava na carreira artística e sustentava a ideia de que uma esposa deveria se dedicar apenas ao lar. Por esse motivo ela resolve se divorciar, atitude corajosa para uma mulher de seu tempo.
Nas artes, investiga a cultura brasileira, buscando aliar seus conhecimentos e técnicas das vanguardas europeias - como o cubismo - aos temas de seu país. Tarsila então se une a outros artistas modernistas, como Anita Malfatti, Oswald de Andrade e Mario de Andrade para propor uma arte que represente o que eles entendiam como reflexo do Brasil.
Mesmo não participando da Semana de Arte Moderna de 1922, pois estava estudando na França e chegou meses depois, a artista tornou-se um ícone do movimento modernista brasileiro.
Sua produção é vasta e pode ser dividida em três fases, a fase pau-brasil, antropofágica e social.
Fase Pau-Brasil: à procura de uma estética nacional
Pau-brasil é o nome da primeira fase artística de Tarsila, que vai de 1924 a 1928. Esse momento recebeu o nome da árvore símbolo do território brasileiro, pois apresentava pinturas cujo intuito era exaltar os elementos genuinamente nacionais.
Foi depois de uma viagem à Minas Gerais que Tarsila se encantou por uma paleta cromática autêntica e original que ela chamou de “cores caipiras”.
Ela se dedica então a pintar o Brasil rural e urbano usando técnicas cubistas que aprendeu na França.
Um dos trabalhos de destaque da fase pau-brasil é A cuca, que exibe a fauna, flora e folclore do país.
A camiseta Tarsilas da Chico Rei exibe quatro obras da artista, sendo uma dela justamente A cuca, essa personagem tão conhecida de nosso folclore.
Nessa época Tarsila afirma apaixonadamente seu desejo de representar o Brasil. Ela diz:
Quero ser a pintora de meu país.
A frase emblemática é usada na Camiseta Insta Tarsila, que faz uma brincadeira imaginando como seria o Instagram da artista nos dias de hoje.
Fase antropofágica: devorar as influências para devolver brasilidade
A obra mais famosa de Tarsila, que se tornou um ícone da cultura brasileira, é Abaporu, pintada em 1928. É a partir desse trabalho que se inicia a fase antropofágica, que dura até 1930.
A pintura traz uma figura humana com formas agigantadas e disformes em um cenário tipicamente tropical, com um céu azul sem nuvens e um grande cacto com uma flor amarela que também representa o sol.
Oferecido como um presente para Oswald de Andrade, com quem era casada na época, o quadro ganhou o nome de Abaporu, pois é a união das palavras tupis aba (homem), pora (gente) e ú (comer). Assim, seu significado é “homem que come gente” ou “homem antropófago”.
A ideia era justamente destacar a importância de valorizar uma arte própria no Brasil, devorando as influências externas e criando algo inteiramente novo que representasse a cultura tão rica e diversa do nosso povo.
Fase social: arte como retrato da sociedade e posicionamento político
A década de 30 foi marcada por crises, autoritarismo e muitos conflitos no Brasil e no mundo. Para Tarsila, esse foi um momento de aprofundamento nos temas sociopolíticos, evidenciando um amadurecimento de consciência social.
Nessa época ela já havia se separado de Oswald e tinha um relacionamento com o médico Osório César. O casal viaja para a União Soviética, onde a artista realiza uma exposição e participa de conversas sobre questões importantes como a desigualdade e exploração do trabalho.
Tarsila ficou tocada pela causa operária e se envolveu com o Partido Comunista ao retornar ao Brasil, chegando inclusive a ser presa por um mês sob acusação de ser “esquerdista”.
É dessa época a incrível tela Operários (1933), uma obra crítica que retrata a enorme diversidade étnica do Brasil, trazendo pessoas de tons de pele e feições variadas que formam a massa de trabalhadoras e trabalhadores das fábricas brasileiras.
A icônica obra de Tarsila é retratada na bandeira decorativa Os operários, também presente na nova coleção da Chico Rei, prestando uma homenagem a toda classe trabalhadora.
Conteúdo patrocinado pela Chico Rei
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