Thriller policial no top 10 da Netflix tem trama arrepiante que não vai te deixar piscar nem por um minuto
O cinema indonésio continua a surpreender com produções que vão além do mero entretenimento, entregando obras que exploram aspectos profundos da cultura e sociedade locais. Um exemplo notável desse fenômeno é Fronteira Sombria (Kabut Berduri), o mais recente trabalho do aclamado diretor Edwin.
Este filme, lançado em 2024 e que acaba de chegar ao Top 10 da Netflix, mergulha o público em um thriller policial repleto de ação e uma pitada de misticismo que só o cenário exótico e enigmático de Kalimantan poderia oferecer.
A trama segue a trajetória de Sanja Arunika, interpretada com intensidade por Putri Marino, uma detetive de alta patente que é transferida de Jacarta para Kalimantan, uma região remota na fronteira entre a Indonésia e a Malásia.
A missão de Sanja não é simples: ela precisa desvendar uma série de assassinatos brutais que vêm aterrorizando a comunidade local. No entanto, à medida que ela se aprofunda nas investigações, Sanja percebe que os crimes não são meros atos de violência. Eles parecem estar enraizados em algo muito mais sombrio e complexo, ligado tanto ao folclore local quanto a uma rede de tráfico de pessoas.
Edwin constrói a narrativa de Fronteira Sombria com uma mistura de realismo cru e elementos sobrenaturais, criando uma atmosfera de constante tensão. A cinematografia aproveita ao máximo as paisagens densas e sufocantes de Kalimantan, capturando tanto a beleza quanto o isolamento opressivo da região.
É nesse ambiente hostil que Sanja Arunika se vê forçada a enfrentar não apenas os perigos físicos representados pelos criminosos que persegue, mas também os fantasmas do passado e as lendas locais que começam a mexer com sua sanidade.
Putri Marino entrega uma atuação visceral a uma personagem complexa, marcada por traumas pessoais e pela pressão de carregar o peso de uma investigação que a consome. Sua Sanja é uma figura que tenta se manter inabalável diante dos horrores que encontra, mas que aos poucos se deixa envolver pela escuridão da floresta e pelos segredos que ela esconde.
Outro ponto forte de Fronteira Sombria é a crítica social inserida de maneira sutil, mas contundente. Edwin usa a corrupção e a incompetência da polícia local como pano de fundo para comentar sobre as falhas recorrentes que permeiam não apenas o sistema de justiça, mas também a sociedade indonésia em um nível mais amplo.
O tráfico de pessoas, um dos temas centrais do filme, é apresentado de forma brutal e honesta, sem concessões. Isso dá à narrativa um peso ainda maior, fazendo com que o espectador reflita sobre as realidades que muitas vezes são ignoradas ou desconhecidas pelo grande público.
O elemento místico do folclore é outro aspecto que enriquece a história. Sem nunca se sobrepor à investigação policial, essas crenças e lendas locais criam uma camada adicional de mistério, desafiando a racionalidade da protagonista e levando o público a questionar o que é real e o que é fruto da imaginação ou do medo.
Fronteira Sombria é um filme que desafia as convenções do gênero policial, oferecendo uma experiência que vai além da simples resolução de um mistério. Para aqueles que buscam um filme que vá além do óbvio, que provoque e instigue, Fronteira Sombria é uma obra imperdível.