O saci-pererê, ou apenas saci, é um dos personagens do folclore brasileiro mais conhecidos no país. Segundo a lenda, ele surge na figura de um garoto negro que usa uma carapuça vermelha na cabeça, fuma um cachimbo e tem apenas uma perna.
A história do saci se originou no sul do Brasil no começo do século XIX entre os povos indígenas, sendo que o nome "pererê" significa em tupi "andar aos saltos", como é próprio do saci, que, por ter uma perna só, anda pulando.

Travesso e brincalhão, sua carapuça lhe confere poderes fantásticos. Assim, ele realiza pequenas brincadeiras no ambiente doméstico e com viajantes. Ele pode, por exemplo, distrair as cozinheiras, fazendo com que as comidas se queimem, trocar o sal pelo açúcar e fazer tranças nas crinas dos cavalos.
Seu assobio é agudo e assustador e ele consegue se locomover rapidamente dentro de redemoinhos. Esse ser mítico é visto também como um "guardião da natureza", pois vive nas matas.
Sua figura é associada à criatividade, esperteza, malícia e irreverência, traçando ainda um paralelo entre as culturas indígenas e afrobrasileira.
O saci na cultura brasileira
O saci começou a ser mais conhecido em território nacional a partir de uma pesquisa e publicação de Monteiro Lobato no Jornal O Estado de São Paulo, em 1917. O trabalho literário deu origem ao seu primeiro livro, O Saci-Pererê: resultado de um inquérito.
Ele também escreveu sobre o tema no livro infantil O saci, que faz parte da série de histórias que se passa no Sítio do Picapau Amarelo.
Esse icônico personagem apareceu depois em diversas produções culturais relevantes, como nas histórias quadrinhos de Ziraldo, com a Turma do Pererê, em 1958. Além disso, surge na Turma da Mônica, de Maurício de Souza.

No cinema, aparece no filme O Saci, primeira adaptação do livro de Lobato, em 1951. Mais tarde também seria representado em outras obras inspiradas na literatura do escritos, como nas séries de televisão Sítio do Picapau Amarelo.
A mais recente aparição do personagem nas produções culturais brasileiras aconteceu na série Cidade Invisível, lançada pela Netflix em 2021.
Já na música, o compositor Heitor Villa-Lobos criou Saci, obra em homenagem a esse ser do folclore. Mas antes disso, em 1909, Chiquinha Gonzaga já havia feito referência à lenda em Saci-pererê.
Outras canções foram feitas citando o saci, de músicos como Gilberto Gil, Jorge Benjor, Carlinhos Brown, Baiana System, entre outros.
Confira abaixo o clipe da música Saci, da banda Baiana System.
Dia do Saci
O saci se tornou tão relevante na cultura folclórica do Brasil que em 2005 foi criado o Dia do Saci nos estado de São Paulo. A data também é comemorada na capital do Espírito Santo e em algumas cidades mineiras e cearenses.
O dia escolhido foi 31 de outubro, uma maneira de valorizar a cultura nacional, já que na mesma data ocorre o Halloween, uma festa estrangeira que se espalhou pelo país.
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