Art Nouveau, ou Nova Arte, foi um movimento das artes que desenvolveu-se na Europa e nos Estados Unidos na última década do século XIX e início do século XX, chegando também a outros países.
Relaciona-se mais precisamente com a arquitetura, mobiliário, decoração e design, ou seja, com a arte aplicada ao cotidiano e às funções utilitárias.
Esse estilo abarca tendências distintas, como a arte oriental e as iluminuras medievais aliadas ao carácter industrial que consolidava-se na Europa.
Origens da Art Nouveau
Essa nova maneira de pensar o caráter estético dos ambientes e objetos surge como uma forma de aproximação da indústria com as artes, buscando dar uma aparência mais artesanal ao design, decoração e arquitetura.
Isso porque havia o receio de que o processo de industrialização abafasse ou "vulgarizasse" as produções arquitetônicas e de objetos. O que, de fato, já estava ocorrendo.

Ainda em 1835 foram idealizadas pelo governo britânico escolas de desenho com o intuito de aperfeiçoar o acabamento de objetos produzidos em larga escala, harmonizando-os com a arte.
Ao mesmo tempo, apareceram artistas e críticos que sugeriam a volta das práticas manuais da Idade Média. John Ruskin e William Morris tinham a expectativa de que assim houvesse uma reestruturação da arte.
Entretanto, devido à grande dificuldade da retomada de um trabalho minucioso, dado o contexto histórico após a Revolução Industrial, desenvolveu-se um tipo de trabalho artístico automatizado.
Surge então, idealizado por Morris, o Movimento das Artes e Ofícios, em seu nome original Arts and Crafts. O movimento deu suporte aos artistas para que pudessem desenvolver projetos de objetos que seriam executados em série pela indústria.
Eis que a Art Nouveau ganha corpo em 1890. Essa tendência tinha como base o Movimento das Artes e Ofícios, assim como influências japonesas e medievais.
Apesar de mais conhecida como Art Nouveau, recebeu em alguns países nomes distintos.
Na França, além da denominação habitual, foi chamada também de Modern Style; na Alemanha ficou conhecida como Jugendstil (que pode ser traduzida como "estilo da juventude"); já a Itália intitulou a tendência como Stile Floreale ou Stile Liberty.
Características da Art Nouveau
Essa vertente artística se caracteriza pelo retorno a uma arte que aparentava ser mais artesanal, elaborada e pensada. Entretanto, se valia da industrialização para uma produção mecanizada.
Os artistas queriam trazer a natureza para a vida cotidiana, explorando elementos da botânica, fauna e flora.
A elegância estava presente na ornamentação de fachadas, decoração de interiores, prédios, objetos e mobiliário. O uso de novos materiais como o vidro, ferro e cimento trazem modernidade ao passo que quebram com a construção estética clássica e histórica.
Há o abuso de formas sinuosas, ondulantes e assimétricas, assim como influência da arte oriental, sobretudo japonesa, da arte medieval, barroco e rococó.
Art Nouveau na arquitetura
O estilo Art Nouveau encontrou na arquitetura um suporte sólido para expressar-se.
Servindo-se de materiais como vidro e ferro, que já eram utilizados em projetos arquitetônicos ferroviários e industriais, os artistas criaram um novo leque de possibilidades estéticas ornamentais.

O padrão que se seguia era o de formas orgânicas, ricamente elaboradas para imitar a natureza. Assim, o ferro oferecia a estrutura necessária para sugerir galhos de árvores e torções vegetais, ao passo que o vidro conferia leveza, frescor e modernidade.
Um arquiteto de grande destaque nessa linguagem foi o belga Victor Horta (1861-1947). Através da arte japonesa, ele foi influenciado a repensar a simetria e aventurar-se em formas curvilíneas e sinuosas.
Entretanto, Horta conseguia conciliar essas características com um estilo moderno que trouxe novo vigor à arquitetura.
Outras pessoas importantes para a arquitetura dessa época foram o espanhol Antoni Gaudí (1852-1926) e o francês Hector Guimard (1867-1942).
Art Nouveau na pintura, artes gráficas e design
Para além dos ambientes, a Art Nouveau estava presente nas artes gráficas e na pintura, além do design.
Artistas como Walter Crane (1845-1915) e Kate Greenaway (1846-1901) realizaram ilustrações para livros infantis se valendo do novo estilo. O livro A Bela e Fera foi ilustrado por Crane, que também desenhou temas para estamparia.
Kate produziu também ilustrações infantis e desenhos para cartões de felicitações e dia dos namorados. Ela foi bem reconhecida como ilustradora de livros para crianças.

Henri de Toulouse-Lautrec (1864-1901), artista francês, colaborou para as artes gráficas criando diversos cartazes publicitários com características da nova arte.
Já na pintura, temos Gustav Klimt (1862-1918) como um dos maiores representantes.
Aluno da Escola de Artes e Ofícios de Viena, Klimt criava obras com caráter decorativo, cheias de arabescos, figuras femininas e predominância da cor dourada, o que de certa forma se assemelhava à arte bizantina.

A nova arte se revelou no design tanto de objetos utilitários como decorativos.
Assim, na vertente da joalheria temos o francês René Lalique (1860-1945), que criou verdadeiras obras de arte se valendo de pérolas, pedras preciosas, esmalte, vidro, marfim e outros elementos a fim de produzir peças inspiradas na fauna e na flora.

Émile Gallé (1846-1904) foi um ceramista, vitralista e marceneiro focado em objetos utilitários como jarros de vidro e mobiliário.
Também utilizando o mobiliário como suporte de sua arte temos o belga Henry van de Velde (1863-1957).
Ambos, assim como os outros artistas dessa vertente, abusaram de linhas sinuosas e inspiração nas formas orgânicas.
Um nome importante do movimento nos EUA foi Louis Comfort Tiffany (1848 a 1933), que dedicou-se à produção de janelas, mosaicos, cerâmicas e outros artefatos.
Art Nouveau no Brasil
No Brasil, a Art Nouveau apresenta sinais no norte do país, indo ao encontro do ápice da produção da borracha (1850-1910). Revela-se na residência de Antonio Faciola, homem da aristocracia local. Nessa região, paradoxalmente, esse estilo se mescla a elementos regionais como a arte marajoara.
No Rio de Janeiro, um edifício que se destaca é o da Confeitaria Colombo, inaugurada em 1894.

Em São Paulo essa vertente também tem seu lugar. Projetado em 1902 por Carlos Ekman (1866-1940), o edifício onde hoje encontra-se a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP) é um dos prédios que representam o Art Nouveau no país.
Ainda em São Paulo há Victor Dubugras (1868-1933), que elaborou projetos arquitetônicos com inspiração no estilo europeu. Um exemplo é a casa de Horácio Sabino, localizada na Avenida Paulista esquina com a Rua Augusta.
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