Ziraldo não é só um escritor e jornalista. Com múltiplos talentos, o artista também se reinventou como cartunista, pintor, caricaturista, chargista e ilustrador.
Com certeza você já esbarrou com uma obra dele ao longo da vida - quem é que não conhece o famoso Menino Maluquinho?
Conheça agora mais sobre a biografia e as obras desse criador ímpar.
Biografia de Ziraldo
A origem do artista: a família e a vida na cidade do interior
Ziraldo Alves Pinto nasceu em Caratinga (interior de Minas Gerais), no dia 24 de outubro 1932, filho de dona Zizinha e do seu Geraldo. Além de Ziraldo, Zizinha e Geraldo também tiveram outro filho: Zélio Alves Pinto (1938), irmão do artista, é também jornalista, cartunista e escritor.
Uma curiosidade: o nome de Ziraldo é resultado de uma mistura original dos nomes da mãe e do pai do artista.
Com apenas seis anos de idade, Ziraldo fez um desenho que foi divulgado no jornal Folha de Minas - corria o ano de 1939.
Dez anos mais tarde, em 1949, se mudou para o Rio de Janeiro com o avô tendo regressado dois anos depois para Caratinga.
Início da carreira
Aos dezessete anos Ziraldo publica o seu primeiro cartoon na revista A Cigarra, aonde fará mais colaborações) e se muda para o Rio de Janeiro onde começa a divulgar os seus trabalhos nas publicações Vida Infantil, Vida Juvenil e Sesinho.
Durante a graduação colabora mensalmente com a revista Era uma vez. Em 1954 inicia uma parceria com o jornal Binômio e com a Folha de Minas, substituindo o caricaturista Borjalo.
Ascensão na carreira
Três anos mais tarde, já vivendo no Rio de Janeiro, passa a trabalhar para a revista O Cruzeiro. Seu personagem Pererê faz tanto sucesso que o periódico decide lançar uma revista só dedicada à ele.
Em 1963 vai para o Jornal do Brasil e, no ano a seguir, também trabalha na revista Pif-Paf.
Carreira internacional
Em 1968 seu trabalho passa a fazer sucesso internacional e começa a ser publicado em revistas no exterior.
As obras de Ziraldo vão aos poucos sendo traduzidas para inglês, espanhol, italiano, francês, coreano e basco.
Participação em O Pasquim
Ziraldo foi um dos colaboradores do famoso jornal O Pasquim, lançado em 1969, em plena ditadura militar.
Em entrevista concedida à Revista Cult Ziraldo comentou sobre esse período da vida:
Ter tido o Pasquim na minha vida para atravessar os chamados anos de chumbo foi um privilégio. Foi uma experiência válida e inserida no contexto, foi mesmo. (...) era o que a vida podia me oferecer para que eu a seguisse construindo naquele momento.
O ingresso no universo da literatura infantil
A partir do final dos anos setenta, impulsionado pelo lançamento de Flicts (1969), Ziraldo passa a se dedicar mais à literatura infantil.
É especialmente entre os mais jovens que ele começa a ser reconhecido e começa a orientar a sua carreira produzindo material para esse público específico.

Formação acadêmica
Em 1952 Ziraldo entrou para a Faculdade de Direito da UFMG tendo se formado em 1957, embora jamais tenha exercido.
Para produzir o seu material artístico, Ziraldo não teve nenhum tipo de educação formal tendo sido um autodidata influenciado pelos grandes nomes do humor como Ronald Searle, André François, Manzi e Steinberg. Em termos de artes plásticas, Ziraldo cita como principais influências Picasso, Miró e Goya.
Prêmios recebidos por Ziraldo
Ziraldo foi laureado com o Prêmio Merghantaller, o Prêmio Hans Cristian Andersen, o Prêmio Jabuti e o Prêmio Caran D`Ache.
Recebeu também o Prêmio Ibero-americano de Humor Gráfico Quevedos, o Prêmio Internacional do Salão de Caricatura de Bruxelas e o Prêmio da Imprensa Livre da América Latina.
Vida pessoal
Em 1958 Ziraldo se casou com Vilma Gontijo Alves Pinto após sete anos de namoro. O casal teve três filhos (Daniela Thomas - a cineasta -, Fabrizia e Antônio - compositor).
Vilma faleceu aos 66 anos depois de mais de quatro décadas de união. Abalado com a perda e sem saber como abordar o assunto da morte com a neta Nina, Ziraldo escreveu o livro Menina Nina: Duas razões para não chorar (2002).

Obras principais de Ziraldo
Ao longo da extensa carreira, Ziraldo deu vida a uma série de sucessos. Essas são as suas principais obras:
- Flicts (1969)
- O Menino Maluquinho (1980)
- O Bichinho da Maçã (1982)
- O menino mais bonito do mundo (1983)
- O menino marrom (1986)
- O menino quadradinho (1989)
- Menina Nina - duas razões para não chorar (2002)
- Os meninos morenos (2004)
- O menino da Lua (2006)
Os personagens do Ziraldo
A turma do Pererê
O primeiro personagem de sucesso do criador foi Pererê, protagonista das histórias em quadrinhos que era publicado pela revista O Cruzeiro e ganhou uma revista própria entre 1960 e 1964.
A revista A turma do Pererê foi a primeira revista em quadrinho brasileira a cores e de autoria de um só criador.
A turma do Pererê, no entanto, não agradou o regime militar e chegou a ser censurada mesmo depois de fazer enorme sucesso.
Ziraldo enfatizava nessa publicação - e em uma série de outras posteriores - personagens brasileiros, ajudando a divulgar a cultura nacional utilizando personagens do folclore brasileiro.
Alguns dos seus personagens são o jabuti Moacir, os índios Tininim e Tuiuiú e a onça Galileu.
O Menino Maluquinho
Era uma vez um menino que tinha o olho maior que a barriga, fogo no rabo e vento nos pés, umas pernas enormes (que davam para abraçar o mundo) e macaquinhos no sótão (embora nem soubesse o que significava macaquinhos no sótão). Ele era um menino impossível!
O personagem mais conhecido de Ziraldo é, sem dúvidas, o Menino Maluquinho.
O garoto cheio de energia, quase sempre incompreendido pelo resto do mundo, anda com uma panela na cabeça espalhando a sua inquietação por onde passa.
Criado durante os anos oitenta em formato de revista em quadrinho, a sua figura atravessou gerações e ganhou os mais diversos meios (televisão, cinema e teatro).
Entrevista de Ziraldo
Se quiser mais sobre o percurso do escritor e desenhista confira a longa entrevista dada para a TV Assembleia em 2017:
Adaptações para o cinema e a televisão
Alguns dos sucessos de Ziraldo foram adaptados tanto para o cinema quanto para a televisão e para o teatro.
As obras adaptadas até o momento para o audiovisual foram: O Menino Maluquinho (1995 e 1998), Uma professora muito maluquinha (2011) e A turma do Pererê (2018).
Relembre o trailer do primeiro filme Menino Maluquinho:
Frases de Ziraldo
Todos os canalhas foram crianças infelizes.
Somos todos iguais, cheios de problemas e dificuldades e dores na coluna e carências afetivas.
Não existe humor sem uma certa crueldade, embora exista muita crueldade sem humor.
Quem não leva a vida na brincadeira, não sabe o gosto que é brincar, a pessoa fica adulta e logo fica velhinha, depois, não sei mais o que acontece.
Adulto vive tendo saudades da vida que passou. Criança tem saudades do futuro.
Conheça também: