Um dos mais celebrados clássicos da literatura portuguesa, O primo Basílio, pertence ao Realismo. O romance, escrito por Eça de Queiroz, conta a história do triângulo amoroso composto por Jorge, Luísa e Basílio.
Resumo
Jorge é um jovem engenheiro lisboeta de boa família. Luísa pertence igualmente a burguesia abastada de Lisboa. Após a morte da mãe de Jorge, o rapaz encanta-se com Luísa e rapidamente decidem casar-se.
Juntos fazem um típico casal privilegiado com um cotidiano monótono e previsível.
O cenário muda quando Jorge viaja à trabalho para o Alentejo e Luísa recebe a visita do primo Basílio. Além de primo, Basílio foi namorado de Luísa durante a juventude, antes de se mudar para Paris.
Luísa e Basílio desenvolvem, então, um caso extraconjugal. A fim de tornarem a relação mais discreta, alugam um quarto que intitulam Paraíso, no subúrbio de Lisboa.
Apesar da cautela dos amantes, a empregada Juliana flagra o caso, consegue obter algumas cartas trocadas entre o par e chantageia a patroa.
Quando Jorge volta da viagem, estranha o comportamento da empregada e decide demiti-la. A partir de então, as chantagens se intensificam e Luísa não vê outra alternativa se não pedir ajuda a um amigo.
Sebastião - o amigo - pressiona Juliana e consegue obter as tais cartas de volta. Desesperada por perder a oportunidade de crescimento financeiro, a empregada entra em colapso e morre. Luísa, por sua vez, adoece.
Enquanto Luísa padece da doença, Jorge descobre uma carta da esposa trocada com o amante Basílio e toma conhecimento de tudo o que se passou no Paraíso. Paciente, ele espera até a cura da mulher para confrontá-la com o achado.
Quando finalmente confrontada, Luísa, aflita, adoece novamente e, por fim, morre.
O Realismo em Portugal
Entre os anos de 1865 e 1890 reinou o movimento Realista em Portugal. A nova geração de artistas, composta inicialmente por duzentos estudantes do ensino superior de Coimbra, atacou o movimento anterior, o Romantismo.
Os então estudantes carregavam ideias inspiradas em Proudhon, Quinet e Taine.
O Realismo tem origem francesa e pregava a partida um anti-romantismo, isto é, se interessavam por uma objetividade (o que importa é o objeto, o não-eu). O desejo era eliminar a sentimentalidade romântica, investindo na razão como único possível acesso à realidade.
O racionalismo era, portanto, uma das características centrais do movimento. O culto à ciência também era um traço central dos realistas.
Politicamente os realistas se alinhavam com os republicanos e socialistas, eram, via de regra, antimonárquicos, antiburgueses e anticlericais.
Sobre a criação do livro
O romance O primo Basílio foi escrito entre setembro de 1875 e setembro de 1877, embora apenas tenha sido publicado em 1878. No mesmo ano, Eça de Queiroz quis realizar alterações no texto e lançou uma segunda edição revista.
Personagens principais
Luísa
Lisboeta, burguesa e fútil, Luísa passa os dias as voltas com afazeres domésticos e leituras de romances. Casa-se subitamente com Jorge, um engenheiro. Sua vida cotidiana é marcada pelo tédio até a visita do antigo namorado, Basílio.
Jorge
Jorge é engenheiro de formação. Perde a mãe e resolve logo a seguir se casar com uma boa mulher. Assim que conhece Luísa, decide contrair o matrimônio.
Basílio
Primo de Luísa, Basílio também era um antigo namorado que vivia em Paris. Ao retornar a Portugal, reencontra Luísa e passa a viver com ela um caso extraconjugal.
Juliana
De origem humilde, é filha de engomadeira e trabalha como empregada na casa de Luísa e Jorge. Ao descobrir o caso extraconjugal da patroa com Basílio, Juliana passa a exercer chantagens para ganhar alguns privilégios.
Uma outra forma de conhecer a história
A adaptação para o cinema de O primo Basílio
O romance português ganhou uma adaptação brasileira para o cinema feita pelo diretor Daniel Filho. O roteirista responsável pela adaptação foi Euclydes Marinho.
Lançado em 2007, a película conta com atores de peso como Glória Pires (no papel de Juliana), Débora Falabella (no papel de Luísa), Fábio Assunção (no papel de Basílio) e Reynaldo Gianecchini (no papel de Jorge).
O filme se encontra disponível na íntegra:
A adaptação para a televisão de O primo Basílio
A minissérie, produzida pela Rede Globo, é anterior ao filme e foi ao ar entre 9 de agosto de 1988 e 2 de setembro de 1988. Os episódios foram reexibidos pelo Canal Viva entre 28 de outubro e 18 de novembro de 2013.
O romance de Eça de Queiroz foi adaptado para a televisão por Gilberto Braga e Leonor Bassères, com direção de Daniel Filho.
Na televisão, Marcos Paulo interpretou Basílio, Giulia Gam interpretou Luísa, Marília Pêra interpretou Juliana e Tony Ramos interpretou Jorge.
Está curioso para ver o resultado final da adaptação?
Sobre Eça de Queiroz
José Maria Eça de Queiroz nasceu em 25 de novembro de 1845, em Póvoa de Varzim, no berço de uma família culta e abastada. Formou-se em Direito em Coimbra e começou a carreira escrevendo folhetins.
Além de advogado e escritor, atuou como jornalista, político (foi administrador do concelho em Leiria) e diplomata (esteve em serviço em Havana, Bristol - Inglaterra - e encerra a carreira em Paris).
Eça de Queiroz e Machado de Assis foram contemporâneos e referências incontornáveis para a literatura dos seus países. Os dois são considerados pais da ficção portuguesa e brasileira, respectivamente.

Outros clássicos do autor
Eça de Queiroz também é celebrado por ter publicado, entre outros títulos, Os Maias (1888), O crime do padre Amaro(1875), A Cidade e as Serras (1892) e A ilustre casa de Ramires (1897).
O primo Basílio disponível na íntegra
O romance de Eça de Queiroz está em domínio público. Explore o texto na íntegra: O primo Basílio.